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As exportações de carne suína para a China, principal mercado da proteína brasileira, caíram 41,48% em março, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (8/4) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

O país asiático importou 34 mil toneladas, seguido por Hong Kong, que também reduziu as importações para 9,7 mil toneladas (-44,2%). O destaque positivo foi Filipinas, que importou 6,8 mil toneladas, um aumento de 255,2%, seguido por Singapura, com 5,2 mil toneladas (+36,4%), e Argentina, com 5 mil toneladas (+71,5%).

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Forte redução das exportações para a China está na raiz da crise atual vivida pela suinocultura (Foto: Rogério Albuquerque / Editora Globo)

 

Quando considerados todos os destinos da carne suína brasileira, o recuo dos embarques foi de 16,3% em relação a março de 2021, com 91,4 mil toneladas, somando as carnes in natura e processadas. Em receita, as vendas de carne suína no mês foram de US$ 190,3 milhões, 27,3% menor que as US$ 261,7 milhões de março de 2021.

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No trimestre, os embarques também caíram: foram 237,5 mil toneladas, uma redução de 6,3% em relação às 253,5 mil toneladas exportadas no mesmo período do ano passado. Em receita, a queda foi de 16,1%: US$ 498,5 milhões ante os US$ 594 milhões registrados nos três primeiros meses de 2021.

Ao comentar a redução nas exportações, Ricardo Santin, presidente da ABPA, preferiu ressaltar que houve uma recuperação em relação à média do primeiro semestre de 2021. “A comparação com março do ano passado, que registrou o segundo melhor desempenho da história do setor, pode parecer negativa. No entanto, ao compararmos com meses anteriores, os dados acenam para a melhora dos níveis de exportações, que têm contribuído para a redução dos impactos da forte crise gerada pelos custos de produção históricos.”

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É justamente o aumento dos custos de produção e a queda de preço e vendas que têm tirado o sono de suinocultores e entidades de produtores em todo o país.

A forte redução das exportações para a China, maior consumidor mundial de carne suína, está na raiz da crise atual vivida pela suinocultura, que tem levado produtores e entidades a protestarem nas ruas e fazerem doação de carne para chamar atenção sobre seus prejuízos. O país asiático vem diminuindo as compras desde o final do ano passado porque conseguiu recompor seu plantel suíno, que havia sido dizimado pela Peste Suína Africana (PSA).

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Com a janela de oportunidade de exportar mais para os chineses aberta em 2018, a suinocultura brasileira, especialmente os produtores da região sul que lideram o ranking nacional, aumentou sua produção investindo no plantel e em tecnologia, o que elevou a produtividade média por reprodutora de 23 para 28 leitões por ano. No ano passado, a produção atingiu 4,8 milhões de toneladas, um aumento de 8% em relação a 2020.

A guerra entre Rússia e Ucrânia também frustrou os planos do setor de voltar a exportar carne suína para a Rússia, que já foi o maior mercado da carne brasileira. No final do ano passado, os russos abriram uma cota de importação de 100 mil toneladas para o Brasil sem a taxa de 15%, mas não houve embarques devido às sanções impostas ao país por Estados Unidos e Europa.

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Com os custos de produção mais elevados e oferta maior que a demanda, os preços no mercado interno caíram, levando produtores independentes, aqueles que não têm contrato com a indústria, a operarem no vermelho. Mesmo em menor escala, produtores integrados, cooperativas e agroindústrias também sentem os efeitos da crise.

Luiz Rua, diretor de mercados da ABPA, diz que a China vai continuar comprando carne suína brasileira nos próximos meses. “A esperada melhora da situação da Covid lá e o respectivo relaxamento das restrições ao trânsito de pessoas seguramente aumentarão a demanda pela carne suína importada de maneira geral, utilizada majoritariamente como matéria-prima para restaurantes e por processadores locais.”

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Segundo o diretor, a difícil situação de mão-de-obra em países concorrentes do Brasil na produção dessa proteína animal também deverá possibilitar que o setor aumente seus volumes embarcados no curto e médio prazo.

No próximo dia 26, produtores e entidades lideradas pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) vão ao Congresso apresentar a situação e suas demandas aos parlamentares.
Source: Rural

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