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Estufa de morangos feita com bambu e pallets custou entre R$ 500 e 700 (Foto: João de Souza Neto/Arquivo Pessoal)

 

Alunos do curso técnico de Logística da Escola Técnica Estadual (Etec) Prof. Carmine Biagio Tundisi, de Atibaia (SP), desenvolveram o projeto Estufa Vertical de Morangos, que promete facilitar e agilizar a produção da fruta, além de ser mais em conta financeiramente.

A estrutura foi construída com bambu e pallets de madeira, onde foram espalhados 50 vasos com as mudas. O projeto faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) “Avança Atibaia”, de cinco estudantes. A ideia é implementar na cidade e nos municípios vizinhos o Arranjo Produtivo Local (APL), no qual o cultivo do morango seria um dos pilares da integração dos setores produtivos da região.

“A estufa foi verticalizada para ser retirada do chão e colocada em uma altura que melhora a autonomia do produtor, que poderá fazer o trato em uma posição mais ergonômica”, diz João de Souza Neto, um dos autores do TCC. Além disso, como a plantação das frutas é feita em vasos separados, caso haja contaminação, é possível eliminar apenas o recipiente comprometido – afastando o perigo de infestação e perda total do cultivo. 

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Os estudantes construindo a estufa de morango (Foto: João de Souza Neto/Arquivo Pessoal)

 

A construção tem 3,60 metros de largura e 4,80 metros de altura. Segundo o estudante, o custo da estufa ficou entre R$ 500 e 700. O valor é baixo pois ele seus colegas ganharam muito dos materiais usados na construção, como os pallets e o plástico de cobertura. A sugestão dos alunos é que o agricultor use o bambu na parte estrutural para não ter que comprar caibro (elemento de suporte de madeira). Já os pallets pré-montados seriam utilizados para criar prateleiras, sendo que o produtor só teria que recortar e redimensioná-las do tamanho necessário para a estufa que será montada.

“O foco do projeto foi difundir a ideia de construir uma estufa pequena e barata se comparada com as tradicionais”, fala o jovem. Os alunos ainda estão organizando o quanto a estufa custaria para os pequenos e médios agricultores, pois a maioria dos itens foram doados e eles precisam de mais informações para chegarem aos preços reais.

Em abril deste ano, o Avança Atibaia foi destaque na quinta edição do Desafio Inova Paula Souza de Ideias e Negócios, promovido pelo Centro Paula Souza, na capital paulista. Os jovens conseguiram o segundo lugar na premiação de eixo tecnológico de Agronegócio e Pecuária.

Turismo e negócios
Atibaia é conhecida por ser uma estância turística, com destaque para a produção de morangos e flores. De acordo com Souza Neto, o TCC foi pensando para gerar valor na cadeia produtiva local. Durante a pesquisa do projeto, os jovens se depararam com o Programa de Revitalização da Cultura do Morango em Atibaia, Jarinu e Região, lançado em 2017 para promover o cultivo da fruta na área. 

50 vasos com mudas de morango foram distribuídos pela estufa (Foto: João de Souza Neto/Arquivo Pessoal)

 

“Coletamos e analisamos dados da secretaria municipal e percebemos uma certa queda no número de produtores de morango ao longo dos anos”, afirma Souza Neto. “Com isso, havia o risco da cidade deixar de ser referência e perder sua especialidade produtiva.”

Para tentar evitar essa situação, a estufa foi aberta para agricultores da Cooperativa Agrícola Familiar (CAF) de Atibaia. Dessa maneira, eles puderam aprender a desenvolver a estrutura. “A estufa tem o objetivo de incentivar o produtor a testar novas e mais eficientes formas de produzir”, comenta o estudante.

Logística
Além disso, a CAF serve como um espaço onde os produtores podem escoar a safra e ainda funciona como um canal de vendas. “Mesmo as pequenas quantidades, cultivadas em pequenas propriedades, ganham forças por não haver um entreposto até cidades maiores para a distribuição”, explica Souza Neto.

Simplificando, a ideia do grupo foi criar um mercado mais colaborativo. “Quando falamos da redução de custos, além dos materiais da estufa, falamos das técnicas de logística: organização do fluxo de informações, materiais e pessoas”, esclarece o estudante. Segundo ele, a estratégia de integração reduz os preços e o tamanho da área agrícola utilizada. “A agricultura familiar precisa ganhar mais força competitiva e maior valor no mercado. O intuito é valorizar o trabalhador rural e incentivar o que eles fazem de melhor: plantar e colher.”

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Futuro
As mudas foram plantadas na Etec em novembro de 2017, e a primeira colheita deve acontecer entre setembro e outubro deste ano. Souza Neto afirma que ele seus colegas estão pesquisando a possibilidade de processar artesanalmente as frutas em forma de geleia e vender para cobrir os custos da construção da estufa. “Estamos elaborando o planejamento porque envolve embalagem, pasteurização e conservação”, comenta.  

A fertilização e irrigação dos morangos ocorre por gotejamento (Foto: João de Souza Neto/Arquivo Pessoal)

 

De acordo com o estudante, outra vantagem deste projeto é evitar o desperdício de água e a utilização de agroquímicos. A fertilização e irrigação ocorre por gotejamento, e os morangos foram cultivados com fertilizantes naturais, como o bokashi. Futuramente, Souza Neto não descarta testar uma produção orgânica na estufa. “Exige práticas e técnicas mais específicas, mas é uma possibilidade”, ele conta.

Mesmo que já tenha concluído o curso na Etec, o jovem continua a acompanhar o andamento da pequena plantação. “Acredito na ideia de que podemos melhorar o lugar que vivemos, seja fazendo um canteiro, plantando uma árvore, mantendo as ruas limpas, doando um muro para grafite ou fazendo mais pelas pessoas. Ou seja, transformar o ambiente em que vivemos”, declara.

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Source: Rural

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