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A M. Dias Branco mantém a intenção de realizar fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), afirmou o vice-presidente de Investimentos e Controladoria da empresa, Gustavo Theodozio, nesta segunda-feira (21/3). "Não temos nada transformacional no radar, mas temos coisas importantes que mostram a nova direção da M. Dias para maior margem, novas categorias, então acho que podemos esperar movimentos inorgânicos", disse o executivo, durante teleconferência com analistas e investidores.

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Unidade da M. Dias Branco, em Fortaleza (CE) (Foto: Divulgação/M.Dias Branco)

 

Para Theodozio, a crise atual pode fazer com que surjam negócios que não estavam nos planos da companhia. "Estamos em constantes conversas com bancos de investimento do Brasil e fora, acompanhando de perto o mercado e as oportunidades."

O executivo lembrou ainda que, apesar da alta de custos, a companhia conseguiu reduzir a alavancagem ano a ano e conseguiu fazer distribuição extraordinária de Juros sobre o Capital Próprio (JCP). "Nosso caixa continua super robusto", disse.

Empresa descarta risco de faltar trigo

A M. Dias Branco informou que não corre perigo de desabastecimento agora, apesar da guerra entre Rússia e Ucrânia, dois grandes produtores de trigo. "Não enxergamos esse risco", disse Theodozio. "Continuamos tendo acesso a vários volumes para agora e futuros. Não passou a fazer parte da nossa agenda, não contamos com isso."

O diretor de Novos Negócios e Relações com Investidores da M. Dias Branco, Fabio Cefaly, afirmou que a companhia não compra trigo nem da Rússia e nem da Ucrânia, e que as maiores origens da companhia são Argentina, Brasil, Estados Unidos e Canadá. "Além disso, a M. Dias tradicionalmente tem quatro meses de estoque, o que dá flexibilidade de olhar a situação com tranquilidade para tomar medidas adequadas no momento certo", disse.

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Quanto aos custos, Cefaly lembrou que, apesar da forte valorização do trigo em dólar, a apreciação do real frente à moeda norte-americana ajudou a atenuar a alta de custos da companhia. Para 2022, empresa estima que a pressão de custos será ainda maior do que em 2021, portanto não é possível prever se eventuais ganhos de produtividade serão suficientes para melhorar a relação despesa/receita líquida. Em uma projeção conservadora, a companhia espera manter o patamar das expectativas para 2021.

Lucro menor

A M. Dias Branco registrou lucro líquido de R$ 151,1 milhões no quarto trimestre de 2021, queda de 27,7% ante igual período do ano anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) apurado pela companhia entre outubro e dezembro foi de R$ 182,7 milhões, 4,9% menor do que no intervalo correspondente de 2020. Já a receita líquida cresceu 27,2% na comparação anual, somando R$ 2,164 bilhões no último trimestre do ano.

No ano de 2021, o lucro líquido da empresa totalizou R$ 505 milhões, retração de 33,9% na comparação com 2020. O Ebitda alcançou R$ 683,9 milhões, recuo de 29,8% ante o contabilizado no ano anterior. A margem Ebitda ficou em 8,8%, abaixo dos 13,4% de 2020. A receita líquida, em contrapartida, cresceu 7,7%, para R$ 7,8 bilhões.

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Em seu release de resultados, a companhia explica que a queda no lucro líquido no ano passado decorre, principalmente, do recuo do Ebitda, excluindo os efeitos não recorrentes, e do impacto da elevação do CDI (atrelado à alta da Selic) e do IPCA no custo da dívida.

"Outro fator que influenciou a queda do lucro líquido foi o reconhecimento, em 2021, de resultados não recorrentes positivos inferiores aos montantes reconhecidos em 2020: R$ 166,5 milhões versus R$ 418,8 milhões, respectivamente, fruto de menor reconhecimento e atualizações monetárias de créditos extemporâneos", justificou a empresa.

Sobre o Ebitda, a M. Dias pontuou que a retração no ano passado se deu pelo impacto do aumento do preço das commodities em dólar, da desvalorização do real, da queda dos volumes vendidos e dos efeitos não recorrentes que afetaram o resultado de forma positiva em 2020. Conforme a empresa, a alta do trigo acumulada no ano foi de 23,1% (considerando os preços médios em dólar pagos pela M. Dias Branco) e do óleo de palma, 49,2%.

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Para compensar a alta das matérias-primas, a empresa buscou reduzir despesas com vendas e administrativas, que representaram 21% da receita líquida em 2021, abaixo dos 24,3% apurados em 2020. No quarto trimestre, as despesas com vendas ficaram em 16,8% da receita líquida, ante 21,7% um ano antes, e as despesas administrativas recuaram para 2,7% da receita líquida, ante 3,6% no quarto trimestre de 2020.

O incremento na receita líquida em todo o ano e no quarto trimestre foi atribuído, predominantemente, ao aumento de dois dígitos dos preços médios dos produtos. Em 2021, o preço médio foi de R$ 4,6 por quilo, 26% acima dos R$ 3,7/quilo de 2020. No quarto trimestre, o preço médio foi de R$ 4,9/quilo, ante R$ 4,1 no intervalo correspondente de 2020.

"O preço médio subiu dois dígitos porque o custo subiu muito. Aumentamos os preços acima do mercado de produtos de categorias maduras, e acabamos perdendo em volume", disse ao Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o diretor de Relações com Investidores e Novos Negócios, Fábio Cefaly.

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O volume de vendas diminuiu no ano, ainda que tenha aumentado no quarto trimestre. Em 2021, a empresa totalizou 1,703 milhão de toneladas de produtos vendidos, 14% abaixo do volume de 1,987 milhão de toneladas comercializadas no ano anterior. No quarto trimestre, somou 440 mil toneladas, 6% acima das 416 mil toneladas vendidas em igual período de 2020.

O aumento dos preços também custou à companhia perda de market share ao longo de 2021, mas no fim do ano já se observou recuperação. Em biscoitos, a empresa teve participação de 32,8% de mercado no quarto trimestre, ante 31,2% no terceiro e 32,9% no quarto trimestre de 2020. Em massas, a M. Dias Branco atingiu 30% de market share no quarto trimestre, ante 29,5% no terceiro trimestre e 32,5% no quarto trimestre do ano anterior.

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A empresa informou que obteve aumento de receita líquida em todas as regiões em que atua. Na chamada região de "ataque", áreas relativamente novas de atuação da companhia que compreendem as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a receita cresceu 5,3% em 2021 e 30,2% no quarto trimestre. Na região de "defesa", ou seja, Norte e Nordeste, base da companhia, o incremento foi de 10,1% no ano passado e de 27,8% no trimestre.

Já a receita bruta com exportações recuou 11% em 2021, para R$ 208,9 milhões, ante 235,2 milhões em 2020. Segundo a companhia, a queda no ano passado refletiu a elevação dos custos dos fretes internacionais. A empresa lembrou que, em 2020, a receita com exportações contou com vendas pontuais para programas de ajuda humanitária.
Source: Rural

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