Maior feira mundial sobre tendências para a produção animal, a EuroTier mostra as novidades tecnológicas do setor (Foto: Daniel Azevedo/Ed. Globo)
Produtores e animais vão se encontrar também nas nuvens. Não se trata de pecuária em grandes altitudes, mas da revolução digital cujo pilar principal é utilizar um enorme volume de dados (big data) armazenados em “nuvens” (clouds) para a gestão da produção e das fazendas.
A EuroTier, evento realizado esta semana pela DLG (Sociedade Alemã de Agricultura, do alemão), em Hanôver, é a maior feira mundial sobre tendências para a produção animal e destaca justamente o “digital animal farming” na edição deste ano.
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Este conceito já dispõe de grande variedade de equipamentos e softwares capazes de responder eficientemente aos tradicionais desafios da produção animal, seja em ambiência, sanidade e conversão alimentar, como em bem-estar e sustentabilidade.
Por isso, o interesse entre produtores de todo o mundo é quase uma unanimidade. Segundo levantamento da DLG, 98% dos pecuaristas de países como Alemanha, França, Polônia e Estados Unidos afirma que tecnologias digitais são “muito importantes” em tópicos como alimentação, monitoramento e ventilação, entre outros.
Produtor brasileiro
O criador e vice-presidente da Associação Brasileira de Devon (ABD), Gilson Hoffmann, é um dos 150 mil visitantes da EuroTier 2018 e, logo no primeiro dia, disse estar interessado por pelo menos três soluções de “digital animal farming” entre as centenas de estandes do evento.
(Foto: Daniel Azevedo/Ed. Globo)
“O volume e a qualidade das inovações são impressionantes. Vi um aplicativo que pode ser instalado no celular e, por meio de uma foto, consegue identificar o peso dos animais com uma acurácia de 95%. Imagina que facilidade. Hoje usamos uma fita métrica”, relatou.
A propriedade de Gilson, Cabanha Santa Lúcio em André da Rocha (RS), é multiplicadora de genética Devon e já conta com digitalização de dados quanto à genealogia dos animais. Ainda assim, ele observa que as inovações apresentadas na Eurotier vão muito além.
“Também vimos um chip que é injetado por via subcutânea e registra todo o tipo de informação sobre alimentação, vacinas, idade, genética, localização e outros. Além de racionalizar a gestão, é muito importante para o manejo e até para o problema de abigeato no Brasil”, acrescentou.
Investimento e retorno
Apesar do grande interesse pelas inovações, apenas 43% das propriedades pesquisadas já possui algum tipo de software de gestão dos rebanhos. Já sobre digitalização de dados para administração geral das fazendas ou granjas, os percentuais variam entre 10% e 25% nos países pesquisados.
(Foto: Daniel Azevedo/Ed. Globo)
Mas estes números devem crescer nos próximos anos. O levantamento da DLG indica que 15% dos produtores “convencionais” da Europa tem planos de passar a utilizar soluções de “digital animal farming” nos próximos 12 meses.
“A primeira coisa que um produtor pensa é sobre o payback de um investimento neste tipo de tecnologia. Não é um investimento pequeno, mas, para mim, ele se paga quando pensamos em todos os benefícios desde eficiência na produção, qualidade, redução de custos e praticidade, além de bem-estar e sustentabilidade”, comentou.
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Mesmo com uso de tecnologia sofisticada, a lógica é simples. Com a coleta dos dados a partir de sensores em cada fase da produção, os produtores podem acompanhar todos os principais indicadores de indivíduos específicos e de todo o rebanho. E, com isso, tomar decisões rápidas e bem fundamentadas para alcançar os melhores resultados produtivos.
Inovações premiadas
Na noite de terça-feira (13/11), ocorreu o Innovation Awards 2018, premiação que escolheu 26 entre cerca de 300 inovações apresentadas na EuroTier. Todos elas automatizam processos nas granjas e fazendas e geram informação sobre os animais que podem ser acessadas pelos gestores rurais, muitas vezes, do próprio telefone celular.
Confira alguns destaques:
Porteira digital para vacas leiteiras – Uma empresa holandesa apresentou um sistema inteligente de controle do fluxo das vacas leiteiras que permite separar grupos ou animais específicos de acordo com a rotina desejada. Ou seja, sem interferência humana, o gado é conduzido para áreas de alimentação, ordenha ou repouso segundo os dados registrados no aplicativo que pode ser manejado de qualquer lugar do mundo por um smartphone.
Ambiente controlado para aves – Uma empresa francesa levou um sistema de sensores de temperatura, umidade, concentração de CO² ou NH³ e peso para galpões de até 200 m². O aparelho pode ser instalado no teto para fácil identificação das necessidades de intervenção no aviário seja para completar as “camas” de maneira automática por mangueiras, alterar a ventilação ou outras ações. Assim, o equipamento favorece a produtividade, o bem-estar e sustentabilidade da granja com gestão on line e em tempo real.
(Foto: Daniel Azevedo/Ed. Globo)
Robôs alimentam suínos – Uma empresa austríaca apresentou o conceito de nutrição “nano” que, por meio de robôs e sensores, possibilita unidades autônomas de automação da alimentação que são manobráveis de baia para baia e totalmente automatizadas. O robô se move livremente a partir de um sistema de imãs e é preenchido com ração através de conexões adaptáveis com geração de dados para gestão da rotina de nutrição dos animais pela internet.
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Source: Rural