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O agronegócio brasileiro vive um momento desafiador em 2022. Em uma conjuntura mundial delicada, marcada pela persistência do novo coronavírus, tensões comerciais e agora militares no leste da Europa, o Brasil plantou uma área de mais de 40 milhões de hectares de soja no ano passado. Nos últimos anos, nunca houve um plantio tão rápido, demonstrando o quanto a tecnologia e preparo dos agricultores evoluiu nos últimos anos. 

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Vozes do Agro (Foto: Estúdio de Criação)

 

Em contrapartida, o fenômeno La Niña, que se verifica periodicamente, prejudicou os prognósticos da safra 2021/2022. Desde novembro, o volume de chuvas foi inferior ao mínimo necessário. As temperaturas acima da média do verão, especialmente em janeiro, agravaram o quadro. As primeiras colheitas, no oeste do Paraná e de Mato Grosso do Sul, têm sofrido diretamente o impacto desse cenário adverso. Consultorias do setor tendem a calcular, este ano, uma safra de 125 milhões de toneladas, cerca de 14% inferior aos 145 milhões de toneladas colhidos em 2021/2022.

Os três Estados do Sul, em especial, o Rio Grande do Sul, respondem pela maior parte das perdas previstas. Foi nessa região que a estiagem e as altas temperaturas fizeram os maiores estragos. Embora as chuvas no início do mês de fevereiro tenham trazido algum alento, estima-se que, em regiões gaúchas como Depressão Central, Planalto Médio e, especialmente, Missões, o prejuízo seja irreversível. No RS, a quebra deve ficar em mais de 50%.

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Enquanto isso, nos Estados Unidos, há uma safra positiva em 2021, com recuperação de preços e bushel batendo cotações históricas. A produtividade da soja retomou patamares elevados, chegando a 120 milhões de toneladas e propiciando a melhor safra em volume de grãos desde 2016. Fatores externos, como o impacto da Covid-2019 e a manutenção da demanda da China, tiveram impacto positivo sobre consumo e preços.

O comportamento dos preços dos insumos em 2022 sofrerá os efeitos desse panorama contraditório. As principais formulações de fertilizantes mais do que duplicaram no último semestre. Com os efeitos da seca no Sul do país, o mercado está em compasso de espera. Somado a isso, o trágico conflito na Ucrânia cria um cenário nebuloso no horizonte.

O governo brasileiro busca o aumento de exportações de potássio de países como Canadá e Irã, além de enfrentar o bloqueio da Bielorrússia (cerca de 20% do potássio utilizado do Brasil vem do pequeno país do leste europeu, maior produtor mundial). As consequências do conflito entre Rússia e Ucrânia poderão acentuar o impacto, sendo um ponto de atenção ainda neste primeiro semestre.

O foco total para o produtor deve ser, a partir de agora, o planejamento agronômico não somente para as principais culturas. O agricultor deve decidir qual sistema, qual rotação, qual planta de cobertura e estratégia ele irá adotar. Está aí, sem dúvida, a grande oportunidade para direcionamento do potencial das lavouras e manutenção de rentabilidades.

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Em um ano difícil como este, principalmente para os agricultores no sul do Brasil, a ausência de água no solo e nas zonas de manejo são limitações a serem trabalhadas. Sendo assim, a incorporação e uso de tecnologias que possam prover análises e um futuro planejamento agronômico tornam-se cada vez mais necessárias em busca da rentabilidade.

Outro ponto a ser destacado é o momento de comercialização no estágio atual. Os preços globais, diante das instabilidades mundiais, apresentam uma grande oportunidade para negócios em patamares anteriormente nunca imaginados.

Por isso, é necessário apostar em profissionalização, qualificação e melhorias tanto em termos técnicos como humanos a fim de encarar as instabilidades do futuro. Na futura safra 2022/2023 serão essas “ferramentas” que poderão auxiliar ainda mais o produtor e contribuir para um grande ano para o agro brasileiro.

*Guilherme Lobato é Presidente do Conselho de Administração da ConnectFarm

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de sua autora e não representam, necessariamente, o posicionamento editoria da revista Globo Rural
Source: Rural

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