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Bem-vindos à nova era: a das informações e desinformações produzidas e veiculadas instantaneamente no mundo digital. Elas não apuram fontes, não têm autoria clara e, na terra sem lei das mídias sociais, entronizam e demonizam pessoas, instituições, crenças e até verdades científicas. Ascensão e queda se alternam sem maiores explicações. É o poder de uma mídia apócrifa em escala planetária.

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Exemplo claro desse cenário são as questões ligadas às mudanças climáticas – um tema delicado, complexo e inconclusivo do ponto de vista científico, mas totalmente banalizado nas redes sociais. Mesmo a ciência não é unânime em reconhecer que o planeta, como um todo, está sofrendo alterações de clima, embora essa tenha sido a abordagem oficial predominante.

Existem linhas de pesquisas que consideram as mudanças climáticas como um processo natural da Terra, independentes de ações antropogênicas, aquelas exercidas pelo homem. Essas mudanças ocorrem em uma escala de tempo geológico, a exemplo da era pré-cambriana, que não permitiu a existência de vida durante 4 bilhões de anos devido às atividades vulcânicas e às altas temperaturas.

Foi necessário um gigante resfriamento do planeta e 550 milhões de anos para que as primeiras formas de vida surgissem, sendo sucedidas pelos dinossauros. Somente há 1,8 milhão de anos o Homo sapiens surgiria para alterar essa paisagem.

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Por outro lado, é fato que micromudanças climáticas podem ocorrer regionalmente determinadas por eventos climáticos aleatórios ou ações antropogênicas. A discussão, então, deveria considerar todos esses fatos para que melhor compreendêssemos sem os vieses decorrentes da agenda político-econômica internacional e das impregnações de pseudociências.

O propalado efeito estufa, de tanto ser dito e repetido em um contexto negativo, obscureceu o fato de que sem ele não haveria vida na Terra, pois todo o calor recebido do Sol seria perdido e o planeta experimentaria uma era glacial. O problema é manter esse efeito em níveis adequados. Os principais gases que podem aumentar o efeito estufa, chamados GEE, são o óxido nitroso, o dióxido de carbono, os clorofluorcarbonetos, vapor de água e o metano. Eles variam em quantidade produzida e em capacidade de retenção de calor na atmosfera.

Avaliar essa questão é uma tarefa técnica gigantesca que abrange toda a matriz energética mundial. Os maiores emissores de GEE envolvem a produção de eletricidade e calor, a indústria, o transporte e as edificações, que juntos respondem por 76% do volume de GEE.

A agricultura e a pecuária, por sua vez, respondem por 24%, neles incluído o metano, um dos pontos centrais das discussões atuais que se esquivam de abordar outras fontes emissoras e de reconhecer que o manejo correto das lavouras, pastagens e da criação animal pode compensar 20% desse volume por meio do sequestro de carbono.

Enfim, é preciso compreender que o planeta é um só, que o desafio existe e a solução passa por todos os segmentos produtivos, sendo esse o tom do último relatório do IPCC, órgão da ONU que reúne informações sobre o clima, publicado em fevereiro de 2022.

*Luiz Josahkian é zootecnista, professor de melhoramento genético e superintendente técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ)

**As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural

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Source: Rural

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