Elizabeth de Carvalhaes: "está na hora do Brasil ter uma política consistente de comércio exterior" (Foto: Divulgação/Ibá)
O Brasil precisa de uma política de comércio exterior mais clara e estável, calcada em acordos internacionais e normas internas que não tornem custosa a exportação. É o que defende Elizabeth de Carvalhaes, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), entidade que representa o setor de produtos florestais, como celulose e papel.
“Queremos uma estrutura competente de exportação. O Brasil é o único país da América Latina que tributa a exportação de papel porque não tem acordos”, diz ela, em entrevista a Globo Rural, lembrando que é mais fácil um país perder um mercado aberto para seus produtos do que conseguir essa abertura.
Lembrando que o país está em ano eleitoral, a executiva defende ainda que o comércio exterior seja na agenda dos candidatos à presidência da República. É necessário propor políticas que sejam, claras, seguras e que permitam projetar os negócios a longo prazo.
“Está na hora do Brasil ter uma política consistente de comércio exterior. Se o Brasil tivesse essa política mais clara, a situação econômica era outra”, acredita a presidente da Ibá.
Recentemente, a Ibá questionou medidas governo que, na visão da entidade prejudica as exportações. Algumas adotadas como compensação para dar suporte à manutenção do preço do óleo diesel, depois do acordo fechado pelo Palácio do Planalto com lideranças dos caminhoneiros para encerrar a greve ocorrida entre o final de maio e o início de junho no país.
Uma dessas medidas foi a redução da alíquota do Reintegra, de 2% para 0,1%, com a a expectativa de render aos cofres públicos R$ 2,27 bilhões. O programa prevê a restituição de parte da tributação paga nas exportações de produtos manufaturados. Outra foi a reoneração da folha de pagamentos que, na visão do empresariado, eleva custos.
“Hoje vendemos celulose considerando o benefício do Reintegra, que não vai ser cumprido. A política de desoneração da folha, que visava o fomento à exportação, deixa de vigorar. Tudo isso afeta desempenho porque afeta a precificação”, diz Elizabeth.
A indústria de produtos florestais também engrossou o coro dos que questionam o preços mínimos de frete rodoviário. Em comunicado divulgado recentemente, a Ibá avaliou que a medida, aprovada na Câmara e no Senado, deve elevar de 30% a 35% os custos do setor.
“O governo brasileiro precisa oferecer ao mercado uma revisão de sua estrutura tributária. Uma política tributário que nos permita competir com o que tem lá fora. Se o governo apenas desburocratizasse a estrutura fiscal, seria um enorme ganho ao produtor”, defende a presidente da Ibá, na conversa com a reportagem.
Apesar de pontuar as dificuldades, o cenário do mercado internacional é considerado positivo para a Ibá, especialmente na celulose. No primeiro semestre, houve aumento em volume exportado e faturamento em relação ao mesmo período em 2017. A expectativa é de encerrar 2018 com crescimento, o que deve ocorrer também em 2019.
Source: Rural