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É preciso deixar de catastrofismo, ver as coisas pelo lado do “copo cheio” e ter mais calma na discussão sobre os fertilizantes que o Brasil precisa importar para manter a produtividade de suas lavouras porque há estoques em navios, no porto, nas indústrias, nas fazendas e no solo. A afirmação foi feita, nesta sexta-feira (25/3) por Eduardo Daher, diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), com o apoio de Carlos Henrique Heredia, conselheiro da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).

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Navio com fertilizante. Executivos da Abag e da Anda avaliam que nãio faltará no curto prazo no Brasil (Foto: Divulgação)

 

“Não vai faltar fertilizantes a curto prazo e a Rússia, que está em guerra com a Ucrânia, não é o maior fornecedor de fertilizantes do mundo. É o segundo maior, depois do Canadá”, disse Daher, durante a entrevista coletiva de apresentação da Agrishow, que será entre os dias 25 e 29 de abril, em Ribeirão Preto (SP). Segundo ele, o fertilizantes estar mais caro neste momento faz parte da oferta e demanda. “O que o agricultor precisa é ficar de olho no clima e no câmbio e fazer contas.”

Segundo Daher, o agro já vivenciou outras crises dramáticas, como em 2003 e 2004, e sobreviveu. “Somos o quarto maior mercado de agro do mundo e não há necessidade de pânico, já que o preço das commodities continua alto.”

Heredia, da Anda, afirmou que a indústria, que entregou 46 milhões de fertilizantes no ano passado, está trabalhando para que não falte o insumo, mesmo com o conflito no leste europeu. Sem apresentar números, ele disse que as importações de janeiro a março já superaram as do mesmo período do ano passado. 

Pelos dados do Ministério da Economia, relativos ao primeiro bimestre, houve aumento em valores, mas queda de 8,4% em volume na comparação com janeiro e fevereiro de 2021. Foram 5,24 milhões de toneladas ante 5,72 milhões do ano anterior, com custo de US$ 2,77 bilhões, o dobro do US$ 1,37 bilhão do primeiro bimestre de 2021.

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O conselheiro da Anda afirmou ainda que o estoque para a segunda safra já foi entregue, a demanda das culturas de inverno do sul também já foi atendida. “Para a safra de verão, é preciso lembrar que não há sanções comerciais para a exportação de fertilizantes da Rússia, que não sai da região em conflito do mar Negro. Os problemas a resolver são pagamento e frete, mas, além dos nossos estoques, temos poupança de fertilizantes no solo.”

Heredia acrescentou que os fertilizantes fazem parte de um grande pacote de segurança alimentar, assim como o fornecimento de grãos, e essa visão já foi encampada pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que foi ao Canadá garantir a entrega de volumes maiores de fertilizantes ao Brasil.

O presidente da Agrishow, Francisco Maturro, alertou para uma possível falta de fertilizantes para a safra de verão 2022/2023 e disse que isso serviu para acordar as autoridades brasileiras para a necessidade de reduzir a dependência do país do insumo importado. “Os grandes produtores têm dependência de 25% enquanto nós importamos 85% do que usamos.”
Source: Rural

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