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Paulo Hermann, presidente da John Deere no Brasil (Foto: Divulgação)

 

O Brasil vai dominar o agronegócio mundial em 2050, mas antes terá que derrubar algumas barreiras impostas pelos exportadores, especialmente os chineses. A previsão é do presidente da indústria de máquinas agrícolas John Deere no Brasil, Paulo Herrmann, e tem como base, além de sua experiência, as projeções de crescimento dos PIBs das principais economias do mundo feitas por uma grande consultoria internacional. “Na indústria, estou convicto de que o domínio será dos chineses. Já no setor de serviços, ninguém vai estar à frente dos indianos”, afirmou Paulo para uma plateia de quase 2 mil pessoas durante o 8º Congresso Brasileiro da Soja, que se realiza em Goiânia.

Dono do oitavo maior PIB do mundo hoje, o Brasil, segundo o executivo, deve avançar para o sexto lugar em 2050, mais que triplicando sua economia, que passa dos atuais US$ 2 trilhões para U$ 6,5 trilhões. Só será superado por China, que crescerá quatro vezes e atingirá U$ 50 trilhões, Estados Unidos (U$ 34 trilhões), Índia (U$ 28 trilhões), Indonésia (U$ 7,3 trilhões) e Japão (U$ 6,8 trilhões). A Alemanha ficará atrás do Brasil, com U$ 6,1 trilhões. “Nos vingaremos dos 7 a 1”, disse o executivo, arrancando sorrisos do público. 

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“O agronegócio brasileiro está muito bem estruturado, é o único país que tem potencial de dobrar sua produção, mantendo a preservação de 66% do território nacional, e terá o enorme desafio de alimentar chineses e indianos cheios de dinheiro e dependentes da importação de alimentos.”

Segundo Paulo, a China, com garantia de mão de obra barata para suas indústrias, maior qualidade nos produtos e escala, não tem interesse em investir na produção de alimentos. Mesmo porque lhe faltam aptidão, terra de boa qualidade e água. Mas, ele alerta que os chineses, com tradição milenar de negociar, serão importadores muito exigentes e vão esconder o volume de seus estoques de alimentos. “Precisamos deixar de ser ingênuos nas negociações. Hoje, as barreiras impostas pelos países importadores são as alíquotas, mas elas estão com os dias contados no comércio mundial.” Em seguida, vêm as barreiras sanitárias, e o Brasil tem “caído como patinho” nessa armadilha, com seu sistema de vigilância frágil. Quando o Brasil se adaptar para derrubar isso, virá a salvaguarda ambiental.

Depois de três revoluções

Para comprovar que o país está capacitado para dominar o agronegócio mundial, o executivo citou as três grandes revoluções da agricultura brasileira nas últimas décadas. A primeira, na década de 70, instituiu o plantio direto, apesar da torcida contra das indústrias de máquinas e da academia. Nos anos 90, surgiu a segunda safra (exclusiva do Brasil) e a redução drástica do ciclo da soja de 150 dias para cerca de 90 dias. A terceira revolução, que estamos vivendo, é a adoção da ILPF, “uma pistola de três canos (soja, milho e boi, mais o eucalipto como reserva)” que resulta em um uso mais eficiente da terra, da mão de obra e do maquinário. A quarta, também já em curso, é a revolução digital, com a agricultura de precisão, inteligência artificial e big data.

Para o presidente da John Deere, os grandes desafios do agronegócio hoje são a conectividade, a harmonia geracional, que consiste em atrair de volta ao campo o jovem para ajudar na adoção da tecnologia e para suceder o pai, e a equiparação entre tecnologia e capacitação/ensino. “A tecnologia avançou como um coelho nos últimos anos, mas a capacitação andou a passos de tartaruga”, compara Paulo. Segundo ele, as grandes universidades têm muita culpa nisso porque fazem de suas grades curriculares “vacas sagradas”. Para exemplificar, ele diz que não há matérias de inteligência artificial nas universidades e faltam cursos rurais.

Outros entraves  a serem vencidos são o da extensão rural e da alta rotatividade da mão de obra. “É preciso redesenhar o modelo e tornar a exensão rural menos assistencialista e mais eficiente.” Para a questão da dificuldade dos fazendeiros em reter funcionários, Paulo sugere mais investimento em capacitação, pagamento de melhores salários e uma real repartição de lucros.

O executivo deixou ainda uma alerta para os brasileiros do agronegócio: “Se a gente não produzir os alimentos necessários ao mundo, podem ter certeza de que os chineses virão comprar nossos terras e produzir eles mesmos.”
Source: Rural

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