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A disputa por terra em áreas de fronteira agrícola e de mineração levou à morte de 144 pessoas em 2021, sendo 35 delas alvo de assassinatos e 109 vítimas da violência que marcou essas regiões em 2021. É o que aponta um levantamento divulgado nesta segunda-feira (18/04) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e que destaca  a ocorrência de dois massacres nesse período, sendo um na terra indígena Yanomami em Roraima e outro no acampamento de trabalhadores rurais sem terra Ademar Ferreira, em Rondônia.

Capsulas de munições usadas durante massacre de trabalhadores sem terra em Rondônia (Foto: Divulgação/CPT)

 

Rondônia foi o estado com o maior número de assassinatos (11) e onde ocorreu um dos massacres em 2021. Maranhão vem em seguida com 9 assassinatos, seguido de Roraima, Tocantins e Rio Grande do Sul, cada um com 3 assassinatos. Dentre as vítimas, 10 eram indígenas, 9 sem-terras, 6 posseiros, 3 quilombolas, 2 assentados, 2 pequenos proprietários, 2 quebradeiras de coco babaçu e 1 aliado.

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O número de sem-terras assassinados aumentou 350% de 2020 para 2021, passando de 2 para 9, da mesma forma o número de posseiros aumentou 500%, passando de 1, em 2020, para 6, em 2021. As mortes em consequência saltaram de 9, em 2020, para 109, em 2021. Um aumento de 1.110%. Dessas, 101 foram de indígenas Yanomamis. Aumentou, ainda, o número de torturados, passando de 9 para 13, um acréscimo de 44% e de agredidos, que passou de 54 para 75, um aumento de 39%.

Do total de assassinatos, 28 ocorreram em Estados da Amazônia legal, o que representa, 80% do total. Segundo o CPT, a violência na região reflete “não só a ferocidade da grilagem e do latifúndio, como também o emparelhamento protetor do Estado brasileiro ao setor ruralista”. A região concentrou também 52% dos conflitos por terra no Brasil e 61% do número de famílias envolvidas.

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“A maior parte dessas áreas é de territórios indígenas e de seringueiros/extrativistas, ou seja, territórios protegidos na forma da lei. Trata-se da ampliação dos níveis de expropriações que atua tanto nos conflitos por terras do campesinato, quanto em terras que formam os territórios protegidos", avalia, em nota, o professor da Universidade Federal de Rondônia, Ricardo Gilson.

Já o antropólogo Alfredo Wagner destaca em análise sobre os números apresentados pelo CPT que “o total de famílias atingidas pelas ocorrências de conflitos de terra, no decorrer de 2021, reflete a tendência ascensional dos últimos cinco anos, correspondendo a 164.782, sendo que 17.706 dentre elas encontram-se ameaçadas de despejos judiciais. Vale reiterar que a área total destas ocorrências de conflito perfaz 71.242.731, 75 hectares, ou seja, mais de 8,3% da superfície do País”.

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No ano de 2021 foram 2.143 famílias despejadas, um aumento de 12% em relação ao ano de 2020. Também houve aumento de 18% na quantidade de famílias expulsas em 2021, passando de 469 em 2020, para 555 no último ano. Mais uma vez, destacam-se os números da Amazônia legal, com 64,5% das ameaças de expulsão, 63% das contaminações por agrotóxico, 78% dos desmatamentos ilegais, 87% das expulsões, 81% das grilagens, 82% das invasões, 69% das pistolagens, 73% das omissões/conivências do Estado e 70% das violações nas condições de existência. 

“Nesta região, a violência segue o ritmo do desmatamento, da pastagem e da soja, sempre rumo ao norte, em uma verdadeira cruzada de saque (desmatamento e minério), apropriação ilícita de terras públicas (grilagem) e violência física contra povos tradicionais, em seus territórios ocupados (expulsão, pistolagem e assassinatos)”, completa o CPT.
Source: Rural

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