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Lagarta do cartucho está entre as principais pragas resistentes a inseticidas tradicionais e se foco das pesquisas de Frances Arnold em países tropicais (Foto: Marina Pessoa/Embrapa)

 

Antigo aliado no controle de pragas em pequenas lavouras, os feromônios estão próximos de ganhar escala na agricultura mundial, com aplicação também em grandes monoculturas. Esse é o projeto de Frances Arnold, vencedora do Prêmio Nobel de Química em 2018 por sua
pesquisa com uso de evolução direcionada para criação de enzimas.

“Esse é um avanço incrível em algo que nós já conhecemos e usamos há 30 anos com sucesso, sobretudo em proteção de culturas de alto valor, como frutas e nozes”, explicou a pesquisadora durante debate sobre inovação sustentável no agronegócio, nesta segunda-feira
(20/1), em São Paulo.

A aplicação do feromônio tende a confundir os insetos invasores machos, impedindo sua reprodução e reduzindo sua população sem a necessidade de pesticidas. Frances explica que sua descoberta tem sido fundamental para disseminar o uso da substância em larga escala graças à possibilidade de sintetizá-los em maior quantidade, unindo processos químicos e biológicos. A tecnologia foi patenteada em nome da Provivi, startup fundada em 2013 por Frances com o brasileiro Pedro Coelho e o alemão Peter Meinhold.

“A razão de os feromônios não estarem sendo usados hoje em soja e milho é que o custo de produção dessas substâncias se tornou muito alto. E a gente desenvolveu processos melhorados combinando biologia e química, o que reduz esses valores”, explica a Nobel de Química.

Bons resultados no México

Segundo Frances, o objetivo da empresa é chegar a uma produção de 10 toneladas com o novo processo. “O tempo todo a gente ganha mais escala e, agora, estamos chegando a nossa primeira tonelada produzida – e com isso os custos já começaram a cair”, revela a pesquisadora.

O barateamento da produção deve permitir a startup iniciar suas operações comerciais no México neste ano e no Quênia em 2021, visando o combate à lagarta do cartucho, praga comum em plantações de milho e que já atinge lavouras de algodão e soja. No México, a adoção dos feromônios levou a uma redução de 35% a 50% no uso de produtos químicos em testes realizados com 65 agricultores locais.

Chegada ao Brasil em 2022

Pedro Coelho, co-fundador da empresa, explica que a decisão de iniciar as vendas por esses países se deu por questões estratégicas, sobretudo pelas condições climáticas propícias ao desenvolvimento de pragas e doenças resistentes aos inseticidas disponíveis no mercado.

“Quando se olha para essas culturas extensivas, o maior crescimento está nos países tropicais, porque é nessas regiões que as pragas causam mais problemas. E como tem mais geração de praga por ano, acaba havendo mais problema de resistência também, criando um hiato
de produto que estamos buscando consertar”, explica Coelho.

No Brasil, a empresa espera lançar sua tecnologia em 2022. “Precisamos de um desenvolvimento rápido e versátil de tecnologias para lidar com o aumento da resistência de pragas e doenças aos agroquímicos tradicionais e acho que os feromônios são um exemplo de como podemos trabalhar com a agricultura tropical sem agredir o meio ambiente. Não podemos mais esperar que as antigas tecnologias consigam fazer isso”, conclui Frances.
Source: Rural

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