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O aplicato analisa dados de nutrição, saúde, reprodução das vacas leiteiras e alerta o criador sobre alguma ocorrência ou emergência (Foto: Marcelo Curia/Ed. Globo)

 

A história que levou Leonardo Guedes a investir no próprio negócio começou quando ele ainda cursava engenharia elétrica na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul. Ele conta que, no grupo de pesquisa do qual participava, havia projetos de desenvolvimento de produtos em diversos segmentos. A agropecuária era um deles.

“Quando começamos, vimos que a pecuária ainda tinha pouca automação, pouco ferramental. Isso vai mudar. Mas o que muita gente viu como barreira, vimos como oportunidade”, conta o empresário.

O trabalho acabou mostrando potencial para virar negócio. Hoje é a Cow Med, startup da qual Leonardo Guedes é um dos fundadores. A proposta da empresa é analisar dados de nutrição, saúde e reprodução de vacas leiteiras e alertar o criador sobre alguma ocorrência ou emergência.

As informações são coletadas por um dispositivo eletrônico instalado em uma coleira colocada em cada animal do rebanho. De início, a estratégia da empresa foi produzir e vender as coleiras. Mas o modelo de negócio não teve sucesso, relembra Guedes. Um produto novo, desconhecido, não recebeu a confiança esperada do pecuarista.

A saída era mudar o formato, o que foi possível com a ajuda de um cliente que resolveu experimentar a coleira eletrônica em seu rebanho, como um projeto piloto, no Uruguai. Uma das vacas gerou um dado que justificava um alerta sobre seu estado de saúde. E o sistema avisou o criador.

CowMed Assistant (Foto: Divulgação)

 

“Ele me disse ‘o produto está funcionando, mas o mais interessante foi você me avisar que minha vaca está doente’. Foi o estalo que eu precisava. Percebi que não tinha que vender um produto, mas um serviço associado a ele”, conta.

A produção da coleira eletrônica hoje é terceirizada, de acordo com os padrões estabelecidos pela Cow Med. E a empresa se concentrou no desenvolvimento da plataforma online de coleta e análise de dados e na prestação do serviço de informações, treinamento e suporte ao cliente que adotar o sistema no seu rebanho.

Fechado o negócio, explica Guedes, uma equipe vai até a fazenda instalar os receptores e as coleiras, uma em cada animal. Por esse serviço é cobrada uma taxa única de adesão, em torno de R$ 3 mil. Depois, são feitos pagamentos mensais de R$ 14,90 por cabeça equipada com o dispositivo. Suporte técnico e trocas de equipamentos com defeito são inclusos no pacote.

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Instalada, a coleira coleta os dados, monta uma série histórica sobre o animal e envia para uma plataforma em nuvem. Essa plataforma, acessível via internet, permite a visualização das informações sobre cada mês. O sistema processa as informações e identifica sinais que possam indicar, por exemplo, se a vaca está no cio, no momento de parir ou de algum comportamento que possa indicar algum problema de saúde.

Qualquer ponto fora da curva é informado automaticamente ao usuário. E uma equipe de analistas, técnicos, veterinários e zootecnistas orienta sobre o uso mais eficiente da tecnologia. A promessa, segundo Leonardo Guedes, é de 98% de precisão. Ou seja, de cada 100 vezes que o sistema indicar que uma vaca tem um problema de saúde, por exemplo, em 98 é possível que, de fato, esteja.

“Terceirizamos a coleira, mas a tecnologia associada a ela é nossa. Quando instalamos, o dispositivo fica uma semana analisando o animal e é feito um plano de monitoramento”, explica o empresário, um dos expositores da Digital Agro, feira de tecnologia para a agropecuária realizada pela Frísia Cooperativa Agroindustrial, em Carambeí (PR).

A estrutura da startup é mantida por 33 pessoas e já rendeu um aporte de R$ 2 milhões, recebido em 2017 através do fundo Criatec 3. De acordo com Guedes, já são mais de 10 mil animais com as coleiras eletrônicas no Paraná, São Paulo e Minas Gerais. Até o final desse ano, ele espera ter uma base de 20 mil animais, e de até 100 mil até 2021. No Brasil e em outros países da América Latina.

Até agora, o sistema está apto apenas para rebanhos leiteiros. Mas já a partir de 2019, a ideia é ter uma versão também para gado de corte. “Temos esse interesse e a pesquisa já está em andamento”, diz Guedes, reforçando sua aposta no que vem sendo chamado de pecuária de precisão.

*O repórter viajou a convite da Frísia Cooperativa Agroindustrial
Source: Rural

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