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Para plantar abacate basta colocar a semente na água? É comum encontrar pela internet vídeos de pessoas ensinando a germinar sementes de abacate utilizando ferramentas caseiras, como palitos de dente e recipientes com água. Apesar de realmente estimular o desenvolvimento de uma muda com raízes, essa prática serve muito mais como um experimento escolar do que como uma técnica de plantio, explica Carla Dorizzotto, responsável técnica do Viveiro Prima Seme.

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Carla Dorizzotto reconhece que, nos últimos anos, a busca pelos abacates e avocados têm crescido no Brasil (Foto: Reprodução/Gazipasa Haberler)

 

Nesses vídeos, a semente é espetada com alguns palitinhos e parcialmente submersa na água, com a sua parte alongada direcionada para cima e a reta para o fundo do recipiente. Com o passar do tempo – algo em torno de 100 dias – e algumas trocas da água, a semente já vai apresentar raízes em desenvolvimento espalhadas pelo líquido e um caule com folhas na parte superior. Indica-se que esse é o momento em que se deve retirar a muda da água e plantá-la no solo.

Segundo a engenheira agrônoma, esses “guias” não estão errados, mas induzem o público a simplificar demais o processo de desenvolvimento do abacateiro até a formação de suas frutas, criando uma ideia parcial sobre os cuidados com essa cultura: “É uma técnica bem didática, porque você consegue visualizar a semente do abacate germinando, mas é importante deixar claro que as frutas que darão naquele pé muito provavelmente, com quase 100% de certeza, não vão ser iguais àquela originalmente consumida”.

Abacate fortuna (Foto: Sítio Wanderley Momesso)

 

Dorizzotto explica que a muda pode ser plantada e vai conseguir se desenvolver no solo com facilidade, podendo atingir os quase 15 metros de altura, típicos da espécie, mas a produção de frutos será lenta, com uma demora de seis a oito anos para se consumir alguma fruta do pé, e incerta a respeito do tipo de abacate que vai se desenvolver na planta, isso porque “é originada a partir de polinização cruzada, com uma variabilidade genética muito grande”.

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Assim, a técnica mais recomendada pela especialista na produção do abacateiro é a enxertia, que é empregada pelos viveiros comerciais. Nesse modelo, um ramo de uma planta-mãe já desenvolvida é transplantada na muda em desenvolvimento. Esse processo é feito por meio de cortes horizontais que foram pensados para encaixar com precisão as duas plantas.

Em plantas enxertadas, a frutificação pode começar dois anos após o plantio (Foto: )

 

Com as duas partes presas, o vegetal vai passar por um processo de três ou quatro meses para aceitar o transplante e iniciar o desenvolvimento a partir da haste mais velha, que carrega consigo as características necessárias para gerar um único tipo de abacate planejado, sem surpresas, como ocorre na técnica do copo d’água.

A enxertia é uma técnica complexa, que exige mais elementos do que aqueles dispostos em casa, mas Dorizzotto pondera que também pode ser feita por leigos. Além de ser precisa sobre o tipo de fruta que será gerada, essa forma de plantar diminui o tempo que será preciso esperar para obter o abacate, cerca de três anos.

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Com os avanços tecnológicos e as pesquisas entorno da genética, a técnica de clonagem vem crescendo no setor. Nela, a engenheira explica que são realizadas duas enxertias, que tem como objetivo diminuir a variabilidade genética dos abacateiros que formam o pomar. A primeira enxertia serve para selecionar o tipo de abacate que será produzido e a segunda enxertia vai priorizar as características de qualidade da fruta.

Em comparação das três técnicas: a muda geminada no copo d’água não permite a produtor ter certeza de seu tipo ou qualidade; na enxertia, quem cultiva consegue determinar a espécie de abacate, mas não a suas características; e, por fim, com a clonagem, é possível obter a fruta com o tipo e a qualidade desejáveis – um modelo ideal para as vendas.

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Source: Rural

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