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O dólar avançou contra o real nesta sexta-feira (24/6) e marcou uma quarta semana consecutiva de ganhos, com ruídos fiscais domésticos impedindo o mercado de câmbio local de aproveitar uma recuperação de ativos arriscados no exterior. A moeda norte-americana fechou em alta de 0,43%, a R$ 5,2518, maior nível desde 8 de fevereiro deste ano (R$ 5,2604), depois de trocar de sinal várias vezes ao longo da sessão, indo de 5,2033 reais na mínima (-0,49%) a R$ 5,2770 na máxima do dia (+0,92%).

Em relação ao fechamento da última sexta-feira, o dólar avançou 2,06%, marcando a quarta semana seguida de valorização, maior sequência do tipo desde os cinco avanços semanais consecutivos completados em 8 de outubro do ano passado, acumulando salto de 10,83% no período. Na B3, às 17:13 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,28%, a R$ 5,2670.

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Dólar (Foto: 401kcalculator/CCommons)

 

Investidores mostraram neste pregão forte preocupação com a discussão de medidas do governo para compensar a alta dos preços dos combustíveis, que, por arriscarem levar a um aumento de gastos fora da regra do teto, poderiam agravar a credibilidade fiscal do Brasil.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), relator da chamada PEC dos Combustíveis, afirmou que a ampliação do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 está sendo negociada para ser incluída em seu relatório da Proposta de Emenda à Constituição, que deve ser apresentado na próxima segunda-feira.

Também estão em discussões no Congresso medidas para ampliação do valor do vale-gás a famílias e a criação de um auxílio de 1 mil reais por mês para o abastecimento de diesel de transportadores autônomos, que pretende atender 900 mil caminhoneiros até o fim do ano.

"Estão tentando colocar a maior quantidade possível de 'bondades' nessa PEC, medidas para tentar aumentar a popularidade do governo nos próximos meses antes das eleições", disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

"Uma vez concedidos os benefícios é difícil tirar depois", o que erode a credibilidade fiscal do Brasil e tem impacto direto na moeda local. "O câmbio é termômetro da confiança no país", disse Cruz.

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Investidores também reagiram nesta sexta-feira à notícia de que o IPCA-15 acelerou a alta para 0,69% em junho, leitura acima da expectativa apontada em pesquisa da Reuters de avanço de 0,62%.

As taxas dos principais contratos de DI subiram acentuadamente no dia na esteira dos dados, que impulsionaram para 75% a probabilidade implícita de um aperto de 0,50 ponto percentual na taxa Selic pelo Banco Central em sua próxima reunião de política monetária, em agosto. Há apenas poucos dias, o mercado estava igualmente dividido entre alta de 0,50 ponto e ajuste mais moderado, de 0,25 ponto.

De um lado, a perspectiva de juros mais altos pode favorecer o real, já que implica uma maior rentabilidade da moeda local. Por outro, se a inflação elevada forçar o BC a manter a Selic em níveis restritivos por muito tempo, a atividade econômica –que também tem importância na precificação da taxa de câmbio– será prejudicada, avaliou Cruz.

No exterior, as perspectivas continuavam sombrias, apesar de ampla valorização de vários ativos considerados arriscados nesta sexta-feira, movimento que Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, caracterizou como "mais um movimento de ajuste do que um otimismo em relação ao cenário global".

As ações globais dispararam e o dólar caía tanto contra moedas fortes quanto contra divisas de países emergentes nesta sexta-feira. No entanto, o risco de um posicionamento mais agressivo de bancos centrais levar o mundo a uma recessão continuava no radar de investidores, principalmente depois que o Federal Reserve aumentou os juros em 0,75 ponto percentual na semana passada, ritmo mais intenso desde 1994.

O dólar fechou apenas meio centavo de real abaixo de sua média móvel linear de 200 dias, patamar importante que, se superado, poderia desencadear mais compras de dólar. Esse nível técnico não é ultrapassado desde janeiro deste ano.

No acumulado de 2022, as perdas da moeda norte-americanas foram reduzidas para 5,77%, com o dólar 14% acima da menor cotação de encerramento deste ano, de 4,6075 reais, atingida no início de abril.
Source: Rural

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