O vírus da gripe bovina, influenza D, foi detectado, na América do Sul pela primeira vez, por uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em parceria com a Universidade Feevale. O estudo constatou a presença do vírus em uma das amostras coletadas no Rio Grande do Sul. Até então, o vírus só havia sido encontrado na América do Norte, Europa e Ásia.
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As análises do estudo podem ser o primeiro passo para investigar as infecções bovinas de influenza D no Brasil REUTERS/Agustin Marcarian (Foto: REUTERS/Agustin Marcarian)
O estudo foi publicado em abril deste ano pelo periódico científico internacional Archives of Virology, mostrando que entre dez amostras coletadas que manifestaram doenças respiratórias, uma acabou identificando o vírus da gripe bovina. O estudo comprovou as suspeitas do professor da UFRGS, Cláudio Canal, de que o vírus já circulava no Brasil. De acordo com o pesquisador, a busca por um animal portador do vírus já ocorre há um ano.
A comprovação da presença do vírus em bovinos brasileiros veio quando um produtor contactou o professor da UFRGS, David Driemeier, para diagnosticar alguns animais que apresentavam problemas respiratórios. As amostras do exame de PCR detectaram a influenza D. Posteriormente, a UFRGS e a Universidade Feevale criaram uma parceria para caracterizar o genoma e conhecer melhor o microorganismo.
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As análises do estudo podem ser o primeiro passo para investigar as infecções bovinas de influenza D no Brasil. Os vírus C e D foram descobertos recentemente, há cerca de 10 anos, detectados pela primeira vez em suínos, nos Estados Unidos. De acordo com um estudo epidemiológico realizado em 2014 e 2015 nos Estados Unidos, com a participação do professor Cláudio Canal, 77,5% dos animais testados tinham anticorpos contra a doença, comprovando uma infecção prévia.
O vírus da gripe bovina traz uma série de complicações para saúde do animal e prejuízos para os produtores. Dados de 2020, coletados pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mostram que o rebanho do Brasil é o maior do mundo, com 217 milhões de cabeças. Essa grande concentração de bovinos pode facilitar a circulação do vírus e causar doenças que impactam a produção nacional.
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Para o professor Canal, os próximos passos dos estudos são: verificar a gravidade das doenças bovinas que a influenza D está causando e se é necessária a criação de uma vacina para combater o microrganismo.
Segundo informações da UFRGS, os anticorpos da influenza D foram encontrados em criadores de bovinos, mostrando que o vírus também circula entre humanos. Entretanto, ainda não é claro se a doença respiratória pode causar casos clínicos no ser humano, devido ao pouco tempo de estudo.
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Source: Rural