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Queimada na região do Pantanal (Foto: Chico Ribeiro/Divulgação)

 

O uso do fogo para controle de pastagens está entre queimadas permitidas pelo governo, a partir da autorização dos órgãos de fiscalização. Entretanto, apesar de ser legal, pode original incêndios descontrolados. Por isso, na avaliação da organização não-governamental, National Wildlife Federation (NWF), o decreto que proíbe qualquer tipo de queimada por 120 dias na Amazônia e no Pantanal não é suficiente para evitar o uso irregular do fogo.

De acordo com Francisco Beduschi, especialista em agronegócio sustentável na NWF, a moratória das queimadas, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro, é positiva do ponto de vista da preservação ambiental, porque proíbe novas queimadas que seriam autorizadas pelo governo, mas não conscientiza o agropecuarista sobre os riscos do fogo descontrolado.

Ele exemplifica que as queimadas que estão acontecendo atualmente no Pantanal são agravadas pela seca, mas têm origem na ação humana. 

Diante do fato de que já havia o anúncio, desde o início do mês, que haveria a moratória da queimada, e o fogo ocorre após esse anúncio, trata-se de uma queimada ilegal

Francisco Beduschi, especialista em agronegócio sustentável na NWF

Citando a região de Poconé (MT), Beduschi diz que a seca do começo do ano resulta em maior quantidade de matéria orgânica para ser queimada. Mas o fogo espontâneo não é característico da região “e quando você perde o controle, ele vai queimando tudo mesmo”.

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Celeridade maior por parte dos governo estaduais e municipais para regularização ambiental também é uma cobrança feita pela ONG. Além da validade do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para reconhecimento de posse da área degradada, a aplicação rigorosa de multas seria uma forma de penalizar as queimadas não controladas. “Quando o produtor vê o prejuízo econômico, serve de exemplo”, enfatiza Francisco Beduschi.

Assistência técnica

Para o especialista em agronegócio sustentável, o decreto que dura quatro meses também é interessante pelo viés mercadológico. Compradores internacionais podem continuar comprando carne produzida nas regiões sem haver vínculo com o impacto ambiental. Todavia, melhor que ações paliativas, seria investir em assistência técnica.

“O que a gente deveria estar atento é que somente o decreto não é o suficiente. É preciso que haja ações de combate e ações de assistência técnica e apoio ao produtor para que ele troque a queimada por práticas mais sustentáveis’, sugere Beduschi.

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Difusão de tecnologias e acesso ao técnicos de campo são fatores que têm diminuído as chances de os produtores conhecerem e colocarem em prática ações mais sustentáveis. “O que não tem acontecido é essa tecnologia chegar a campo. Esse vácuo acontece porque não tem técnicos nas regiões mais remotas ou porque os produtores não têm renda para pagar este técnico”, Beduschi alerta.

A falta de apoio técnico prejudica a produtividade no campo. Segundo ele, no bioma amazônico, há casos de 3 ou 4 arrobas/hectare ao ano, a metade do necessário para o produtor se manter na atuação. “O ideal é chegar a 30 arrobas/hectares por ano, só com suplementação de pasto, sem confinamento. Mas sem assistência técnica e informação não é possível”, enfatiza.

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Alternativa ao fogo

Já utilizada por alguns produtores e de conhecimento na área acadêmica, uma das técnicas indicadas por Beduschi é a adoção de fungos para o controle da cigarrinha da pastagem, inseto que suga a seiva da pasto. Segundo ele, quando há muita incidência, o produtor costuma queimar o pasto na época seca do ano e quando a chuva volta a praga está controlada.

“Quando a pastagem volta, ela volta num verde bonito, mas a prática é muito danosa porque acaba com a micro flora e fauna essenciais do solo e você queima uma matéria seca que poderia ser aproveitada pelo gado. O fungo que pode ser espalhado pela pastagem, mantendo o gado lá e controlando a cigarrinha de forma mais natural, sem danos.”

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Source: Rural

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