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O clima é de comemoração em Bruxelas, com a assinatura do acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, que tramitava há vinte anos. Alguns dos negociadores não esconderam a emoção e se abraçaram ao final das negociações, na tarde desta sexta-feira (28/6), conforme algumas fontes ouvidas e que estavam no local. Algumas das tratativas, principalmente aquelas relativas ao agronegócio, exigiram paciência e poder de persuasão dos representantes dos países que participaram dessa última rodada de discussões.

O chanceler argentino, Jorge Faurie, era um dos mais emocionados. Ele enviou um audio pelo whatsapp para o presidente Mauricio Macri assim que as negociações foram encerradas, com a voz embargada.Muitos negociadores do lado do Mercosul e da União Europeia abriram o champanhe logo que foi feito o anúncio da assinatura do acordo. Entre eles, estavam consultores que acompanharam o processo, representantes da iniciativa privada e alguns membros do governo.

Um acordo histórico. Depois de 20 anos de negociações, representantes dos países do Mercosul e da União Europeia chegaram a um consenso sobre as regras de comércio entre os dois blocos. O tratado abrange um mercado de 780 milhões de pessoas e cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. E, para o governo brasileiro, ressalta o compromisso mútuo com a abertura econômica em um momento de “tensões e incertezas no comércio internacional”.

Em nota conjunta, os Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores informaram que é o acordo de maior complexidade negociado pelo Mercosul, que cria uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Para o agronegócio, prevê a eliminação de tarifas de produtos como suco de laranja, frutas e café solúvel. E cotas de exportação para carnes, açúcar e etanol.

No agronegócio brasileiro, a reação, de um modo geral foi positiva. Representantes de diversos segmentos avaliaram o acordo como a possibilidade de ganhar mercado na União Europeia e como a oportunidade de estabelecer novas estratégias de acesso ao bloco.

Para a Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBr), que representa a indústria de suco de laranja, a redução de tarifas aumenta a competitividade em relação a outros concorrentes, como o México.

Quem também comemorou foi o setor de frutas. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas (Abrafrutas) acredita em redução dos custos da atividade. A União Europeia responde por 60% da receita com os embarques da fruticultura brasileira para o exterior, que, chega a US$$ 800 milhões.

A cadeia produtiva do café também está otimista. Para o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o acordo devem reforçar a presença da marca Brasil no bloco, que é o segundo maior consumidor global da bebida, atrás apenas dos Estados Unidos. A indústria de café solúvel, que hoje paga uma taxa de 9% para entrar no bloco, prevê ganho de mercado no bloco à medida que a tarifa for sendo reduzida, até chegar a zero em cinco anos.

Já o Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac) comemorou o compromisso da União Europeia com o reconhecimento e proteção da Indicação Geográfica da bebida tipicamente brasileira. O que deve resultar em aumento das vendas do destilado, que tem no bloco um de seus principais clientes.

A indústria de açúcar e etanol, que, de acordo com o governo brasileiro, foi incluída nas cotas de exportação, foi mais cautelosa. A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa as usinas do Centro-sul do país, avaliou que o acordo não foi ambicioso o suficiente, mas foi o possível.

Houve também quem preferiu aguardar mais detalhes antes de se manifestar. Casos da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Associação Brasileira dos Exportadores de Cereais (Anec) e Associação Brasileira dos Exportadores de Algodão (Anea). De acordo com as assessorias, as entidades devem se manifestar na próxima segunda-feira (1º).

*Colaboraram Ailane Roma e Fernanda Talarico

(Foto: Arquivo/EFE)

 

 
Source: Rural

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