A sustentabilidade da agricultura depende do respeito do homem a Terra, um equilíbrio defendido não apenas por ambientalistas, mas também por muitos cientistas e produtores rurais. E, especialmente nesta sexta-feira (22/4), no Dia da Terra, data que nasceu do movimento ambientalista e foi criada na década de 1960, por iniciativa do senador dos Estados Unidos Gaylord Nelson, é importante apresentar as boas práticas com o solo, fonte de alimento para bilhões de pessoas. Nesta data, a Globo Rural lista as sete principais técnicas que vêm permitindo qualidade não apenas na produção, mas da relação do agribusiness com o meio ambiente e a sustentabilidade.
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terra-crônica-solo (Foto: Thinkstock)
1 – Plantio Direto
O sistema, que completou no Brasil 50 anos em março, consiste em plantar em solo que não é revolvido por arados ou máquinas pesadas, com aberturas de pequenos buracos com máquinas especiais para permitir o contato da semente com o solo. A palha que sobra da colheita fica no solo, para garantir proteção contra erosão e fornecer nutrientes à terra. A iniciativa reduz o consumo de fertilizantes e a erosão do solo.
O Sistema Plantio Direto (SPD) adota três princípios fundamentais: mínimo revolvimento do solo, cobertura permanente com palha e rotação de culturas. Esses preceitos ainda não são seguidos à risca, e as estimativas são de que entre 15% e 20% de todos os agricultores cujas terras somam os 35 milhões de hectares que utilizam o plantio direto ainda precisam adotar o SPD.
O Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma das tecnologias que compõem o Plano ABC. (Foto: Reprodução: Embrapa)
Segundo a Embrapa, “em grande parte das lavouras de grãos no Brasil, o Sistema Plantio Direto não tem sido manejado conforme as indicações agronômicas. A falta de atenção com o processo tem causado compactação do solo, que contribui negativamente para o desenvolvimento de raízes e os fluxos da água no solo.”
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2 – Defensivos biológicos
Certos microorganismo e insetos combatem pragas para as quais se usam agrotóxicos, que acabam com as doença, mas também prejudicam todo o ecossistema, eliminando organismos que poderiam colaborar para uma terra e um produto mais saudáveis.
A startup Biogyn Soluções Entomológicas, por exemplo, cria em laboratório milhares de vespas com menos de um milímetro de comprimento (Trichogrammas), que combatem os ovos das lagartas, responsáveis por prejuízos ao produtor rural nas lavouras de tomate, soja, milho e cana-de-açúcar.
Afídeo é uma espécie de pulgão e vetor de transmissão de vírus, que pode ser usado para reduzir a população de alguma praga (Foto: Getty Images)
O interesse pelos defensivos biológicos chegou até as grandes indústrias de agrotóxicos, que buscam aliar esses produtos com os agroquímicos. Com esse tipo de defensivo biológico, é possível fazer o Manejo Ecológico de Pragas (MEP). Pesquisa realizada pela Consultoria Blink em parceria com a CropLife, entidade que representa a indústria, mercado de defensivos biológicos é promissor na agricultura brasileira e deve ter crescido quase três vezes no ano passado.
A consultoria Research and Markets divulgou em janeiro deste ano que o mercado de insumos biológicos no mundo chegará a US$ 18,5 bilhões até 2026, uma alta de 74,5% em quatro anos na comparação com valor hoje de US$ 10,6 bilhões.
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3 – Remineralizadores naturais
A guerra entre na Ucrânia prejudicou a importação de potássio pelos produtores brasileiros, uma vez que são países que exportam muito desse fertilizante. E uma solução para o problema é também a mais ecológica, que é o manejo com remineralizadores. Trata-se do uso de minerais naturais, a exemplo do gesso mineral gipsita e algumas rochas silicáticas e fosfáticas.
Aplicação de remineralizadores em área experimental da Embrapa (Foto: Embrapa/divulgação)
Nesta categoria, encontra-se o pó de rocha. Há 29 empresas que produzem remineralizadores no País já com a aprovação do Ministério da Agricultura, distribuídos em 10 Estados.
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4 – Fixadores de nitrogênio
O nitrogênio está no ar, mas para chegar até a terra, precisa da ação de microorganismos que ficam nas raízes de algumas leguminosas que processam o composto químico do ar para a terra. E o nitrogênio é essencial na produção das culturas pois é responsável pelo crescimento da planta.
Utilizam-se cultivares forrageiras com boa fixação de nitrogênio para que seja uma alternativa para garantir que o elemento esteja em boas condições no solo e, por consequência, atinja toda a vegetação até a parte aérea.
Trevo tropical em área de integração lavoura-pecuária-floresta no Sul da Bahia (Foto: Divulgação/Embrapa)
Segundo a CropLife, plantas saudáveis costumam apresentar de 3% a 4% de nitrogênio em seus tecidos acima do solo, concentração mais elevada em relação a outros nutrientes. A Estação de Zootecnia da Ceplac no extremo Sul da Bahia, em colaboração com a Embrapa, desenvolveu um sistema que combina leguminosas e braquiárias. De acordo com a Ceplac, o trevo tropical, com a capacidade de fixar 150 quilos de nitrogênio por hectare/ano no solo, evita o uso de 300 quilos de adubo nitrogenado sintético.
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5 – Adubo organominerais
Os desejetos da criação de bois, porcos e galinhas podem ser reutilizados na fertilização do solo. É preciso, no entanto, uma análise apurada do solo, pois os compostos presentes nesse material demoram para serem liberados no solo.
Pesquisa da Esalq/USP avalia que o uso de insumos biológicos à base de resíduos orgânicos ou de microrganismos pode gerar uma economia para os agricultores brasileiros da ordem de mais de US$ 20 bilhões nas próximas décadas só com a redução do uso de fertilizantes fosfatados.
Área de soja tratada com Saori e programa foliar com resultados nas folhas de baixeiro (Foto: Plant Health Care Brasil/Divulgação)
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6 – Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF)
Esse sistema, que é estudado pela Embrapa desde a década de 1980, consiste na produção consorciada de gado, lavoura e árvores para exploração comercial, muitas vezes com rotação de cultura.
A área onde é praticada esse tipo de sistema cresceu de 2 milhões de hectares para 17,4 milhões de 2005 a 2021. Só no Mato Grosso, a área cresce de 1,1 milhão de hectares em 2013 para 2,6 milhões em 2019. Essa é uma maneira de produzir de forma sustentável, promovendo a intensificação do uso do solo e a diversificação da produção em uma mesma área.
ILPF-integracao-lavoura-pecuaria (Foto: Marcelo Curia/Ed. Globo)
7 – Sistemas Agroflorestais
Modelo de produção no qual é plantado o alimento em meio à floresta, que pode ser uma forma de se produzir em Reservas Legais (RL) ou Áreas de Preservação Permanente (APP). A Lei nº 14.119/2, sancionada no dia 13 de janeiro de 2021, institui a Política Nacional de Pagamentos por Serviços Ambientais, que pode impulsionar iniciativas agroforestais pela preservação do meio ambiente.
O Pará regulamentou, por exemplo, a plantação do cacau para recuperação de áreas degradas, desde que se planta árvores nativas. A produção de cacau na Bahia é na chamada cabruca, toda em área de Mata Atlântica. Paula Costa, engenheira florestal com especialização em Gerenciamento Ambiental pela ESALQ – USP e Bióloga pela UNESP, e Valter Ziantoni, engenheiro florestal, ambos fundadores da Pretaterra, avaliam que os serviços ambientais produzidos pelas agroflorestas podem ser catalizados por sistemas implementados em unidades de conservação, terras indígenas, áreas de preservação permanente, reserva legal, excedente de reserva legal e áreas de uso restrito.
Cacau também é um dos frutos cultivados com sistema de agrofloresta (Foto: Fernando Martinho)
“Proprietários rurais, grupos familiares, comunidades, gestores de projetos e governos podem ajudar a natureza a “prestar” esses serviços. O Brasil pode deixar de ser um vilão climático e virar o jogo com a prestação de serviços ambientais como: fixação de CO2, produção de O2, reflorestamento, recuperação de nascentes, reabastecimento dos lençóis freáticos, aumento da biodiversidade e, acima de tudo, a regulação do clima. Preservar a natureza se torna uma fonte adicional de recursos para o produtor.”
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Source: Rural