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Produtores do Paraná contabilizam prejuízos depois de tempestades ocorridas durante o feriado de Tiradentes, na semana passada. Os relatos são de perda total em lavouras de milho e morte de vacas leiteiras. De acordo com o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar), áreas de baixa pressão na Argentina e no Uruguai causaram chuvas de 100 a 125 milímetros no oeste e sudoeste do Estado com ventos de até 80 km/h.

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Milho dabificado por tempestade ocorrida no Paraná (Foto: Edmilson Zabott/Sind. Rural Palotina)

 

“Houve granizo em tempestades mais fortes no oeste e sudoeste do Paraná, foram onde ocorreram as chuvas mais fortes”, diz o meteorologista do Simepar, Fernando Mendes. Em maio, a instituição deve iniciar o envio de alertas de geada para as regiões produtoras do Estado, destaca Mendes. A temperatura mínima nessas regiões chegou a 6 graus durante o feriado, mas o meteorologista ressalta que não houve condições para a formação de geada.

Nas áreas dos municípios de Palotina e Cascavel, a chuva forte ocorreu na última sexta-feira (22/4). O vice-presidente do Sindicato Rural de Palotina, Edmilson José Zabott, afirma que plantações inteiras de milho foram perdidas. De acordo com ele, o temporal teve início às 17h no município de Nova Santa Rosa, vizinho a Palotina e se estendeu até Maringá.

A cidade de Maripá foi a mais atingida, com prejuízos também na área urbana. Os ventos fortes derrubaram a cobertura de vacas leiteiras de uma indústria e animais morreram. “A gente nunca tinha visto uma ação da natureza dessa forma, infelizmente. Quando atinge área de animais com áreas de produtora de leite e mata animais, parece que choca mais ainda, é mais triste ainda”, diz o vice-presidente do Sindicato Rural de Palotina.

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Tempestades causaram danos a estruturas e morte de animais no Paraná (Foto: Edmilson Zabott/Sind. Rural Palotina)

 

Ocorreram tempestades também em Assis Chateaubriand, Campo Mourão, Formosa do Oeste, Jurunda e Ubiratã. “Esses eventos climáticos acontecem geralmente em faixas estreitas. Mas dessa vez, a extensão atingiu cinco a seis quilômetros de largura, e se estendeu até Maringá. No milho safrinha pegou áreas altamente produtivas e causou destruição total. Mas ainda não sabemos o tamanho da área que foi afetada e os prejuízos”, diz Zabott, produtor de peixe, leite, frango e milho safrinha.

“Para a minha sorte, minha propriedade fica a quatro quilômetros de onde ocorreu o evento. Onde não foi afetado, nunca tivemos um acultura tão bem conduzida. A gente estava vendo a coisa muito além, de culturas bem implantadas. E vem isso e dá um choque, são coisas da natureza e não tem como lutar”, lamenta.

Zabott diz ainda que o agricultor médio e grande, que perdeu a safra no passado em decorrência da seca, ainda está esperando uma solução do governo para viabilizar o pagamento de dívidas. Segundo ele, o momento é extremamente delicado para os produtores, que logo terão que se preparar para a cultura do trigo e estão descapitalizados.

“Muitos não receberam o seguro, muitos não tinham seguro. Hoje precisamos ter política para atender demandas, precisamos de linhas de financiamento para a safra de trigo e ajuda para quem perdeu as lavouras, que não são poucos”, diz.

Expectativa ainda é de safra recorde

Paulo Cezar Vallini, diretor do Sindicato Rural de Cascavel, explica que havia grande esperança nessa safra de milho. Ele considera, no entanto, que, apesar de muitos produtores terem perda total da lavoura, isso ainda não vai afetar a expectativa de safra recorde.

“São problemas pontuais. É claro que, para o produtor, o prejuízo é 100%. Mas como a área de abrangência do cultivo do milho safrinha é grande, não chega a ser tão preocupante de ter uma frustração de safra. Em Cascavel, o milho está vindo muito bem, se desenvolvendo bem. Algumas lavouras estão em fase de milho verde e a produtividade, se não houver frustração climática, será acima do esperado em comparação aos anos anteriores”, explica.

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Edmar Gervásio, analista de milho do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná, tem pensamento semelhante. “Mas são situações específicas e pontuais e não deve reduzir a produtividade média. Prevemos uma grande safra, apesar dos impactos pontuais”, afirma.

A safra paranaense do milho é estimada atual em 16 milhões de toneladas. A expectativa inicial era de 15,3 milhões. De acordo com o relatório mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado no dia 7 de abril, a produção total do Brasil deve ser de 115,602 milhões de toneladas, somando os três ciclos anuais para a cultura. A segunda safra, a maior do país, deve ser de 88,53 milhões de toneladas.

“Claro que, para um produtor específico, é uma situação ruim, que pode perder até a lavoura inteira. Mas, de forma geral, não se torna relevante. Temos 2,5 milhões de hectares no Estado. A redução de produção será mínima. Mas, pontualmente, algum produtor vai arcar com o ônus de perder a lavoura”, diz Gervásio.

Tempestades, que atingiram, principalmente as regiões oeste e sudoeste do Paraná, danificaram lavouras e estruturas em propriedades rurais (Foto: Edmilson Zabott/Sind. Rural Palotina)

 
Source: Rural

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