Lavoura de soja em Iowa, nos Estados Unidos. Segundo governo americano, chineses sinalizaram maior demanda pelo grão do país (Foto: Tarso Veloso/Divulgação-ARC)
O secretário de agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, disse, nesta sexta-feira (22/2) que a China se comprometeu a comprar dez milhões de toneladas adicionais de soja dos Estados Unidos. Ele divulgou a informação em sua conta no Twitter, acrescentando que o compromisso foi assumido em reunião realizada no Salão Oval da Casa Branca.
“A estratégia está funcionando. Demonstração de boa fé dos chineses e indicações de que mais boas notícias estão por vir”, disse o chefe do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Estados Unidos e China têm até 1º de março para apresentar uma solução para a disputa comercial. A data foi estabelecida em uma “trégua” de 90 dias acordada entre os dos países, que se comprometeram a não adotar novas sanções nesse período.
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O comércio agrícola é parte de uma ampla negociação que envolve questões como propriedade intelectual e alta tecnologia. Nesta semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que 1º de março não pode ser considerado uma “data mágica” para um acordo com os chineses.
Na quinta-feira (21/2), a agência Bloomberg noticiou, baseada em “pessoas com conhecimento das discussões”, que a China estaria propondo uma compra adicional de US$ 30 bilhões em produtos agrícolas dos Estados Unidos. Entre os itens, estariam soja, milho e trigo.
Um aumento na demanda dos chineses por soja norte-americana é vista como risco para as exportações brasileiras do grão para aquele mercado. Desde o início da disputa comercial entre Estados Unidos e China, o Brasil elevou os embarques para o país asiático.
De 2017 para 2018, o volume de soja embarcado do Brasil para a China passou de 53,796 milhões para 68,839 milhões de toneladas. As exportações totais do produto brasileiro no ano passado foram de 83,594 milhões de toneladas.
(Foto: Reprodução/Twitter)
Em entrevista a Globo Rural, nesta sexta-feira (22/2), o CEO da Aliança Agro Ásia Brasil, Marcos Jank, avaliou que o estabelecimento de um acordo entre Estados Unidos e China afetaria diretamente o agronegócio brasileiro. Ponderou, no entanto, que a perda de participação de mercado na China, no caso da soja, “não é de todo ruim” porque, ao mesmo tempo em que aumentaram os embarques para a China, os exportadores brasileiros venderam menos para outros mercados, espaço ocupado pelos norte-americanos.
A preocupação maior estaria no complexo carnes. Um acordo entre China e Estados Unidos geraria uma concorrência em um mercado onde, nas palavras de Marcos Jank, o Brasil navega praticamente sozinho. A China, lembra, chegou a abrir o mercado de carne bovina para os americanos no ano passado. Mas a maior parte das compras foram do produto originário do Brasil e da Austrália.
“Se os americanos entrarem com força no mercado da China, tanto com carne bovina quanto de aves, certamente terá um impacto no Brasil, mas acredito que ainda é muito cedo para avaliar, hoje, em que áreas esse impacto vai se dar”, disse.
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Source: Rural