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O preço do café já caiu quase 15% neste mês, pressionado, principalmente pela queda das cotações na Bolsa de Nova York, que se acentuaram desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que estava em torno dos R$ 1,5 mil a saca de 50 quilos em fevereiro, fechou a quarta-feira (30/3) em R$ 1.224,94. No acumulado do mês, a baixa é de 14,6%.

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Rabobank projeta safra menor de arábica e recorde no conilon (Foto: Davilym Dourado/Ed. Globo)

 

Os pesquisadores do Cepea avaliam que o conflito militar no leste europeu acentua as incertezas no quadro de oferta e demanda global. A situação leva operadores do mercado de café nas bolsas a trocarem suas posições por contratos de commodities mais rentáveis, pressionando os preços de referência para o mercado internacional.

"A baixa dos preços do arábica e o cenário de incertezas – tanto em relação aos valores da commodity quanto aos custos de produção – mantêm vendedores afastados do mercado spot nacional. Assim, apenas alguns negócios envolvendo poucos volumes vêm sendo concretizados", diz o Cepea, em nota.

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As cotações do conilon também estão em queda, de acordo com o Cepea, mas de forma menos acentuada. O indicador medido pela instituição fechou a quarta-feira (30/3), em R$ 784,28 a saca de 60 quilos, desvalorização acumulada de 2,55%. Entre os dias 22 e 29 de março, a retração foi de 4,3%, o equivalente a pouco mais de R$ 35 a saca.

Em relatório divulgado nesta semana, o banco holandês Rabobank destaca que, mesmo com a queda, os valores atuais estão cerca de 65% maiores que os registrados no mesmo período em 2021. De acordo com os analistas, esses preços ainda refletem, em parte, os problemas com seca e geada, que reduziram o potencial produtivo dos cafezais na áreas de arábica.

Na mais recente estimativa de safra brasileira, a instituição financeira aposta em uma colheita de 64,5 milhões de sacas de 60 quilos, sendo 41,4 milhões de arábica para 2022/2023. A queda, no total, é de 10,4%, e, na variedade, de 21,9%, em comparação com o último ciclo de alta na produção. A produção de café conilon deve ser recorde, de 23,1 milhões de sacas.

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Ainda de acordo com os analistas, o gargalo logístico seguirá sendo um importante desafio para o setor. Citando indicadores de referência para fretes de contêiner, o Rabobank destaca que o preço caiu 8,7% em março (até o dia 24), ficando próximo de US$ 8,5 mil. No entanto, ainda é 73,9% que em março de 2021.

"A expectativa é que os problemas logísticos persistam ao longo de 2022. Em relação ao consumo global, o Rabobank projeta um crescimento para o ciclo 2021/22 de 2,5% em relação ao ciclo anterior. No entanto, além do conflito entre a Rússia e Ucrânia (que representam cerca de 3,5% da demanda mundial), o repasse dos altos preços de café ao consumidor diante da pressão inflacionária global, trazem preocupações à demanda", diz o banco.

Diante do cenário, a expectativa dos analistas é de que os preços do café sigam tendo algum suporte, pelo menos ao longo do primeiro semestre deste ano. Os analistas destacam ainda que a alta global nos custos de fertilizantes são outro fator de incerteza. O alto custo de produção pode levar o produtor a aplicar menos adubo na lavoura reduzindo o potencial produtivo.
Source: Rural

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