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No dinamismo da atividade agrícola, entre operações e variáveis que fazem parte das duras rotinas em campo, os dados são um ativo que fazem a diferença para tomada de decisão e geração de valor com os públicos de interesse como fornecedores de insumos, credores, certificadores, compradores assim como organizações ambientais e consumidores finais.

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Além de orientar as atividades da cadeia produtiva, na mão de quem produz, os dados permitem melhor planejamento, mais transparência para conformidade socioambiental, melhor acesso ao crédito e maior remuneração ou prêmio pela commodity produzida. Dados são o novo ouro. Se direcionados para a produção sustentável, um ouro verde e reluzente.

Vozes do Agro (Foto: Estúdio de Criação)

 

De acordo com a ABFintechs (Associação Brasileiras de Fintechs), o “Open Banking” tem como objetivo colocar os clientes no centro das relações com as empresas, dando poder para que decidam quem vai ter acesso às suas informações para que os bancos, as fintechs e outros agentes forneçam os produtos e serviços mais acessíveis e personalizados.

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Open Banking envolve um conjunto de regras e tecnologias que permitirá o compartilhamento de dados de clientes entre organizações financeiras com a integração de seus sistemas. Se esse movimento já está ganhando forma no mercado financeiro, logo mais poderá avançar porteira adentro e empoderar produtores num modelo de “Open Farming”, onde dados produtivos serão fonte para customização, melhor consumo de soluções entre outras oportunidades.

Nesse contexto e como parte da agricultura 4.0, as startups surgem como aliadas para que a agropecuária passe a obter melhores resultados, orientados por dados, para produzir mais e com melhor uso de insumos e recursos naturais. O desafio, porém, está em avaliar entre as diversas opções de mercado qual é a tecnologia que pode contribuir de forma simples, com rápida assimilação em campo, para integrar as várias camadas da operação de uma fazenda.

Dentre as 1.574 agtechs brasileiras (Radar Agtech Embrapa 20/21), o que não falta é solução para atender problemas agrícolas reais. Não existe uma “bala de prata” que resolva tudo, mas talvez falte cooperação para criação de um ecossistema integrado dessas novas tecnologias. E aqui não se propõe a reinvenção da roda e muito menos a quebra de propriedade intelectual, isso porque dentro da cultura da inovação conceitos como “software livre” e “código aberto” já são difundidos entre desenvolvedores como uma alternativa para criação de produtos e plataformas com maior potencial de escala e retorno.

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Imagine o benefício de uma rede de inteligência coletiva, mas com cada startup olhando para aquilo que é a sua fortaleza seja ela solo, biológicos, clima, manejo, plantio, colheita ou a mistura de tudo e mais um pouco. E do outro lado produtores rurais com apetite pelo novo, mas com o desejo de ter algo unificado para a sua gestão.

Nesse ponto, uma opção que já se mostra viável são as APIs (Interfaces de Programação de Aplicações). A API é criada quando uma empresa de software tem o objetivo de que outros desenvolvedores criem produtos associados ao seu serviço. De maneira sucinta, a API permite que programas se comuniquem e possibilita, por exemplo, a integração de dados entre os sistemas das agtechs.

É o caso da AgroAPI da Embrapa, que oferece informações e modelos agropecuários que podem ser utilizados para a criação de programas, sistemas web e aplicativos móveis com o benefício de redução de custo e tempo. Já em nível global, a “AgStack”, lançada em maio de 2021 pela Linux Foundation, se apresenta como um projeto de infraestrutura digital de código aberto para o ecossistema agrícola mundial.

Intercâmbio e integração parecem ser a fórmula para startupeiros seguirem firmes em busca da lenda da plataforma perfeita. E por falar em lenda, no ambiente de inovação e nas lavouras do país já se especula qual será o primeiro “unicórnio” agtech brasileiro, ou seja, a startup que conseguirá atingir um valor de mercado superior a US$ 1 bilhão.

Unicórnios são seres mitológicos muito presentes nas culturas estrangeiras. Por isso, torço para que o nosso primeiro espécime rural venha a galope, mas conduzido por um matreiro tupiniquim. Que as suas rédeas estejam na mão de uma figura como o Curupira, profundo conhecedor e defensor das nossas matas e animais, com os pés virados na contramão do que o mercado segue para unir o ecossistema em cooperação e exportar nossa tecnologia ao mundo.

*Ricardo Campo é Coordenador de Inovação da Raízen e Gestor do Pulse Hub.

** As ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

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