As entidades argumentam que os atuais preços internacionais do café estão abaixo dos custos de produção (Foto: Globo Rural)
As entidades do setor cafeeiro do Brasil e da Colômbia se reuniram nesta terça-feira (27), no Ministério da Agricultura, em Brasília, para debater a crise de preços mundiais do café e o desequilíbrio econômico dentro da cadeia produtiva, que, segundo as lideranças presentes ao encontro, “arruína os produtores, bem como as ações a serem adotadas para enfrentar esse cenário”.
Num comunicado conjunto dos dois países, as entidades argumentam que os atuais preços internacionais do café estão abaixo dos custos de produção, comprometendo a sustentabilidade econômica e a sobrevivência de 25 milhões de famílias cafeeiras no mundo.
As lideranças dizem que estão preocupados com fatores externos que afetam negativamente o preço internacional e os produtores, “como a especulação financeira de atores alheios à cadeia, que, de forma inconsequente e perversa, pressionam negativamente as cotações do café, forçando movimentos migratórios, motivados pela pobreza, e o nascimento de cultivos ilícitos em alguns países”.
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Eles observam que os detentores dos estoques de café possuem maior influência na formação dos preços internacionais. “Por isso, é fundamental reequilibrar a balança atual, deslocando os estoques de países consumidores aos países produtores. É necessário o desenvolvimento de políticas internas nos produtores para apoiar o ordenamento da oferta, como o caso do Funcafé no Brasil, que financia o carregamento do estoque para evitar a venda em momentos de preços aviltados.”
Eles também defendem que a formação de estoques nos países produtores seja administrada pelo setor privado em coerência com ferramentas de gestão de risco de mercado. “Outro ponto considerável é a importância de aumentar o consumo nos mercados emergentes e nos países produtores, para o qual se espera contar com o apoio da Organização Internacional do Café (OIC)”.
Eles também manifestaram preocupação com a concentração da indústria e do setor de distribuição de café, “que impõem condições de pagamento abusivas de mais de 200 dias, que massacram qualquer possibilidade de haver sustentabilidade econômica dos produtores.”
Segundo as entidades, os programas que algumas empresas multinacionais fazem para promover a sustentabilidade são anulados por suas próprias práticas comerciais. “Igualmente as organizações internacionais sem fins lucrativos, que promovem o cultivo de café, têm que assumir a responsabilidade pela absorção dos excedentes que tendem a ser produzidos.”
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Source: Rural