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Os efeitos do clima sobre a produção de algumas culturas e o aumento dos custos de produção e baixos preços pagos ao produtor, que restringiram o plantio em outras, são os principais fatores que explicam a queda do Produto Interno Bruto da Agropecuária no primeiro trimestre de 2022. A avaliação é do coordenador do Núcleo Econômico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon.

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Lavoura de soja. Produção menor impactou PIB Agropecuário no primeiro trimestre de 2022, diz o IBGE (Foto: REUTERS/Kia Johnson)

 

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o PIB da Agropecuária teve queda de 0,9% na comparação com o quarto trimestre de 2021 e de 8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. O IBGE atribui a retração no comparativo anual a quedas de produção em culturas relevantes no período, como soja, arroz e mandioca.

"O IBGE fala que é uma menor produção por causa das adversidades climáticas. Analisando bem os dados, não é bem por conta da adversidade climática, mas teve sim", ressalta o executivo da CNA, em mensagens de áudio divulgadas pelas redes sociais.

Renato Conchon destaca que a produção de soja na safra 2021/2022 foi afetada pelo clima no sul do Brasil e em parte de Mato Grosso do Sul. Lembra ainda que a safra 2020/2021 foi marcada por atraso no calendário do plantio e colheita. Mesmo assim, a produção do grão foi recorde. "A base de comparação é muito grande com 2021. Mas em 2022 teve restrições climáticas, o que influenciou para baixo a produção agora em 2022", diz.

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Conchon ressalta, no entanto, que, em outras culturas, o clima não foi o principal fator de queda na produção. Caso da mandioca, cujos preços pagos ao produtor, diz ele, estavam em patamares mais baixos em 2021, desestimulando o plantio.

"Tanto que houve queda na produção do Paraná da ordem de 13%. Não é relacionado ao clima, mas aos preços", diz o coordenador do Núcleo Econômico da CNA, acrescentando que situação semelhante foi verificada em análises da própria instituição para diversas culturas, com base em números da produção agrícola do próprio IBGE.

Renato Conchon ressalta que houve queda produção de frutas e hortaliças. Entre elas, batata (-5,5%), tomate (-7,8%) e uva (-12,2%). Destaca ainda que esses produtos são mais voltados para o consumo doméstico e que houve reduções de área plantada em algumas das principais regiões produtoras.

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"A queda na área plantada de tomate e batata estão associadas a dois fatores: o custo de produção subiu no mundo todo e para todos os produtos, commodities ou não. E esses produtos, por não serem commodities, a queda na renda da população obrigou a ter restrição de consumo de produtos agropecuários", lembra o executivo.

Conchon ressalta ainda que produtos como batata e tomate têm sido por diversas vezes apontados como "vilões" da inflação no país. Pondera, no entanto, que a alta dos preços pagos pelo consumidor nas gôndolas dos supermercados não significa, necessariamente, preços mais elevados pagos ao produtor rural.

"O produtor rural, em 2021, não se beneficiou do aumento dos preços internacionais, porque são produtos voltados para o mercado doméstico, e não conseguiu fazer o repasse. O produtor, vendo o custo de produção subir, está plantando menos e a produção vai ser menor, com reflexo na inflação e no PIB, como estamos vendo", explica.
Source: Rural

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