Público visita Agrishow, em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. (Joel Silva/ Globo Rural)
Apesar do cenário desfavorável pela escassez de crédito, pela alta dos juros e pela suspensão do Moderfrota, os negócios da maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, a Agrishow, parecem não ter sofrido grandes impactos. Com base na movimentação nos primeiros dias do evento, expositores se mostram confiantes. “Acreditamos que será a melhor Agrishow da nossa história”, disse José Carramate, diretor de vendas da Valtra, fabricante de tratores e colheitadeiras.
Confira abaixo os destaques dos dois primeiros dias da feira, que vai de 29 de abril a 3 de maio.
Contra crédito escasso, banco próprio ou barter
Em entrevista coletiva concedida na tarde do segundo dia de feira, o executivo da Valtra destacou que a escassez de recursos exigiu dos fabricantes criatividade ao explorar alternativas, entre elas o barter e o consórcio de máquinas. “O barter e consórcio blindam a oscilação bruscas de juros”, disse. As empresas estão tentando montar condições que atendam a necessidade dos produtores rurais e os bancos de fábrica têm tido um papel importante nesse cenário.
Nova marca quer vender 20 mil tratores
Outro exemplo de que o mercado de máquinas agrícolas está aquecido vem da novata no mercado brasileiro: a Fendt, que quer vender 20 mil unidades. Neste ano, a companhia anunciou oficialmente sua entrada no Brasil com investimentos da ordem de R$ 150 milhões.
Alguns lançamentos
Com expectativa de registrar novo recorde em movimentação financeira, a Agrishow conta com 800 marcas expositoras. Até a próxima sexta-feira (3/5), mais de 150 mil pessoas devem passar pelo parque de exposições. Entre os lançamentos, está o trator articulado com esteiras Quadtrac, da Case IH, opção para o produtor que quer reduzir a compactação do solo sem abrir mão da força do equipamento.
Confira mais novidades apresentadas na feira até agora.
Arma não mata
Outro destaque dos dois primeiros dias de Agrishow foi a passagem da líder do governo no Congresso Nacional, a deputada Joice Hasselman, que reforçou a posição do governo sobre a posse de armas no campo.
Ouça a entrevista:
Apelo ao coração
Logo na abertura da Agrishow, no primeiro dia, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo pela redução dos juros do Banco do Brasil para o fomento ao crédito rural. A declaração foi dirigida ao presidente do BB, Rubem Novaes. "Apelo, Rubem (Novaes), para seu coração e patriotismo, que esses juros caiam um pouco mais", afirmou Bolsonaro.
Ações do banco passaram a cair após declaração do presidente e, em seguida, o porta-voz do Planalto, Otávio Rêgo Barros, disse que o presidente Jair Bolsonaro "não quer" e "não irá intervir" em qualquer aspecto relacionado à política de juros de bancos estatais.
Política agrícola
O governo federal anunciou, durante a abertura da Agrishow, um aporte adicional de R$ 500 milhões em crédito para o programa Moderfrota, de financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas. A informação foi dada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Apesar disso, o diretor de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, afirmou que os recursos extraordinários com juros subsidiados "não dão para esta tarde".
Mercado da Índia
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) disse que a abertura do mercado da Índia para a carne de frango do Brasil, anunciada na segunda-feira pela ministra Tereza Cristina, já era esperada. "As certificações sanitárias estavam prontas, mas a efetivação de vendas ainda não tinha ocorrido", explicou a entidade por meio de sua assessoria.
Linha de crédito
O banco Santander anunciou para a Agrishow uma linha de Crédito Direto ao Consumidor (CDC) para financiamento de máquinas e equipamentos agrícolas, silos e energia solar fotovoltaica. As taxas variam de 0,97% a 1,09% ao mês e empréstimo pode ser quitado em parcelas semestrais ou anuais, o que, de acordo com os executivos do banco, visa adequar o contrato ao fluxo de caixa do produtor ao longo da safra.
Custo de vida
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse em Ribeirão Preto, durante evento do Lide (grupo de líderes empresariais) na Agrishow, que “esse discurso de que o agronegócio brasileiro está prejudicando o meio ambiente não passa de uma agenda comercial disfarçada de temas ambientais daqueles que temem a concorrência da produção agropecuária do Brasil”. Ele ainda concluiu que, sem os alimentos brasileiros, o custo de vida seria tão alto na Europa que os próprios consumidores iriam exigir que seus governos voltasse a comprar alimentos do Brasil.
Expectativa
A 26ª edição da Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação (Agrishow) deve ter uma elevação de 10% no movimento de negócios financeiros, ante os R$ 2,7 bilhões registrados no ano passado, conforme previsão do presidente da Câmara Setorial de Máquinas e Implementos Agrícolas (Csmia), Pedro Estevão, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) e coordenador do conselho de expositores da Agrishow.
A feira foi tema do CBN Agronegócio desta terça-feira (30/4). Ouça abaixo a íntegra do programa.
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Source: Rural