No primeiro semestre deste ano, mercados importantes como Estados Unidos e Alemanha importaram menos café do Brasil. Para o CeCafé, é reflexo da menor oferta de produto (Foto: Michael Allen Smith/CCommons)
As exportações brasileiras de café verde e industrializado somaram 30,29 milhões de sacas de 60 quilos no ano-safra 2017/2018, encerrado em junho, queda de 8,4% comparado ao ciclo 2016/2017 (33,08 milhões de sacas). É o que informa relatório divulgado nesta quinta-feira (12/7) pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé).
Respondendo por 86,4% do volume total, o embarque de café arábica somou 26,15 milhões de sacas, queda de 10% em relação à safra anterior, quando o volume foi de 29,05 milhões. O solúvel representou 11,4% do total, com o equivalente a 3,44 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2017/2018. Volume 7,6% menor que o resultado da temporada passada, quando os embarques foram de 3,72 milhões de sacas.
As vendas externas de café robusta somaram 670,8 mil sacas, com participação de 2,2% do volume total vendido para outros países entre julho de 2017 e junho de 2018. O volume foi mais que o dobro do ciclo agrícola anterior, quando os exportadores brasileiros venderam a outros países 278,4 mil sacas.
A oferta de menor de conilon nas duas últimas safras, aliás, principalmente por conta de questões climáticas, acabou impedindo que o desempenho das vendas fosse melhor no ciclo agrícola encerrado em junho. De acordo com os executivos do CeCafe, as exportações poderiam ter sido até 5% maiores na safra 2017/2018.
“Foi um ano atípico porque tivemos menos produto e isso interferiu no total, principalmente no robusta. A redução das exportações foi falta de produto. Com a oferta menor e o estoque baixo, o mercado não respondeu à demanda”, analisou o presidente do CeCafé, Nelson Carvalhaes, em entrevista coletiva concedida na sede da entidade, em São Paulo (SP).
>>> Colheita da safra 2018 alcança 38,74% até 6 de julho na área da Cooxupé
>>> Brasil embarca 2,157 milhões de sacas de café em junho, diz MDIC
>>> Importadores de café recebem o triplo do que ganham os produtores do grão
O que ajudou a amenizar a situação foi a entrada da safra nova, de acordo com o CeCafé, levando a um aumento dos embarques no mês de junho, o último do ano-safra. Especialmente no robusta, cuja exportação foi de 281,5 mil sacas de 60 quilos no mês passado. Em maio, tinham sido pouco mais de 46 mil sacas e em junho de 2017 quase 20 mil sacas da variedade.
Já as exportações de café arábica totalizaram 1,91 milhão de sacas de 60 quilos em junho de 2018, alta de 1,9% em relação ao mesmo mês no ano passado, quando os embarques foram de 1,87 milhão de sacas. Em maio deste ano, os exportadores enviaram a outros mercados um total de 1,43 milhão de sacas.
No total, somando café verde e industrializado, o Brasil exportou 2,47 milhões de sacas de 60 quilos em junho, 12,7% a mais que no mesmo mês em 2017, quando as vendas totalizaram 2,19 milhões de sacas.
“Houve a normalização da oferta de conilon, que trouxe o preço para a paridade internacional aumentando a competitividade do produto brasileiro, além do remanescente que ficou represado por conta da greve dos caminhoneiros. Por isso, o crescimento”, disse Carvalhaes.
Considerando o calendário civil, as exportações somaram 14,47 milhões de sacas de 60 quilos entre janeiro e junho deste ano, redução de 4,2% quando comparado com o primeiro semestre do ano passado, cujo volume foi de 15,10 milhões. As vendas de arábica no período foram de 12,32 milhões de sacas (-7,2%). As de robusta foram de 494,3 mil sacas, um crescimento de mais de 300% em relação ao primeiro semestre de 2017, quando foram embarcadas 119,1 mil sacas.
Com a entrada da safra nova no mercado, o CeCafé acredita em uma retomada do ritmo considerado normal de exportações no segundo semestre deste ano, em torno de 3 milhões de sacas por mês, em média. A projeção de vendas externas para o ano civil de 2018 (janeiro a dezembro) é de algo entre 33 milhões e 34 milhões de sacas de 60 quilos.
“Nós estamos muito otimistas para o segundo semestre. Temos condições de encerrar o ano civil nesses patamares, por conta da melhor safra e melhor competitividade no robusta”, disse Carvalhaes.
Receita
O faturamento dos exportadores de café no ano-safra 2017/2018 foi de US$ 4,86 bilhões, 14,3% a menos que o valor contabilizado na safra 2016/2017, de US$ 5,67 bilhões.
Só em junho deste ano, a queda no faturamento foi de 1% em relação ao mesmo mês do ano passado. O valor passou de US$ 367 milhões para US$ 363,4 milhões. No primeiro semestre de 2018, os US$ 2,24 bilhões representaram uma redução em relação ao mesmo período no ano passado (US$ 2,62 bilhões).
“A receita em dólares foi menor, mas estamos em um novo patamar de câmbio”, ponderou o CEO do CeCafé, Marcos Matos, destacando a cotação do dólar, atualmente em torno de R$ 3,70. “Aumenta a receita em reais para a cadeia produtiva”, acrescentou Carvalhaes.
Destinos
Os Estados Unidos foram o principal destino do café brasileiro na safra 2017/2018. O país comprou do Brasil 5,73 milhões de sacas, respondendo por 18,9% do volume total embarcado. A Alemanha veio em seguida, com 5,23 milhões de sacas (17,3% do total). A Itália foi o terceiro mercado mais representativo para o café brasileiro entre julho de 2017 e junho de 2018, com a aquisição de 2,80 milhões de sacas.
No primeiro semestre de 2018, os americanos mantiveram a liderança, com 2,53 milhões de sacas adquiridas dos exportadores brasileiros. O volume, no entanto, foi 13,95% menor que o do intervalo de janeiro a junho de 2017. Os alemães, na segunda posição, adquiriram 11,69% menos: 2,33 milhões de sacas entre janeiro e junho deste ano.
“Com o menor nível de estoques e o fechamento de uma safra de bienalidade baixa, é comum haver retração nos principais mercados”, avaliou Marcos Matos.
Source: Rural