O empresário Pedro Paulo Diniz (Foto: Rogério Albuquerque / Ed. Globo)
Os relatos e histórias contadas em um evento sobre meio ambiente servem sempre ao público do agronegócio também. Assim foi logo no primeiro dia do IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), promovido pela Fundação Grupo Boticário em Florianópolis (SC), considerado um dos maiores fóruns da América Latina sobre áreas naturais protegidas.
Entre os participantes da cerimônia de abertura, o diretor executivo da ONG internacional WWF, Jason Clay, contou a experiência que teve no Brasil em 1991 à frente de um projeto para criar uma cooperativa de produtores de castanhas do Pará no município do Xapuri, no Acre. Ao longo de quatro anos, entre conquistas e derrotas, a iniciativa gerou um quadro de 250 produtores formalmente empregados, quebrou o monopólio existente no setor, conquistou 20% do mercado, triplicou a renda dos produtores, além de agregar novos itens na comercialização, como os óleos aromáticos. “Comece com um produto no mercado, mas não dependa de um único produto”, afirmou Clay sobre suas lições na Amazônia.
A produção de alimentos orgânicos em alta escala na fazenda da família foi o desafio enfrentado pelo empresário Pedro Paulo Diniz e relatado à plateia na abertura do IX CBUC. Entre os benefícios que o mobilizavam para a empreitada estavam o uso reduzido de insumos, o sequestro de gás carbono da atmosfera e a geração de biodiversidade. “Minha proposta era trabalhar junto à natureza para melhorar os sistemas produtivos. É o que me inspira. Hoje tenho certeza de que dá para fazer uma agricultura regenerativa fazendo ótimos negócios. Em nosso modelo temos um retorno de 15% acima da inflação. Por que não fazer?”, pergunta. Confirmada a viabilidade do projeto, há quatro meses o empresário se uniu a dois sócios e juntos projetam a expansão das atividades dos atuais 2.300 hectares para cerca de um milhão de hectares nos próximos anos. “Podemos fazer do Brasil o celeiro da agricultura regenerativa do mundo”.
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Objetivos globais
A representante da ONU Meio Ambiente no Brasil, Denise Hamú, chamou a atenção dos presentes no fórum para o aparente descaso do público com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principal agenda da Organização das Nações Unidas. “O último relatório produzido gerou três novos ODS e acredito que não chegou a ser lido”, disse. Os documentos produzidos abordaram temas de alta relevância, segundo ela, como redução de desastres naturais, adaptação à mudança climática, micro-finanças para ecossistemas baseado em adaptação, entre outros. “O enfoque integrado – pessoas, planeta, parceria… é chave para promover mudanças transformadoras”, observou a ambientalista.
Questionada sobre sua avaliação do setor de agronegócios, Denise Hamú afirmou aí estarem reunidos tantos os problemas quanto as soluções de sustentabilidade. “É uma área fundamental. O setor dispõe do uso de tecnologias de ponta para questões climáticas, para uso de áreas menores em plantio obtendo a mesma produção. Dentro do conceito de sustentabilidade não se fala apenas da área ambiental. Se não fazemos o trabalho como um todo, não conseguimos alcançar todo o resultado.”
O IX Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (CBUC), promovido pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza tem o tema “Futuros Possíveis: Economia e Natureza” e está sendo realizado em Florianópolis (SC) do dia 31.07 a 02.08 Florianópolis. Os painéis, palestras e apresentação de trabalhos envolvem áreas como inovação, tecnologia, sustentabilidade, diversidade e colaboração estratégica.
*A jornalista viajou a convite da Fundação Grupo Boticário
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Source: Rural