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A Embrapa Soja anunciou, nesta terça-feira (17/5) uma mudança na metodologia do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da oleaginosa. A principal alteração foi ampliar os parâmetros de solo, o que, na avaliação dos responsáveis pelo trabalho, deixa os critérios mais próximos da realidade atual da sojicultura nas diversas regiões do Brasil. A apresentação foi feita no Congresso Brasileiro de Soja (CBSoja), em Foz do Iguaçu (PR).

O pesquisador José Renato Bouças Farias, da Embrapa Soja, explica que, anteriormente, o Zarc incluía apenas três classes de solo, estabelecidas de acordo com o teor de argila. A nova metodologia estabelece seis, levando em conta também os teores de silte e de areia, a partir de uma base de cálculo desenvolvida por pesquisadores de outra unidade da estatal, a Embrapa Solos.

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Plantio direto da soja (Foto: Divulgação: Aneto/Embrapa)

 

É com base nesses parâmetros que passam a ser estimados os níveis de água disponível no solo em cada área de produção. Na visão dos pesquisadores, conhecendo melhor o tipo de solo e seu potencial de retenção de umidade, é possível avaliar com mais eficiência os períodos e locais de maior risco de perdas de produção por causa de condições climáticas desfavoráveis.

"O que estamos fazendo é caracterizar melhor os tipos de solo. A partir do solo, foi feito o ajuste apresentar de forma mais fiel possível o que acontece na cultura com esse solo mais caracterizado", explica Farias, acrescentando que essa caracterização melhora a precisão das estimativas de água no solo.

O ZARC é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos. O objetivo é minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos e permite a cada município identificar a melhor época de plantio das culturas, nos diferentes tipos de solo e ciclos de cultivares. Para fazer jus à subvenção concedida pelo federal ao prêmio do seguro rural, o produtor deve observar suas recomendações e alguns agentes financeiros já estão condicionando a concessão do crédito rural à observância aos indicativos do ZARC.

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No entanto, o pesquisador José Renato Bouças Farias acredita que sua aplicação pode ir além da solução de questões relacionadas ao seguro. Segundo ele, tendo parâmetros cada vez mais precisos para orientar o plantio da soja, o produtor pode planejar melhor não apenas o ciclo da própria cultura, mas também o sistema produtivo e o uso da terra. "O seguro é uma das pernas do Zarc. Mas ele é uma ferramenta de suporte à produção. Qual sistema de produção ele vai usar, que cultivares ele vai usar, definir melhor a época", diz.

Segundo o pesquisador, as mudanças na metodologia de zoneamento começaram a ser feitas pela soja por ser a principal cultura agrícola do país. Outras culturas devem passar por atualização semelhante. Mas o produtor consegue utilizar de forma associada os parâmetros para diversas culturas no planejamento do seu sistema produtivo, definindo, por exemplo, como pretende usar de forma mais eficiente as janelas de cada ciclo.

"Até quando posso semear a soja para fazer o milho de safrinha? Se é um ano de risco, vale a pena eu aumentar o risco da minha soja plantando mais cedo para depois semear o milho com maior rentabilidade? Ou quero diminuir o risco da soja, que vai ser minha principal cultura, vou plantar mais tarde, mas diminuir a janela do milho? Essa é a principal vantagem para o produtor usar o zoneamento", explica o pesquisador.

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Indutor de tecnologia

A nova metodologia de Zonamento Agrícola de Risco Climático para a soja foi desenvolvida ao longo de dois anos de trabalho. José Renato Bouças Farias explica que o projeto foi feito em cooperação com outros órgãos do governo, como  o Ministério da Agricultura, Banco Central e Conselho Monetário Nacional (CMN).

Segundo o pesquisador, a previsão é, em junho, iniciar o que ele chama de reuniões de validação com segmentos da cadeia produtiva nas diferentes regiões de produção de soja no Brasil. E até o início da próxima safra, o Ministério da Agricultura divulgar as portarias que regulamentam a aplicação dos novos critérios já para a safra 2022/2023.

"Houve uma discussão ampla com a rede de pesquisa. Concluída a metodologia, a gente apresenta de forma detalhada para todos os envolvidos na cadeia da soja. Todos vão participar, discutir e avaliar o que está sendo proposto. Algum ajuste que se façam necessários são feitos e o Ministério pública as portarias", diz ele.

Mesmo antes de entrar em vigor, o novo Zarc para a soja já está pronto para uma fase seguinte, diz o pesquisador da Embrapa Soja. Segundo ele, a intenção é, a partir da safra 2023/2024, associar os parâmetros de solo e clima a métodos de manejo da produção que, na visão dos pesquisadores, tendem a refletir na maior disponibilidade de água na área de produção.

"A gente assume que, quanto melhor o manejo, melhores as características de retenção de água nesse solo. Vai ser um conjunto de indicadores que vão definir quais práticas viabilizam uma maior retenção de água para suprir a cultura nos momentos de maior deficiência de chuva", explica.

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O pesquisador acrescenta que, desde o seu início, o zoneamento foi proposto para ser também um indutor da aplicação de tecnologia no campo. Desta forma, os diferentes níveis de manejo serão convertidos em indicadores de seu uso no campo. Farias pontua que, em meio a um cenário de eventos climáticos, como uma seca, mais frequentes e extremos, quanto mais forem adotadas práticas que conservem melhor o solo e reduzam os riscos para a cultura, mais benéfico é para o produtor.

"O zoneamento de soja já está pronto para isso. Vai ser algo com que vamos induzir a tecnologia, porque, quanto melhor for o manejo, mais indicadores ele vai atender e quanto maior o nível de indicadores  atendido, maior o nível de manejo, menor o risco", diz Farias, ressaltando que os critérios de nível de manejo ainda estão sendo elaborados.

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Source: Rural

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