Skip to main content

Diante do aumento expressivo do preço dos fertilizantes desde o ano passado, agravado pelo risco de escassez, devido à guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, o agronegócio procura alternativas para se adaptar sem prejudicar as lavouras. Nesse cenário, um equipamento que visa a redução de custos com os químicos e do impacto ambiental na produção de cana-de-açúcar está ganhando espaço. É a carreta aplicadora de vinhaça, subproduto da fabricação do etanol rico em potássio.

LEIA TAMBÉM: Falta de navios encarece fertilizantes e dificulta importação do insumo

Carreta usada para aplicação da vinhaça nos canaviais. Resíduo da fabricação de etanol substitui adubos químicos (Foto: Divulgação/Nonino)

 

Duas empresas no interior paulista vêm registrando neste ano um aumento significativo de vendas do equipamento. A TMA desenvolveu a carreta em 2015 a partir de uma demanda da usina São Martinho, uma das maiores do setor. O primeiro modelo tinha capacidade de 16 mil litros. Mas logo, foram desenvolvidas novas versões, para 22 mil e 35 mil litros.

Márcio Leão, diretor comercial da TMA, diz que a empresa já vinha elevando suas vendas de carretas desde o ano passado, mas triplicou os negócios desde o início da guerra no leste europeu. “A aquisição das carretas pelas usinas que produzem a vinhaça acelerou muito. Hoje, estou em São José do Rio Preto fechando a venda de três unidades”, diz ele.

O executivo acredita que a venda média anual, de 60 a 70 carretas, deve subir neste ano para 150 a 160. Por isso, a indústria, que tem 156 funcionários, já se prepara para interromper as outras linhas de produção de equipamentos para o setor de cana, como transbordos e plantadoras.

“Em abril, vamos virar a fábrica para a produção 100% de carretas. Devemos passar a fabricar 16 unidades por mês e só não aumentamos mais porque enfrentamos, desde o ano passado, dificuldades para receber os componentes eletrônicos da carreta, além de tanques e bombas”, diz o diretor, acrescentando que as unidades compradas em março só começam a ser entregues em junho.

saiba mais

Gigante de ovos investe R$ 50 milhões para transformar esterco de galinhas em adubo

JBS produzirá fertilizantes, um investimento de R$ 134 milhões

 

Segundo Leão, boa parte das usinas já enriquece a vinhaça para nutrir melhor a cana e a carreta com seus controladores de vazão permite aplicar o produto enriquecido ou não em oito linhas ao mesmo tempo, direto nas soqueiras da cana, reduzindo para um terço o volume necessário na comparação com o método de aspersão.

O equipamento opera acoplado a um trator, recebe abastecimento direto no campo de caminhões tanque, pode trabalhar 24 horas e serve também para operações de irrigação de salvamento em canaviais onde falta água ou em plantações de meiosi.

“O investimento na carreta, trator e logística necessária para a aplicação localizada da vinhaça tem seu payoff em menos de uma safra”, garante. A carreta de 35 mil litros da TMA tem preço a partir de R$ 740 mil e a de 22,5 mil litros custa R$ 590 mil. 

Leia mais sobre o setor de açúcar e etanol

Mauro Sérgio Nonino, diretor da Nonino Indústria e Comércio de Equipamentos Agrícolas, de Bebedouro, conta que sua empresa começou a desenvolver um modelo de carreta de aplicação de vinhaça em 2009, mas o projeto se firmou mesmo a partir de 2014. No ano passado, diz o diretor, a indústria comercializou 92 carretas e espera fechar 2022 com 120 vendas.

“No primeiro semestre, a carreta é sempre o equipamento mais produzido e vendido, mas neste ano já tivemos que aumentar a produção para atender ao aumento de 20% a 30% na demanda.”

Mauro explica que o uso do equipamento amplia as áreas de aplicação da vinhaça e pode gerar uma economia de milhões de reais. Segundo ele, dependendo da estratégia da usina, uma área que demandava de 250 a 300 m³ de volume de fertilizante por aspersão pode reduzir para 25 a 30 m³ por hectare com o uso da carreta de aplicação localizada da vinhaça enriquecida ou concentrada.

Vídeo: carreta aplica vinhaça no campo

 

 A Nonino, que tem 150 funcionários, oferece o equipamento com seis capacidades: 15 mil, 18 mil, 22,5 mil, 30 mil, 32 mil e 35 mil litros, com preços de R$ 400 mil a R$ 900 mil. O diretor afirma que a indústria está com suprimento adequado de peças, mas, para pedidos fechados agora, as entregas acontecem só no final de julho. A empresa vende também o conjunto carreta e caminhão aplicador de vinhaça.

Marcos Aguiar dos Reis, diretor agrícola das Usinas Batatais e Cevasa, que operam no interior paulista com planejamento de moer 3,8 milhões de toneladas de cana nesta safra, diz que, diante do cenário de preços altos e das sanções econômicas impostas à Rússia, a empresa está reduzindo o uso de fertilizantes minerais na implantação do canavial e fazendo o complemento dos nutrientes com os subprodutos da cana, como torta de filtro, vinhaça e outros resíduos disponíveis na região.

Segundo ele, o grupo tem seis carretas de aplicação de vinhaça, sendo quatro da TMA e duas da Nonino. Neste ano, foram adquiridas duas carretas da TMA para a safra que começa em abril. “A aquisição visa aumentar a área de aplicação em 50%, em relação à área coberta no ano anterior, e reduzir o gasto com fertilizantes à base de cloreto de potássio em 30% sem perder a produtividade.”
Source: Rural

Leave a Reply