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Cota de exportação de açúcar para os Estados Unidos é atendida pela região Nordeste (Foto: Ernesto de Souza/Ed. Globo)

 

Os Estados Unidos abriram uma cota adicional de 64,694 mil toneladas para exportações de açúcar bruto brasileiro. A medida começou a valer no dia 9 de abril e vigora até o dia 30 de setembro, quando termina o ano fiscal norte-americano, de acordo com comunicado da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil. Segundo o informe, com o adicional, a cota das usinas brasileiras no atual ano fiscal ficará em torno de 230 mil toneladas.

Ao todo, o governo dos Estados Unidos abriu cota adicional de açúcar para 26 países, dos quais o Brasil foi o principal beneficiado. O volume é praticamente o dobro do autorizado para a Austrália, que recebeu a segunda maior. O adicional para todos os beneficiados é de 317,515 mil toneladas da commodity, de acordo com o comunicado da Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla, em inglês). (veja tabela abaixo).

“O USTR baseou a distribuição no histórico de embarques dos países para os Estados Unidos. A distribuição está condicionada a documentos para a verificação apropriada das origens e certificados de elegibilidade de cotas devem acompanhar as importações de qualquer país para os quais essa distribuição foi provida”, informa o USTR, na nota.

Em entrevista por telefone à Globo Rural, o cônsul geral dos Estados Unidos na Região Nordeste, John Barrett, afirmou que o fato do Brasil receber a maior parte dessa cota adicional reforça as relações econômicas entre os dois países.

“Estamos vendo uma boa relação, robusta nos assuntos econômicos. E não somente na área de agricultura, que é muito importante. É um comércio muito elaborado, sofisticado, de valor agregado”, comentou o representante da diplomacia dos Estados Unidos, que fica no Consulado Geral do país em Recife (PE).

Mercado sob pressão

A cota adicional para o Brasil foi aberta em um momento de pressão sobre o setor sucroenergético no país. Com o avanço do coronavírus, a demanda por etanol caiu em função das restrições de mobilidade no território brasileiro. E o biocombustível perdeu competitividade em relação à gasolina por causa da queda dos preços do petróleo. O mercado internacional de açúcar também está com preços mais baixos.

“Não é um volume grande, mas agrega um valor, principalmente pelo fato de não ter tarifa de importação, que é importante para o produtor aqui, que convive com maiores custos. Serve para atenuar e colaborar na média dos preços de venda de uma usina que, hoje, são níveis inferiores”, avalia o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar-PE), Renato Cunha.

Cunha explica que este é o segundo adicional colocado pelo governo dos Estados Unidos à cota de exportação de açúcar para este ano fiscal. E que, historicamente, e com base na legislação brasileira, as usinas da região norte e nordeste é que atendem a essa cota. A mercadoria, segundo ele, é embarcada pelos terminais portuários de Recife (PE) e Maceió (AL).

 

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“O Brasil recebeu o adicional maior porque se preparou. Neste ano, tem mais disponibilidade de açúcar do que outros países. Mas, via de regra, o Brasil é a segunda maior cota. Provavelmente, a necessidade deles foi maior, de recompor estoques e quem tinha açúcar para a entrega imediata é o Brasil”, explica o executivo. “Sempre temos uma reserva, o produtor trabalha com a possibilidade do adicional”, acrescenta.

Cunha explica ainda que as exportações desses volumes preferenciais são isentas de tarifa, mas o custo do frete fica a cargo do exportador. Ainda assim, tende a ser vantajoso para o produtor. Segundo ele, se as usinas do norte e nordeste fossem exportar a commodity sem estar na cota, seria inviável.

“Se a gente quisesse embarcar açúcar para os Estados Unidos fora do regime de cotas, teríamos que pagar, no mínimo, o preço da mercadoria como tarifa. A tarifa fora da cota é quase que equivalente ao preço da mercadoria que vai para lá. É inviável”, explica.

Estabelecido o adicional, o Ministério da Agricultura faz um rateio entre as unidades produtoras. Renato Cunha explica que os volumes são definidos com base em critérios como os Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) Nesta segunda-feira (20/4), o Diário Oficial da União publica instrução normativa com a distribuição dentro dessa cota adicional.

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(Foto: Reprodução/USTR)

 

 
Source: Rural

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