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No ano em que comemoramos 25 anos de agricultura de precisão (AP) no Brasil é muito importante refletir sobre o ensino e a formação profissional afinal, são as pessoas as grandes responsáveis pelas operações e tomadas de decisões. Apesar de mais de duas décadas de uso de tecnologia na agricultura brasileira, a qualificação de mão-de-obra, em todos os níveis, continua ainda baixo e requer ações imediatas.

A ESALQ/USP foi pioneira no desenvolvimento de pesquisas, e em 1996 realizou o primeiro Simpósio sobre AP. Esta foi a primeira reunião técnica sobre o tema no país.

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A Embrapa, por sua vez, aprovou no ano de 1999 os dois primeiros projetos na área da AP, os quais eram coordenados pela Embrapa Milho e Sorgo e Embrapa Solos. Neste ano houve na área científica, a publicação do periódico "Precision Agriculture", com o objetivo de divulgar os avanços na área. Em 1999, também foram iniciadas as disciplinas inaugurais de AP nos cursos de graduação em agronomia das IES brasileiras. Ainda em 1999, a Embrapa Soja, publicou o documento intitulado “infraestrutura da agricultura de precisão no Brasil”. A publicação possuía como objetivo contribuir com os profissionais e empresas interessados no assunto, divulgando informações sobre os especialistas e pesquisadores da AP no país.

No sul do país, mais precisamente no RS, nos anos 2000, surgiu o Projeto Aquarius. Trata-se de uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) em parceria com empresas privadas, em atividade até os dias atuais. Entre os anos 2000 e 2002, a Universidade Federal de Viçosa (UFV) foi sede de duas versões do Seminário Internacional de Agricultura de Precisão (SIAP). A partir do ano de 2004, iniciou-se a realização do evento de maior importância na área de AP no Brasil, o Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP). A primeira organização do evento foi realizada pela ESALQ/USP e segue à cargo da AsBraAP (Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital).

A Embrapa, tem se mostrado forte protagonista no cenário de modernização e inovações tecnológicas no campo. Uma de suas iniciativas remonta ao final da década de 1990 e inicialização da própria AP no país, com a introdução da Rede de Agricultura de Precisão (Rede AP). Atualmente, a Rede AP possui 20 centros de pesquisa e parceiros em variados segmentos, como: instituições de ensino; agricultores; empresas e pesquisadores. O objetivo primordial se encontra na orientação adequada de práticas envolvendo a AP e desenvolvimento de novas tecnologias. Outro integrante de destaque da Rede AP é o Laboratório de Referência Nacional em Agricultura de Precisão (Lanapre), localizado no município de São Carlos (SP), na Embrapa Instrumentação.

Outras iniciativas na área acadêmica são evidenciadas no território nacional nos últimos anos. Dentre elas o Mestrado Profissional em Agricultura de Precisão situado no Colégio Politécnico da UFSM, em atividade desde 2011. Também, o curso específico no assunto, intitulado Curso Técnico em Agricultura de Precisão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Campus Panambi (RS) e o Curso de graduação tecnológica- Mecanização em Agricultura de Precisão, situado no Centro Paula Souza da Faculdade de Tecnologia, Fatec Pompeia (SP).

Em um estudo inédito no Brasil, a dissertação da Engª Agrª MSc Mariana Poll de Morais, minha orientada junto ao PPGAAA/UFSM, avaliou 162 cursos de agronomia, correspondendo a 58,1% do total de cursos de agronomia do país. A abordagem da AP como “Parte de outra disciplina” atinge percentuais superiores a 50% para todas as regiões, demostrando que essa é a principal forma de iniciação do tema nos cursos superiores de agronomia do país, independentemente da localização no território nacional. Ainda nesse sentido, as regiões Nordeste e Norte, sobressaem-se com os maiores percentuais de 78,3% e 61,9%, respectivamente.

A região Centro-Oeste, por sua vez, destaca-se pelo maior percentual da abordagem da AP como “Disciplina Optativa” em seus cursos, com 34,8%, seguida pela Norte (28,6%), Nordeste (17,4%), Sul (15,1%) e Sudeste (14,3%). Em relação as percentagens nacionais, é possível averiguar que todos os cursos participantes, afirmaram abordar a AP de alguma maneira em suas grades curriculares, ou seja, não houve registro quanto a “Não abordagem” de AP. Sendo assim, as principais formas de ministração apresentadas foram: “Parte de outra disciplina” (58,0%), seguida por “Disciplina Obrigatória” (21,1%), e finalmente, a ministração da forma “Disciplina Optativa” (19,8%).

No Brasil, 13,6% dos cursos participantes que afirmam abordar a AP como “Disciplina Obrigatória”, são de unidades de ensino privado, enquanto 8,0% dos cursos alegaram pertencer a categoria de ensino público. A região Nordeste é a única a não possuir nenhum curso ministrando AP em seu currículo como “Disciplina Obrigatória”, independente da categoria administrativa da instituição. A Região Sul destaca-se por possuir 22,6% da oferta obrigatória de AP na rede privada, enquanto 9,4% encontra-se no sistema de ensino público. A segunda região que mais oferece a AP obrigatoriamente na categoria privada é a Sudeste, com 16,7%, sobressaindo-se como principal região a oferecer AP de forma obrigatória na rede pública, com 14,3%.

Em suma, ressalta-se a importância de estudos sobre a AP, pela mesma se tratar de uma área extremamente dinâmica, complexa e interdisciplinar, necessitando de atualizações constantes. Além disso, inúmeras lacunas ainda se encontram abertas e precisam ser preenchidas pela metodologia e conhecimento científico.

*Antônio Luís Santi é professor da UFSM/FW e integrante da  AsBraAP

**As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural

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Source: Rural

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