Skip to main content

No Dia Mundial da Água, é impossível falarmos desse recurso natural tão essencial para a existência de vida na Terra sem citarmos o agronegócio. De acordo com o estudo da Embrapa “Visão 2030 – O futuro da agricultura brasileira”, o setor é o principal usuário de terra e água em termos globais. Por outro lado, a escassez hídrica tem sido o grande “calcanhar de Aquiles” do agro no último ano em diversas regiões do mundo, principalmente na América do Sul.

Na safra 2021/2022 no Brasil, a falta de chuvas trouxe quebras de produção para diversas culturas. Em alguns locais dos estados do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, por exemplo, a quebra na produção de soja chegou a 50%. Para o restante de 2022, a expectativa é de que a situação se mantenha em algumas regiões do país e interferira também na segunda safra de milho.

 

Costumo dizer que, no Brasil, o estresse hídrico é um dos maiores desafios para o estabelecimento das lavouras. O agricultor está sempre esperando pela chuva, e em uma boa quantidade. 

Diante desse cenário, acrescido, ainda, por questões econômicas e pela manutenção da qualidade da água no solo por parte da agricultura, os produtos biológicos surgem como uma das soluções possíveis. Isso porque os agricultores podem lançar mão dos biológicos na busca por produtividade mesmo em condições tão adversas. Vale lembrar, ainda, que os biológicos contribuem para a manutenção e a preservação do solo e, por consequência, da água.

Compostos por substâncias naturais, macro e microrganismos vivos, os biológicos estão presentes na agricultura há milhares de anos. Porém, com a recente adição da biotecnologia e da inteligência artificial, o patamar desses produtos foi elevado, tornando as lavouras mais rentáveis, produtivas e sustentáveis.

Por meio de ferramentas de última geração em biotecnologia, hoje é possível identificar lavouras que contam com plantas saudáveis e resistentes mesmo em condições adversas como a falta de chuvas, e, a partir dessas plantas, descobrir quais são os microrganismos capazes de melhorar seu desempenho. Ao serem identificadas e isoladas, as cepas mais eficazes são otimizadas para garantir o máximo de benefícios às plantações.

Na prática, o uso de produtos biológicos no condicionamento do solo para plantio, por exemplo, possibilita ampliar a capacidade da planta em absorver água principalmente por conta do crescimento radicular. Ou seja, mesmo em situações de chuva abaixo da média, as plantas conseguem fazer uso eficiente do recurso, tornando-se não só mais produtivas como também demandando menos água e gerando um gasto menor com irrigação para o produtor e menos desperdício.

Leia mais análises e opiniões em Vozes do Agro

Em 2021, em um estudo feito pela Indigo na área Centro-Oeste do Brasil, onde foram realizados 65 ensaios na safrinha de milho para o lançamento de um produto, os resultados mostraram os benefícios da aplicação dos biológicos na lavoura. As plantas tiveram adição de 12,5% de peso de raiz e 18% de massa de raiz, além de 14 centímetros a mais de comprimento radicular. Esses resultados impactaram diretamente a produtividade, com propriedades rurais registrando até dez sacas a mais de produção por hectare, em áreas que tinham sofrido impacto da seca.

Outro ponto a destacar é que mais nutrientes, provenientes da matéria orgânica dos biológicos, reduzem a necessidade de adubação química, o que traz impactos positivos para a qualidade da água, que deixa de sofrer com os efeitos de contaminação no solo pelo alto uso de produtos químicos. Além de ajudarem no combate à contaminação dos solos e da água, os biológicos também apresentam baixo ou nenhum grau de nocividade à saúde dos consumidores, que buscam cada vez mais por produtos mais saudáveis produzidos de forma sustentável.

Podemos dizer que a rentabilidade, a utilização mais racional de recursos naturais, a produção sustentável e a alimentação mais saudável, comumente vistos como futuro no agronegócio, já são uma realidade no presente, e os produtos biológicos desempenham um papel fundamental nesse contexto.

*Reinaldo Bonnecarrere é engenheiro agrônomo, doutor pela USP em fisiologia dos cultivos agrícolas e diretor LATAM de biológicos da Indigo

**as ideias e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seu autor e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural
Source: Rural

Leave a Reply