Logo da Bayer na sede da empresa em Leverkusen, na Alemanha (Foto: Divulgação)
As ações da Bayer caem cerca de 12% na Bolsa de Frankfurt na manhã da quarta-feira, 20, após a companhia sofrer um novo revés no processo judicial envolvendo o herbicida Roundup, produzido à base de glifosato.
Às 10h36 (horário de Brasília), as ações da empresa recuavam 11,84%, a 61,45 euros por ação. A queda nas ações da companhia alemã reflete no desempenho das bolsas europeias que caem cerca de 0,59% (por volta das 10h24). Investidores temem que os novos litígios legais causem prejuízos expressivos nos resultados financeiros da companhia.
Na terça, um júri em São Francisco decidiu que um homem desenvolveu câncer por causa da exposição ao produto químico da companhia. Agora, o júri de seis pessoas deve começar a analisar evidências para decidir separadamente se a Monsanto, comprada pela Bayer no ano passado, deve ser legalmente responsabilizada, o que poderia resultar em indenizações substanciais.
Analistas do banco de investimento Bernstein observam que as perspectivas parecem frágeis para uma vitória da Bayer na segunda fase do julgamento. A instituição financeira considera que a responsabilização da Bayer nesse caso é provável, dado que um juiz anteriormente descreveu o vínculo causal entre o herbicida Roundup e o câncer como "equívoco", mas viu fortes evidências de que a Monsanto procurou manipular a opinião pública e eliminar preocupações "legítimas" com a saúde.
"Isso agora parece ser um exercício de limitação de danos", disse o analista da Bernstein Research Gunther Zechmann, após o último veredito. "Com relação ao sucesso na segunda fase, tememos o pior.
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"Entretanto, analistas alertam que serão necessários mais decisões judiciais para estimar os danos financeiros que o litígio pode representar para a Bayer. Atualmente, as ações da Bayer já precificam passivos de cerca de 5 bilhões de euros a 10 bilhões de euros decorrentes dos processos judiciais, de acordo com analista do banco de investimentos Commerzbank, Daniel Wendorff, supondo que os casos sejam decididos de maneira desfavorável a Bayer.
Em comunicado, a Bayer disse que está decepcionada com a decisão mas que continua "a acreditar firmemente que a ciência confirma que herbicidas à base de glifosato não causam câncer". A companhia disse, ainda, que a segunda fase do julgamento "vai mostrar que a conduta da Monsanto foi apropriada".
O veredicto inicial representa outro revés para a Bayer, que em agosto do ano passado foi condenada a pagar US$ 289,2 milhões a um ex-jardineiro, no primeiro caso a ir a julgamento envolvendo o herbicida. Na ocasião, um júri considerou que a exposição prolongada ao glifosato, um componente essencial Roundup, seria a causa do câncer do ex-jardineiro Dewayne Johnson. O valor da indenização foi depois reduzido para US$ 78,5 milhões, mas a Bayer recorreu da decisão.
A companhia alemã disse que enfrenta atualmente 11,2 mil processos judiciais envolvendo o Roundup. Outros seis julgamentos devem começar neste ano em tribunais federais e estaduais dos EUA.
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Source: Rural