As vendas de peixe para a Páscoa deste ano poderão ser até 20% menores em comparação com 2021. Essa é a estimativa do presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), Eduardo Lobo. Segundo o executivo, o principal motivo é a queda na renda do brasileiro associado ao aumento dos custos de produção.
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Tambaqui_peixe (Foto: Getty Images)
Os preços do produto também tiveram forte alta. De acordo com levantamento realizado pela Associação Paulista de Supermercados (Apas) com base de dados da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em 12 meses até março deste ano o preço da merluza subiu 20,87%, enquanto o cação registrou alta 18,19% e o bacalhau 15,82%. A sardinha foi o pescado que teve a menor variação, com avanço de 7,14% no período.
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Essa alta nos preços é reflexo do aumento do preço da soja e do milho, ingredientes da ração dos peixes. Segundo a Peixe BR, a ração representa 75% do custo do produto que, por causa da valorização das commodities, subiu até 40% no ano passado. Além da piscicultura, a pesca do produto na natureza também sofreu com o aumento dos combustíveis. “Há um achatamento do poder de compra e elevação no custo de produção”, explica Lobo.
"As margens ficaram estreitas para toda a cadeia. Há produtores que estão no negativo”
Francisco Medeiros, presidente-executivo da Peixe BR
Francisco Medeiros, presidente-executivo da Peixe BR, que representa os psicultores, frigoríficos e a indústria de ração no setor, explica que os preços ao consumidor subiram, mas não no nível de aceleração dos custos de produção, deixando muitos produtores com margens apertadas. “Em época que você consegue repassar os custos, você transfere para o consumidor. Mas vimos uma redução na compra em função da perda de poder aquisitivo da população, e tem que segurar o preço. E o produtor não tem como repassar, as margens ficaram estreitas para toda a cadeia. Há produtores que estão no negativo”, diz Medeiros.
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Embora espere vendas menores que na Páscoa do ano passado, Medeiros conta que no mês da Semana Santa há uma alta de 20% nas vendas em comparação aos outros meses. “Com relação à Páscoa passada, vamos vender menos”, diz ele, que prefere não dar previsões, à espera do desempenho do produto nas gôndolas.
Otimismo
José Luiz Carvalho, proprietário da Rosa Pesca e da Gol Fisher, distribuidores de peixes de psicultura de água doce para o Ceagesp, em São Paulo, discorda dessas previsões. “Eles são mais pessimistas. Eu nunca vendi tanto em feira de Quaresma como estou vendendo nessa”, afirma. Ele conta que só nesta quinta-feira (07/04) a carga de 110 toneladas de tilápia, 10 toneladas de pintado e 12 toneladas de tambaqui entregues pela manhã já se esgotou.
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“As vendas estão bem, não foi suficiente o abastecimento”, explica Carvalho. “Hoje a tilápia não tem peixe comparada com ela. Na Semana Santa serão 13 caminhões com 220 a 240 toneladas só de tilápia, outros 45 toneladas de pintado e 55 toneladas de tambaqui.”
Os supermercados também estão mais animados. Diego Pereira, economista da Apas, espera uma alta de 5% nas vendas dos produtos sazonais da Páscoa, como peixes, chocolates, vinhos, entre outros produtos. Apesar de não ter um dado específico sobre como será a venda de peixes, o economista explica que o consumidor está fazendo suas pesquisas e alterando seus hábitos de consumo. Se antes consumia bacalhau, está migrando para a pescada ou para a sardinha, que sofreu uma inflação menor.
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“O setor está otimista para as vendas de Páscoa, vemos um crescimento em decorrência de não ter ocorrido encontros presenciais no ano passado, quando a gente ainda estava em afastamento social. Em 2022 temos a oportunidade de reencontrar os familiares e amigos e, por isso, esperamos alavancagem das vendas”, afirma.
Aumento nos preços
De acordo com levantamento da Fiesp, todos os peixes analisados tiveram aumento no preço nos últimos 12 meses. Entre os que ficaram mais caros neste intervalo estão merluza (20,8%), cação (18,19%) e bacalhau (15,82).
No entanto, quando considerada apenas a variação dos valores em março deste ano, algumas espécies ficaram mais baratas, como é o caso da corvina e da merluza, que tiveram queda de 3,25% e 3,58%, respectivamente.
Veja a variação do preço dos peixes:
Variação no preço dos peixes (Foto: Estúdio de Criação)
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Source: Rural