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Produtores de soja do Paraná e do Rio Grande do Sul sofreram perdas de até US$ 28 bilhões (cerca de R$ 140 bilhões) nas últimas quatro safras por causa de déficit hídrico em áreas de produção. O cálculo foi feito pelo pesquisador da Embrapa Soja José Renato Bouças Farias. Trata-se apenas da perda direta do agricultor.

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Apenas na safra 2021/2022, as perdas no Paraná e no Rio Grande do Sul são estimadas em torno a 38 milhões de toneladas do grão (Foto: Eduardo Monteiro/Divulgação)

 

Para chegar à conclusão, ele considerou desde situações como um baixo volume de água disponível para o uso até uma seca mais extrema, como na temporada atual. Nas safras 2018/2019, 2019/2020 e 2020/2021, a perdas somaram cerca de 15,8 milhões de toneladas, totalizando cerca de US$ 8 bilhões.

E apenas na safra 2021/2022, as perdas no Paraná e no Rio Grande do Sul são estimadas em torno a 38 milhões de toneladas do grão, com quebras de pelo menos 50% na safra em cada um dos estados. Em valores, ele calcula algo entre US$ 19 e US$ 20 bilhões.

"O produtor teve o custo de investimentos, de instalação de lavoura e foi o que ele deixou de colocar no bolso só nesta safra. Agora, imagine isso em cadeia", pontua Farias, que conversou com jornalistas durante o Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), em Foz do Iguaçu (PR).

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O pesquisador lembra que a soja pode suportar temperaturas mais elevadas. Mas quando falta água, o dano às plantas, muitas vezes, é irreversível. Segundo ele, esses números servem de alerta para a importância do uso de técnicas conservacionistas no campo.

Ao mesmo tempo em que são renovados os alertas sobre os efeitos das mudanças climáticas a médio e longo prazo, há problemas ocorrendo hoje: eventos, como uma seca, estão cada vez mais extremos e frequentes, com impactos maiores.

"Medidas urgentes são necessárias. Quando acontece um ataque de praga ou doença, eu tenho algo para usar. Mas, se faltou chuva, eu faço o quê? Eu não tenho nada de imediato para o oferecer", questiona o pesquisador.

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Daí a importância de se fazer diversificação de culturas ou uma boa cobertura vegetal, lembra Farias. Medidas que costumam ter efeito mais para frente na formação de um bom perfil de solo, mas que, muitas vezes, esbarram em um pensamento mais de curto prazo de muitos agricultores.

"Quando eu falo de manejo de solo, eu tenho que vender conhecimento. E não é fácil porque, muitas vezes o produtor precisa de renda e precisa plantar. Com o manejo, no curto prazo, às vezes, ele não vai ter uma renda com aquela área, mas, no longo prazo, é o melhor investimento dele", diz.

Para ele, transmitir esse tipo de conhecimento deve ser papel, principalmente, do estado. "Temos que usar toda a assistência técnica disponível. O principal patrimônio do produtor é o solo. É a base de toda a produção e, dificilmente, eu vou encontrar uma empresa privada que vai falar nisso porque não tem o que vender", pontua.

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Source: Rural

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