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A importação de filés de panga (Pangasius hypophthalmus ou Pangasius pangasius) de países do Sudeste Asiático, a partir de 2009, foi o início de um novo segmento no mercado nacional de pescado a ser explorado. Com a demanda aquecida pelo peixe, cujo sabor agradou os brasileiros, a atividade de criação da espécie tornou-se mais uma opção de fonte de renda ao piscicultor nacional. No Estado de São Paulo, onde a produção de panga foi regularizada por meio do Decreto Estadual no 8.950, publicado no fim de 2016, estão localizados os criatórios pioneiros da espécie no país.

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Panga (Foto: Getty Images)

 

Dotado de excelente desempenho nos quesitos engorda e produtividade e altamente proteico para o consumo alimentar, o panga possui características que viabilizam o seu comércio com bom retorno ao criador. A espécie ainda tem no manejo em confinamento as vantagens de se adaptar às rações peletizadas vendidas no varejo, tolerar baixos níveis de oxigênio dissolvido na água e suportar elevada densidade de estocagem, devido à sua rusticidade.

De acordo com estudos realizados pelas unidades de Pindamonhangaba e de Monte Alegre do Sul da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), podem ser reunidos até dez pangas por metro quadrado se o empreendimento contar com sistema de renovação diária de 5% a 10% da água. A mortalidade na alevinagem também foi considerada baixa na pesquisa, especialmente em ciclos praticados durante o inverno, quando a incidência de parasitas externos é controlada com adição de sal ao ambiente aquático.

O estudo, que utilizou tanque escavado de 1.500 metros quadrados e rações com diferentes teores de proteína, ainda levantou dados sobre a rentabilidade da criação. Um deles foi a boa lucratividade registrada no experimento, considerando o custo operacional da atividade. Propriedades rurais, chácaras ou sítios com espaço para a instalação do viveiro são a infraestrutura mínima necessária para o investimento.

Originário das águas doces das bacias do Mekong no Camboja, na República Democrática Popular do Laos, na Tailândia e no Vietnã, o panga faz migrações de longa distância em seu hábitat natural, onde tem capacidade para atingir 1,30 metro de comprimento e 44 quilos de peso. Por lá, são criados em larga escala tanto em tanques escavados quanto em tanques-rede, com potencial de exportação que chega a mais de 100 países com preços competitivos. Por isso, vale ressaltar que, apesar de ser um empreendimento promissor, deve-se levar em conta a importância de haver estratégias frente à concorrência internacional.

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INÍCIO: Para quem ainda não é aquicultor e planeja apenas diversificar a produção de espécies de peixes, é preciso obter o registro da atividade e os licenciamentos ambientais para a criação e a outorga de água. Os documentos podem ser providenciados junto aos órgãos ambientais responsáveis pela região.

AMBIENTE: Embora o panga apresente-se bastante adaptável às condições ambientais adversas, deve-se evitar locais onde ocorrem grandes oscilações de temperatura da água ao longo do ano. O ideal é que a água do viveiro mantenha-se em temperatura de 23 ºC a 29 ºC. O pH pode variar de 6,5 a 7,5, e a espécie é resistente a variações no teor de oxigênio dissolvido na água.

VIVEIROS: Os mais recomendados são os escavados e revestidos de alvenaria, de fibra ou de chapa galvanizada, com 1.500 metros quadrados. No caso, é necessário realizar a terraplenagem e demais investimentos para a construção do projeto. Como opções para baratear, podem ser usados lagos ou açudes, por exemplo. No entanto, é preciso instalar um canal de abastecimento de água, que pode ser uma vala ou um tubo de PVC. Para regular a vazão da água e escoar dejetos e restos de alimentos, um monge deve ser instalado no tanque.

ALIMENTAÇÃO: O panga é um peixe onívoro, que consome algas, plantas, zooplânctons, moluscos e até insetos. Exemplares grandes chegam a comer frutas, crustáceos e outros peixes. Contudo, em tanques de criação, aceita muito bem rações industrializadas, que são vendidas em lojas de produtos agropecuários.

CUIDADOS: Por ser uma espécie exótica, necessita da instalação de dispositivos no tanque que evitem o escape dos peixes cultivados para o ambiente natural. Também ressalte-se que o panga tem a criação vetada em tanques-rede.

REPRODUÇÃO: As fêmeas da espécie levam, pelo menos, três anos para atingir a maturidade sexual em cativeiro, quando, em geral, já atingiram mais de 2 quilos de peso. Podem gerar mais de 2 milhões de ovos. Os machos, por sua vez, estão prontos para reproduzir no segundo ano de vida. Enquanto na natureza as matrizes desovam duas vezes por ano, no confinamento a postura é sequencial ao longo de seis a 17 semanas. Entretanto, demanda aplicar o processo de indução artificial, prática que se realiza em laboratório. Os ovos eclodem em cerca de 24 horas e, com cerca de 15 a 20 gramas, podem ser transferidos para os tanques de criação.

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Source: Rural

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