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O Plano Safra deixou de ser importante, principalmente para os grandes produtores, e não pode ficar limitado ao orçamento do governo federal. A afirmação foi feita, nesta semana, pelo diretor de Agronegócios do ItaúBBA, Pedro Fernandes, no evento One Agro, em Campinas (SP). Também durante o evento, representantes do governo federal disseram  que a intenção é fortalecer os instrumentos privados de financiamento da produção.

"O Plano Safra deixou de ser importante, especialmente quando a gente fala da agricultura empresarial”, disse Fernandes. Segundo o executivo, a entrada de crédito e investimentos privados voltados ao agronegócio estão em franca expansão. “Não que o Plano Safra não seja importante”, ponderou, ressaltando que os juros subsidiados acabam se voltando a custear agricultura familiar, pequenos e médios produtores.

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Lavouras de soja (à esquerda) e milho (à direita) no Brasil (Foto: REUTERS/Inaê Riveras)

 

 

 

De acordo com Fernandes, entre 75% e 80% do dinheiro que financia a safra atualmente é proveniente de recursos privados. “A gente ainda para em maio e junho, quando teria que comprar trator e implemento, para esperar o BNDES, por mais que só financie 20% da safra. Em vez de falar de acesso a mercado, gastamos dois meses por ano em algo que representa 1/4 do financiamento. A gente não pode se limitar ao orçamento do governo”, defendeu.

Gastamos dois meses por ano em algo que representa 1/4 do financiamento. A gente não pode se limitar ao orçamento do governo.

Pedro Fernandes, diretor de agronegócios do Itaú BBA

Representantes de bancos privados avaliam que o crédito livre – mais caro que as linhas oficiais – deve manter a tendência de ganho de espaço no financiamento da produção agropecuária no novo Plano Safra, em meio ao cenário atual de aumento de taxas e capacidade orçamentária do governo considerada limitada para garantir a equalização de juros.

Enquanto as condições não se definem, às vésperas da virada do calendário-safra, o ministro da Agricultura, Marcos Montes, tem afirmado que o crédito deve priorizar os pequenos e médios produtores, além de iniciativas de sustentabilidade na agropecuária. E tem pregado a necessidade de um Plano Safra "robusto", com uma oferta total de crédito de cerca de R$ 330 bilhões e algo entre R$ 20 bilhões e R$ 22 bilhões para equalização de taxas.

"Queríamos ter R$ 30 bilhões, mas sabemos do teto e não podemos extrapolar. A Economia tem responsabilidade. Mas tanto a Economia quanto o Banco Central tem estado atentos, junto com a nossa equipe para fazer o melhor Plano Safra possível", disse ele, no evento.

Também no One Agro, José Angelo Mazzillo Júnior, secretário do Ministério da Agricultura (Mapa), afirmou que o governo está se dedicando a mecanismos que ampliem o crédito privado a agricultores e pecuaristas. Ele defendeu que empresários explorem outros mecanismos financeiros, como a Cédula do Produtor Rural (CPR) e o Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais (Fiagro). 

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Segundo Mazillo, entre abril de 2021 e abril de 2022, foram emitidas 75.505 CPR's, o equivalente a R$ 155 bilhões. “Queremos CPR no sistema de áreas degradadas e manejo sustentável dos biomas nativos”, disse, ao relacionar a produção sustentável com maiores chances de se conseguir tomar crédito no mercado. 

Outros fatores que também darão mais segurança aos financiamentos privados, segundo ele, são a regularização fundiária e a contratação de seguro agrícola. “Seguro rural é para mitigar riscos e deixar o credor mais confortável. Dá mais previsibilidade para o retorno”, disse.

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Source: Rural

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