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O dólar disparou nesta quinta-feira (5/5) e voltou a fechar acima de R$ 5, pegando carona no rali global da moeda norte-americana por receios de que os juros nos Estados Unidos tenham de subir mais do que o esperado.

A cotação mais do que devolveu toda a queda da véspera, quando investidores mostraram alívio com sinalização do chefe do banco central dos EUA de que altas mais fortes dos juros não deveriam ocorrer. Mas o respiro não durou 24 horas, e nesta quinta voltou a prevalecer o medo de um choque monetário nos EUA, movimento com potencial para sacudir os mercados em todo o planeta e drenar liquidez de países emergentes como o Brasil.

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Dólar fechou acima dos R$ 5 (Foto: Reuters//Yuriko Nakao)

 

Assim, o dólar à vista fechou em alta de 2,34%, a R$ 5,0166 na venda. A moeda variou entre alta de 0,58% (para R$ 4,9305) e ganho de 3,21% (para R$ 5,0592). Na quarta-feira, a divisa havia caído 1,26%, para 4,902 reais.

No exterior, as moedas emergentes sofriam a maior queda desde meados de março. Já o índice do dólar frente a uma cesta de rivais de países ricos saltava 1%, para o maior valor em duas décadas.

Em outro sintoma do mau humor generalizado, as bolsas de valores despencaram. O Ibovespa recuou quase 3%, enquanto em Wall Street o índice Nasdaq –mais vulnerável ao aperto monetário nos EUA por ter maior peso de ações de crescimento– desabou 5%.

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O que começa a ganhar corpo na lista de preocupações de investidores é o risco de recessão, que seria fruto do aperto rápido das políticas monetárias globais, que por outro lado poderiam não ser capazes de barrar a inflação. O resultado disso seria a estagflação, fenômeno que tradicionalmente beneficia o dólar.

"A inflação alta impede que os bancos centrais atuem, como nos períodos do passado recente, fornecendo suporte à economia e aos mercados na forma de juros mais baixos e adição de liquidez nos mercados", disse a TAG Investimentos em carta mensal.

"Isso explica a pressão no mercado de commodities, assim como uma deterioração no ambiente para os ativos emergentes ao longo do mês, em que o Brasil acabou sendo duramente afetado", acrescentou. A gestora cita "um coquetel bastante perverso" para países como o Brasil: alta de juros no mundo desenvolvido, inflação alta, crescimento mais baixo (especialmente na China), menor demanda por commodities e consequente queda nos preços das matérias-primas.

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Depois de ter se valorizado ao longo do primeiro trimestre, o real depreciou em abril e segue em queda no saldo das primeiras sessões de maio. O dólar subiu 3,79% em abril e em maio avança 1,48%, após cair 14,55% nos três primeiros meses do ano.

Essa "gordura" acumulada pela taxa de câmbio no começo de 2022 ajuda a explicar o porquê de a moeda brasileira ser agora uma das mais alvejadas pela liquidação global, com investidores realizando lucros em ativos "vencedores" durante o choque inicial da guerra da Ucrânia, que turbinou os preços das commodities.

E o cenário poderia ser pior para real caso o "beta" (uma medida de sensibilidade) em relação às ações de commodity locais fosse maior. Por uma lista do Goldman Sachs, o "beta" da moeda brasileira está no meio da tabela, enquanto rand sul-africano e peso colombiano parecem mais vulneráveis a uma correção nas ações locais de commodities.

"Vemos mais espaço para o real se desvalorizar e permanecer subavaliado em relação ao seu valor justo nos próximos meses", disseram profissionais do Rabobank em carta mensal.
Source: Rural

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