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A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, nesta terça-feira (22/3), que os fertilizantes já contratados pelo agronegócio brasileiro com fornecedores da Rússia estão sendo entregues. Destacou, no entanto, que diante da situação imprevista e uma possível interrupção do suprimento russo, o Brasil está procurando alternativas para viabilizar a produção agrícola.

“Eu tenho conversado quase que diariamente com nosso embaixador na Rússia e a gente vem recebendo os navios com fertilizantes já contratados”, disse a ministra, que participou da reunião almoço com representantes da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), em Brasília (DF).

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Tereza Cristina deixa o Ministério da Agricultura até 31 para retornar à Câmara e disputar as eleições (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

 

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia agravou uma situação de escassez de insumos, como fertilizantes, que já vinha pressionando os custos de produção na agricultura brasileira. Além da incerteza em relação à oferta russa, Belarus, outro importante fornecedor mundial, vem sofrendo sanções desde o final do ano passado, colocando em xeque o comércio de adubo do país.

Desde então, na tentativa de garantir a oferta, a própria ministra Tereza Cristina fez uma série viagens a países produtores, onde conversou com representantes de empresas e autoridades locais. Ainda no ano passado, ela esteve na própria Rússia. E, mais recentemente, no Irã e no Canadá. Além de se reunir com embaixadores de países árabes.

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A iniciativa de buscar outros fornecedores internacionais tem sido chamada dentro do próprio governo de “diplomacia do fertilizante”. “Hoje, ainda estamos recebendo fertilizantes. Temos um conforto, mas estamos andando à frente para que, se tiver algum problema, tenha uma ação definida”, disse a ministra, ressaltando que tem mantido conversas também com a China.

Na conversa com os jornalistas, após o encontro com a bancada ruralista, a ministra Tereza Cristina voltou a defender que os fertilizantes fiquem fora de sanções econômicas, assim como alimentos. Ela defendeu essa tese em encontro da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), na semana passada.

“Como é que se produz alimentos, que é um segmento não sancionado, sem fertilizantes e defensivos?” questionou. “O conjunto da obra é que tem que ser pensado”, acrescentou.

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Ao mesmo tempo, o governo anunciou o lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, uma série de iniciativas que visam reduzir a dependência do Brasil do adubo importado. A expectativa do governo é diminuir a participação do adubo de outros países na agricultura brasileira do atuais 85% para algo em torno de 45% até 2050.

“Não é algo que vai acontecer no curto prazo, mas estão aparecendo alternativas, como biofertilizantes, nanotecnologia. É um conjunto de ações. Não existe uma formula mágica, mesmo porque a oferta de fertilizantes no mundo é estável”, disse Tereza Cristina.

Prestação de contas

O encontro da ministra da Agricultura teve o tom de prestação de contas por parte da ministra. Tereza Cristina permanece no cargo até o próximo dia 31 de março, quando deixa o ministério e retoma o mandato de deputada federal. Ela pretende disputar as eleições.

Questionada sobre a própria atuação à frente da pasta, Tereza Cristina destacou que teve apenas um primeiro ano de mandato tranquilo, já que, nos anos seguinte, sua gestão teve que lidar com a pandemia e, mais recentemente, a guerra entre russos e ucranianos.

“Houve a pandemia, que atrapalhou muitos projetos, mas o Ministério da Agricultura continua a funcionar. Agora temos esse momento delicado, com uma guerra no mundo. Mas acredito que tivemos avanços”, disse ela, destacando que a pasta passou por mudanças, integrando atribuições do Ministério do Desenvolvimento Agrário, além do Incra e Serviço Florestal Brasileiro (SFB).

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Sobre o retorno à Câmara dos Deputados, Tereza Cristina destacou que o fato de ser ano eleitoral pode dificultar o andamento de projetos importantes, já que os parlamentares tendem a ficar mais nos seus estados, próximos de suas bases eleitorais. Ainda assim, disse que há muito a ser feito até o fim do mandato.

“Sabemos que o Executivo é desafiador, mas temos muito a ajudar o Executivo voltando para o Legislativo e vamos continuar trabalhando em projetos importantes”, disse.

Eleita deputada federal por Mato Grosso do Sul, na eleições de 2018, Tereza Cristina licenciou-se do mandato parlamentar para ocupar o cargo de Ministra da Agricultura. Como deputada, ela foi presidente da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA), responsável por sua indicação para chefiar o Ministério da Agricultura no governo Jair Bolsonaro.
Source: Rural

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