(Foto: Rogério Cassimiro/Ed. Globo)
A oferta de leite continua restrita no campo, refletindo os efeitos da falta de chuvas no início do ano, do abate de matrizes causadas pela alta do preço da carne bovina e pela aumento dos custos de produção.
Segundo boletim divulgado pelo Cepea, o preço médio pago ao produtor brasileiro continua com tendência de alta este mês após ter subido 3,6% em fevereiro, cotado a R$ 1,4175/litro.
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“Também é importante destacar que, frente às dificuldades de anos anteriores, os investimentos de longo prazo para a produção leiteira foram comprometidos, o que têm limitado o potencial de crescimento da atividade no presente”, acrescenta o Centro de Pesquisas. No acumulado do ano, a matéria-prima registra valorização de 4,83%.
Custos
Entre os custos de produção, o Cepea destaque que as principais altas observadas no último mês estiveram relacionadas a mão de obra, após o segundo reajuste no salário mínimo e ao preço da ração.
No ano, os preços do concentrado usado na alimentação de rebanhos leiteiros acumula valorização de 4,74%. No total, os custos de produção registram alta de 2,33%.
Isoladamente, os preços do milho atingiram o maior valor nominal da série histórica na média parcial de março, até o dia 17, cotado a R$ 55,95 a saca de 60 quilos.
Apesar da elevação de 2,33% dos custos de produção neste ano, a margem do produtor não foi deteriorada, uma vez que o preço do leite subiu 4,83% no acumulado de 2020
Cepea, em relatório
Indústria
Já a demanda, por sua vez, continua lenta, o que dificulta o repasse de preços por parte da indústria de lácteos. “A pressão das redes atacadistas e varejistas tem limitado a valorização dos derivados lácteos, o que tem gerado bastante oscilação de preços”, explica o Cepea.
De 2 a 16 de março, os preços médios do leite longa-vida (UHT) e do queijo muçarela recebidos pelas indústrias em São Paulo registraram alta acumulada de 2,1% e de 0,9%, respectivamente, enquanto o valor do leite em pó registrou queda de 2,5% entre a primeira e a segunda semana do mês.
No acumulado de fevereiro, a alta nos preços pagos à indústria pelo leite UHT foi de 0,21% em um mês e de 5,62% em doze meses, com média de R$ 2,38 o litro. Para o queijo muçarela, essa valorização foi de ,03% e de 4,53%, respectivamente, cotado a R$ 18,92 em fevereiro.
Mercado internacional
Se de um lado a indústria enfrenta uma menor oferta no mercado interno, no mercado internacional a situação também é difícil. “Com o patamar recorde do dólar (média de R$ 4,35 em fevereiro), as importações se enfraqueceram.
As compras de leite em pó, que representaram quase 60% do total, recuaram 7% de janeiro para fevereiro, com volume de 5,3 mil toneladas”,destaca o Cepea.
No total, as importações brasileiras totalizaram 9,1 mil toneladas em fevereiro, queda de 17% ante janeiro. Já as exportações apresentaram queda de 35%, com 1,9 mil toneladas, pressionadas pela menor disponibilidade no mercado interno. O principal recuo foi observado
nas vendas externas de leite em pó, de 97% em relação a janeiro.
Source: Rural