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Criação do papagaio-verdadeiro só pode ser realizada com autorização (Foto: Jairmoreirafotografia/ Wikimedia Commons)

 

Com o dom de articular palavras e coberta de penas coloridas, a ave é uma ótima companhia, mas só pode ser criada com autorização pelos órgãos responsáveis pelo meio ambiente no Estado.

O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) é certamente um dos principais representantes da exuberância da Floresta Amazônica, que, por meio de sua fauna e flora, reúne um colorido contrastante típico da natureza de regiões tropicais. Nas penas, a ave traz, em tons vibrantes, o verde na maior parte do corpo; o azul-esverdeado na fronte e na bochecha; o vermelho com contornos de amarelo nos ombros; e o azul-escuro nas pontas das asas.

Mas fazer o papagaio-verdadeiro ser cobiçado como animal de estimação, para ornamentar residências e estabelecimentos públicos e privados, não é só mérito da beleza das cores intensas, que sem um padrão na distribuição e tamanho tornam cada exemplar diferente um do outro.

A capacidade de imitar a voz humana é uma característica que desperta a curiosidade de quem ouve do bico torto do pássaro a repetição perfeita de palavras ou a reprodução de outros sons, como campainhas, buzinas e até o cantarolar de canções.  Não é à toa que os preços de venda do papagaio-verdadeiro são altos no comércio, gerando um bom lucro para o criador.

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De fácil manejo e pouco exigente em espaço, a ave é uma criação adequada para iniciantes e com experiência restrita no trato com animais. Para colocar a atividade em prática, no entanto, é obrigatório obter autorização junto aos órgãos responsáveis pelo meio ambiente no Estado, cujo objetivo é evitar a captura e a exploração clandestina da espécie.

Pertencente à família dos Psittacidae, a mesma das araras, agapornis, maritacas, jandaias e tuins, o papagaio-verdadeiro é popularmente chamado de louro por todo o país. Dependendo da região, entretanto, também é conhecido como papagaio-comum, papagaio-curau, papagaio-grego, papagaio-boiadeiro, papagaio-baiano, curau, acamatanga, entre outros nomes.

Com 35 a 37 centímetros de comprimento e peso médio de 400 gramas, diferenciam-se na cor vermelho-laranja com um fino anel externo avermelhado da íris nas fêmeas adultas em relação ao amarelo-laranja nos machos, que ainda têm o bico negro. Hábil ao movimentar os pés para levar o alimento à boca, é ainda inteligente, social e de convívio com rápida adaptação, podendo viver por até 80 anos.

Oriunda da América do Sul, incluindo sobretudo Paraguai, Bolívia e Argentina, aqui a ave está presente na maior parte do território. Na natureza, em florestas úmidas e de galeria, savanas e matas com palmeiras, vive em casais ou em bandos no alto das árvores. A lida responsável do papagaio-verdadeiro em sistemas de criação, no entanto, tem o objetivo de atender à demanda do mercado sem a necessidade de retirada da espécie de seu hábitat natural, evitando o risco de processo de extinção.

Mãos à obra
>>> INÍCIO Obtenha autorização para o manejo antes de comprar os papagaios-verdadeiros. Forme o plantel adquirindo exemplares que já sejam casais de estabelecimentos com documentação legalizada, a mesma que o novo criador é obrigado a solicitar junto ao órgão gestor de fauna do Estado. Também é possível conseguir legalmente, e sem custo, aves de centros de triagem e fiscalização.
>>> AMBIENTE Com períodos de sombra e luminosidade solar é o mais indicado para o bem-estar da criação. Embora rústico e resistente, o papagaio-verdadeiro não suporta frio intenso nem deve ficar exposto a correntes de ar e umidade.
>>> VIVEIRO Mais indicado é o tipo aéreo, que fica a 1 metro do solo e evita o acesso de roedores. Com piso cimentado, o de solo é também uma opção. As instalações por casal devem medir 2 metros de comprimento, 1,5 metro de altura e 1 metro de largura, dimensões que permitem espaço suficiente para a abertura das asas e a movimentação das aves. Podem ser de metal ou madeira, com tela tipo alambrado ou soldada, fio de arame bitola 12 e malha de 2 a 3 centímetros. Devem ser cobertas na parte do comedouro e ninho e abertas com proteção de tela na área do bebedouro e brinquedos. Distribua os poleiros em ambos os lados.
>>> ACESSÓRIOS Comedouros e bebedouros de inox são os mais apropriados, mas há modelos de porcelana e de barro. Para distração das aves, são indicados brinquedos vendidos em lojas de produtos agropecuários. Disponibilize galhos, folhagens e pequenos tocos de madeira para promover um ambiente agradável à criação.
>>> ALIMENTAÇÃO É à base de ração industrializada balanceada, complementada com frutos, castanhas, grãos, sementes, tubérculos e insetos, além de ovo cozido. A dosagem das refeições e dos complementos é  necessária para as aves não se tornarem obesas.
>>> CUIDADOS São exigidos para evitar o contato das aves com as próprias fezes e restos de comida, o que pode contaminá-las com fungos e bactérias. Limpe o interior das instalações todos os dias, trocando o material usado para forrar a área de criação. Uma vez por semana, lave os comedouros e bebedouros com sabão neutro, enxaguando-os bem. Mensalmente, desinfete os viveiros com produtos específicos para avicultura. Aplique nas aves vermífugos de seis em seis meses.
>>> REPRODUÇÃO Somente a partir dos cinco anos de idade e, em geral, ocorre entre setembro e fevereiro. Em um período de 24 a 29 dias, a incubação natural de três a cinco ovos brancos por ninhada é realizada pela fêmea e sob proteção do macho, que são monogâmicos. Com 60 dias de vida, os filhotes deixam o ninho. Para criar aves mansas, é recomendada a incubação artificial, que tem investimento mais elevado, porém, apresenta produtividade maior, chegando cada matriz a ultrapassar dez crias por ano.

Mais informações: criadores e profissionais especializados podem auxiliar com mais orientações; Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) do Estado; e a IN 07/2015 (Ibama) traz todas as informações e documentação necessária para instalar o empreendimento. 

Onde adquirir: de criadouros comerciais em atividade, como a Fazenda Vale Verde, tel. (31) 3079-9171, Betim (MG), www.valeverde.com.br/zoo_criatorio

*Consultor: Fabio Morais Hosken, zootecnista, doutor em produção animal e consultor para criação de animais silvestres, legalização e projetos, tel. (31) 98479-8949, planetarural@terra.com.br, www.zooassessoria.com.br
 

 
Source: Rural

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