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Futuro (Foto: Thinkstock)

 

São cada vez mais frequentes as notícias de que máquinas inteligentes estão corroendo empregos em todo o mundo. Estudos recentes antecipam que a metade de todas as atividades desempenhadas hoje por trabalhadores poderá ser automatizada até 2050. Isso equivaleria a deslocamentos na força de trabalho sem precedentes na história da humanidade.

A boa notícia é que o mercado de trabalho seguirá evoluindo e certamente veremos a criação de novas oportunidades e novos tipos de ocupação no futuro. Empregos vão se deslocar para regiões, faixas etárias e indivíduos que adquirirem novos atributos e competências. Nesse mesmo sentido, a demanda por trabalhadores que precisem suportar longas horas de trabalho físico ou de esforço repetitivo e exaustivo deverá se reduzir.

Maurício Antônio Lopes, da Embrapa (Foto: Reprodução/Embrapa)

As mudanças esperadas no mundo do trabalho terão enorme impacto no futuro da produção de alimentos. Em 2050, sete em cada dez pessoas viverão nas cidades e já vemos agora a mão de obra tornar-se escassa no campo. Portanto, máquinas e equipamentos deverão se tornar imprescindíveis para garantir a segurança alimentar no futuro. E a automação digitalmente pilotada trará ganhos importantes em eficiência e precisão, ajudando a agricultura a superar práticas pouco sustentáveis.

Os avanços em inteligência artificial (IA) já estão permitindo o surgimento de máquinas capazes de executar tarefas sem envolvimento ou orientação humana direta. Já vemos o surgimento de robôs projetados para executar tarefas complexas de forma autônoma, com velocidade e precisão. Tais máquinas poderão em breve povoar o campo, monitorando o desenvolvimento de lavouras e criações, medindo performance e detectando deficiências nutricionais, ocorrência de pragas, escassez hídrica, impactos ambientais, entre muitas outras tarefas.

Neste momento, não é demais imaginar drones ou robôs, munidos de sensores sofisticados e sistemas inteligentes, capazes de percorrer ou sobrevoar lavouras levando defensivos a serem aplicados de forma autônoma, precisa e em baixos volumes sobre plantas daninhas, insetos-praga ou partes das plantas atacadas por doenças. Tal avanço reduzirá drasticamente muitos riscos relacionados ao uso de agroquímicos nas lavouras, pois volumes extremamente baixos e aplicação direcionada e precisa tornarão possíveis utilizar a quantidade correta, apenas no local requerido, no momento mais adequado.

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Esses poucos exemplos representam a ponta do iceberg no processo de mudanças que ocorrerá no campo, cada vez mais dominado pela digitalização e pela automação. Uma nova força de trabalho adaptável a essa nova realidade precisará ser formada.  Por isso, é prudente que os países invistam agora no preparo de suas forças de trabalho, com especial ênfase na capacitação dos seus trabalhadores, em substituição à prática mais comum, que é a proteção de empregos apenas. 

O futuro exigirá, por exemplo, sofisticação das políticas fiscais e trabalhistas, que precisarão criar condições que estimulem as empresas a contratar e manter trabalhadores qualificados e bem treinados, que custam mais caro. Além disso, será preciso aprimorar as capacidades desse contingente de forma contínua.

Tais mudanças exigirão pessoas capazes de fazer bom uso dos mais nobres atributos humanos: a inteligência e a criatividade. E poderão também fazer aflorar mais empatia, humanidade e sensibilidade no mundo do trabalho, qualidades que nos diferenciam e que dificilmente serão incorporadas pelas máquinas.

*Maurício Antônio Lopes é engenheiro agrônomo e foi presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Este artigo foi publicado originalmente em fevereiro de 2019, na edição nº 400 da Revista Globo Rural.

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Source: Rural

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