A Regeneração Natural Assistida é uma porção de técnicas simples e baratas, que podem acelerar a recuperação de vegetação e floresta em áreas degradadas com o mínimo de intervenção humana. O método foi criado pela FAO ainda na década de 70, como uma solução para acelerar este restabelecimento da paisagem, à medida que a regeneração por si só pode levar anos e o plantio de árvores em larga escala também exige um longo tempo para mostrar os benefícios, além de custar caro ao produtor.
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Floresta recuperada contrasta com plantação de eucalipto em área da Suzano (Foto: Divulgação)
“A regeneração natural demora muito e não necessariamente será eficaz, já o replantio é custoso. A RNA fica no meio dessa história”, resume Julio Alves, analista de pesquisas do World Resources Institute (WRI).
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Isso significa que a RNA, como é conhecida, visa recuperar a camada de vegetação em determinada área, por meio de processos naturais, mas com uma "ajudinha" humana. São manejos que podem ser adotados por qualquer produtor rural, visando a retomada mais rápida dos serviços ecossistêmicos, por exemplo, a recuperação de nascentes, equilíbrio da fauna e flora, presença de polinizadores, entre outros benefícios que uma simples vegetação bem cuidada pode proporcionar.
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“Aquele mato com aspecto sujo, em algum canto da propriedade, tem sua função. Ao ser recuperado, ele colabora com toda a integração da área. A RNA ainda também é uma técnica de conservação, servindo para adequar Área de Preservação Permanente e Reserva Legal, colaborando com o cumprimento do Código Florestal”, comenta Julio.
RNA na Amazônia
Existe um alto potencial para restauração florestal em larga escala no bioma Amazônia a partir da conservação da vegetação secundária, ou seja, aquela que já sofreu algum tipo de intervenção e não está mais em sua formação original. Neste contexto, a RNA pode ser aplicada à vegetação secundária, não demanda um longo prazo e ainda viabiliza a entrada do produtor nos pagamentos por serviços ambientais.
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Caso a vegetação secundária seja conservada por pelo menos 30 anos, é possível adquirir características semelhantes às da vegetação original, assim assumindo um aspecto de “floresta madura”, capaz de contribuir de forma mais significativa para barrar o aquecimento global.
De acordo com o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), 5,2 milhões de hectares do bioma estão em áreas que não competem com a atividade agrícola de grãos, vegetação a qual está dispersa nas antigas e novas fronteiras do desmatamento.
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Esta extensão, portanto, pode receber a RNA, sem significar competição com o plantio de grãos e ainda contribuindo para o cumprimento da meta estabelecida na Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg), que visa recuperar 4,8 milhões de hectares desmatados no bioma.
“Muitas vezes, antigamente, a área foi aberta, perdeu solo, perdeu água e agora o produtor já percebeu isso, que fica mais vulnerável a eventos climáticos. Independentemente de ser algo legal, também tem essa percepção de adequação ambiental e produtiva”, comenta Andréia Pinto, pesquisadora do Imazon.
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“Ninguém vai querer deixar pasto sujo crescendo, então a RNA também tem a finalidade econômica”, complementa ao esclarecer que o retorno financeiro não é imediato, “mas a recuperação da água na propriedade não tem preço”.
7 passos para RNA
As medidas para a Regeneração Natural Assistida dependem do diagnóstico a ser feito na área. Os pesquisadores dizem que é essencial o produtor ter uma noção clara sobre a propriedade, como onde estão localizadas áreas degradadas, potenciais APPs, nascentes, entre outras características que irão nortear a adoção da RNA.
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Feita esta análise mais ampla, sete passos gerais – considerando também quem pratica pecuária – são indicados pelo WRI para um manejo constante. Confira abaixo:
1. Isolar a área: esta é uma maneira de retirar fatores de degradação, a exemplo da exploração inadequada de produtos florestais ou invasão de animais. Para isso, a instalação de cercas é uma sugestão. Os pesquisadores ainda comentam que isolar a área não é sinônimo de abandoná-la, mas sim deixá-la reservada para que a vegetação nativa cresça sem enfrentar novos episódios de degradação, como o pisoteamento da grama pelo gado.
2. Proteger a vegetação em regeneração: As plantas que nascem espontaneamente em uma área podem ser protegidas por meio de coroamento, o que significa a retirada da vegetação do entorno de uma planta para diminuir a competição por nutrientes e luz. A adubação de cobertura também aumenta as chances de acelerar a regeneração.
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3. Evitar o fogo: Proteger a vegetação em crescimento contra o fogo, por meio de ações preventivas e instalação de aceiros ao redor da área, é uma forma eficiente de assistir à regeneração.
4. Manejar o gado: Retirar o gado da área a ser restaurada e controlar o acesso às pastagens em regeneração evitam que o gado e outros animais pisoteiem ou comam as plantas em regeneração.
5. Inserir espécies nativas: Em uma área em que a regeneração já esteja em andamento, é possível enriquecê-la com germinação e plantio de espécies nativas. Isso pode ser feito com árvores de importância ecológica e espécies com uso econômico. A intervenção de enriquecimento pode incluir a dispersão de sementes, a muvuca de sementes e o plantio de mudas.
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6. Controlar espécies invasoras e/ou exóticas: Espécies invasoras ou exóticas podem se espalhar descontroladamente se não contidas, competindo por luz e nutrientes, a exemplo da gramínea braquiária. Controlar espécies por meio de capina seletiva é uma forma de auxiliar a regeneração de uma área.
7. Controlar formigas e outros insetos: Formigas cortadeiras, cupins e outros insetos podem se tornar pragas, provocando atraso no crescimento ou mesmo morte da vegetação. Ainda assim, não é preciso matar os insetos, mas controlar a infestação para que as espécies em regeneração continuem saudáveis e em crescimento.
Source: Rural