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Criada para atender a demanda de um produtor de grãos e fibras no Mato Grosso que estava incomodado por não ter acesso aos dados gerados na pulverização aérea de suas lavouras, a Perfect Flight, startup fundada no interior paulista em 2016, chega neste início de ano a 22 milhões de hectares digitalizados e exporta sua plataforma para Estados Unidos e Austrália.

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Perfect Flight está levando seus negócios para Estados Unidos e Austrália (Foto: Divulgação/Perfect Flight)

 

Leonardo Luvezuti, diretor de negócios da empresa fundada por iniciativa dos produtores rurais Kriss Corso e Josué Corso, do grupo JCN, diz que a pioneira Perfect Flight abriu um escritório na cidade de Ames, no complexo do Parque Tecnológico da Universidade de Iowa nos Estados Unidos no ano passado e, além do Iowa, está fazendo projetos piloto de aplicação nos Estados de Nebraska, Arizona, Utah e Califórnia, tendo como alvos principais as lavouras de soja, milho e trigo. Na Austrália, as negociações com universidades e hubs locais começaram no final do ano passado e visam o combate aos incêndios florestais.

“No exterior, não há nenhum sistema de gestão e rastreamento de dados da pulverização aérea como o nosso. Por incrível que pareça, nos Estados Unidos, onde foi criada a pulverização aérea há cem anos e que tem a maior frota agrícola do mundo, eles ainda fazem o apontamento manual no Excel”, diz Luvezuti.

Dados divulgados pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag) apontam que o Brasil tem a segunda maior força aérea agrícola do mundo, com 2.432 aeronaves, sendo 2.409 aviões e 23 helicópteros. Os Estados Unidos têm cerca de 3.600. Segundo Luvezuti, apesar de todo o desenvolvimento tecnológico americano, a tecnologia na área agrícola é muito mais empregada no Brasil do que nos Estados Unidos.

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A Perfect Flight foi uma das dez startups selecionadas no ano passado pelo Google para um ciclo de aceleração e tem planos para os próximos meses de participar de rodadas de captação de investimentos. A empresa faz o monitoramento, gestão e rastreamento da pulverização na aplicação tanto por aviões, como helicópteros e drones.

A plataforma, segundo seu representante, promete reduzir em até 25% o uso de insumos na pulverização e cumpre papel importante na mitigação da deriva dos agrotóxicos. Antes da aplicação, é feito um mapeamento prévio das áreas de restrição para evitar que florestas, campos abertos, rios, pastagens e áreas habitadas sejam atingidos de forma indevida.

“Com o mapeamento prévio, protegemos também atividades sensíveis, como as do bicho da seda, a produção orgânica e  colméias”, diz Luvezuti, acrescentando que a diminuição de tempo de voo reduz custos e contribui diretamente para uma menor emissão de gases poluentes liberados pelas aeronaves.

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No Brasil, a empresa presta serviços de monitoramento de aplicações de insumos agrícolas por meio de plataforma digital e aplicativo mobile para 90 produtores em mais de 100 cidades dos principais estados agrícolas do país e atende também agricultores da Argentina, Colômbia, Honduras e Bolívia, cobrindo uma área plantada de 7 milhões de hectares. Entre os clientes no Brasil estão as gigantes da cana-de-açúcar Raízen e Tereos e grandes produtoras de grãos como Amaggi e SLC Agrícola.

“Mas, nossa tecnologia é bem democrática e também é acessível para pequenos produtores que fazem aplicações por drones em citros, batatas e outras culturas.” O custo, diz, fica em torno de R$ 3 por hectare.

Luvezeti afirma que os desafios da empresa no país são a falta de conectividade nas fazendas e a falta de pessoas habilitadas para lidar com tecnologia no campo.

Projetos de lei

Os executivos da startup monitoram de perto dois projetos de lei que estão tramitando no Congresso Nacional e na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). O PL 6.299/2002, que muda regras de registro, uso e comercialização de agrotóxicos no Brasil e tem o apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), foi aprovado na Câmara em fevereiro e seguiu para votação no Senado. Ambientalistas argumentam que as mudanças tornam a lei mais permissiva, com riscos à saúde pública, ao meio ambiente e mesmo ao agronegócio, pelas possíveis retaliações ao alimento produzido no Brasil, especialmente da Europa.

“Apoiamos processos que visam transparência e sustentabilidade da aplicação. Não é porteira aberta. O projeto mantém as competências de cada órgão na aprovação tripartite das moléculas, mas evita o retrabalho”, diz Luvezeti

Já o PL 8/2022 que tramita nas comissões da Alesp proibindo a pulverização aérea de qualquer lavoura no Estado de São Paulo é um erro, segundo a direção da Perfect Flight. “É errado proibir uma operação que é certificada, amplamente normatizada e garante eficiência e celeridade na aplicação dos defensivos para uma produção em alta escala. O Ceará, por exemplo, proibiu a pulverização aérea e de uma realidade de três aplicações por ano com 20 litros de calda por hectare passou para nove aplicações terrestres com 200 litros de calda”, diz Luvezuti.

A constitucionalidade da lei aprovada no Ceará está em discussão há dois anos no Supremo Tribunal Federal por iniciativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Em novembro de 2021, dois ministros julgaram improcedente o pedido da entidade, mas o julgamento parou por pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Source: Rural

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