Skip to main content

Tereza Cristina, ministra da Agricultura, em coletiva durante anúncio do Plano Nacional de Fertilizantes (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

 

 

O governo federal lançou, nesta sexta-feira (11/3), o Plano Nacional de Fertilizantes, com a intenção de reduzir a dependência do adubo importado de 85% para até 45% até 2050. E enquanto propõe medidas para melhorar o ambiente de negócios, incentivar a produção e a inovação na produção nacional, tem que lidar com uma crise no abastecimento de insumos agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia. A falta de ferilizantes coloca em riscos o plantio da próxima safra de verão do Brasil, de acordo com especialistas.

"O plano não é uma reação à crise que estamos vivendo", disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que participou da cerimônia de lançamento do plano, ao lado do presidente Jair Bolsonaro e de outros integrantes do governo, no Palácio do Planalto, em Brasília.

Com uma perspectiva de aumento de produção somente no longo prazo, mas com um problema de oferta a ser equacionado pelo menos até a virada do calendário safra, no início do segundo semestre, o governo tem apelado para o que chama de "diplomacia do fertilizante", tentando fortalecer relações do Brasil com os países fornecedores, na tentativa de garantir o cumprimento de contratos.

saiba mais

Como economizar fertilizantes: conheça algumas alternativas

Vai ter fertilizante para a safra? Produtores caçam insumo em grande feira

Suspensão de comércio com a Rússia pode agravar quadro de fertilizantes

 

A própria ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já esteve no Irã, onde se reuniu com autoridades e empresas produtoras de ureia. Na quinta-feira (10/3), reuniu-se com embaixadores de países árabes, que manifestaram a disposição de aumentar as vendas de adubo para o Brasil. Neste fim de semana, ela viaja para o Canadá, importante fornecedor mundial de potássio, um dos fertilizantes mais usados em lavouras brasileiras, como as de feijão e soja, por exemplo.

"Temos boas perspectivas para a produção a longo prazo no Brasil. Mas precisamos pensar que temos que manter o agro eficiente e produtivo agora, trabalhando com fornecedores internacionais enquanto colocamos em prática a estratégia de produção", disse ela.

O Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo. O potássio é o nutriente usado na agricultura do qual o Brasil tem maior dependência. Importa mais de 90% do volume utilizado no campo. Entre os fosfatados, a dependência externa é de 75%.

"Todos os postos no exterior que estejam em países produtores, que procurem não só garantir os contratos em andamento, mas aumentar o fornecimento usando excedentes", ressaltou o secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Paulo Rocha.

Em seu pronunciamento durante a cerimônia de lançamento do Plano Nacional de Fertilizantes, o presidente Jair Bolsonaro fez um afago aos representantes estrangeiros, dizendo ser "gratificante" ter a presença deles no Palácio do Planalto.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou que a guerra entre a Ucrânia e Rússia atingiu o país em um ponto em que está vulnerável, mas era um problema que vinha atacado antes da situação atual. Ele afirmou, em entrevista coletiva depois da cerimônia, que será necessário zerar o imposto sobre fertilizantes caso a guerra se estenda e os preços continuem subindo, aumentando os custos para o agro brasileiro.

"Se a guerra acaba amanhã, a programação é de longo prazo. Se a guerra se agudiza, tem que zerar o imposto já, essa modulação da resposta é um acompanhamento que estamos fazendo”, disse ele, afirmando que, se o problema tivesse atingido governos passados, em vez de uma solução conjunta, já teria sido criada uma estatal.

O governo oficializou o lançamento da Caravana FertBrasil, iniciativa a ser conduzida pela Embrapa a partir de abril, com visitas técnicas às regiões produtoras do Brasil, com o objetivo de tratar da eficiência no uso de fertilizantes no campo tendo em vista à safra 2022/2023. A avaliação é de que é possível promover uma economia de até 20%, o que seria equivalente a R$ 1 bilhão.

Tecnologia e negócios

De acordo com governo federal, o Plano Nacional de Fertilizantes prevê uma série de medidas para melhorar o ambiente de negócios e a competitividade da cadeia produtiva, além de incentivo à inovação, com a maior adoção de produtos orgânicos e organominerais. Na cerimônia, no Palácio do Planalto, o Secretário de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Paulo Rocha, destacou que o plano foi discutido com o agronegócio.

Segundo ele, o plano envolve o cumprimento de 80 metas e envolve 130 ações estruturantes. Entre elas, mencionou que serão repassados recursos para a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) colocar em prática cerca de 50 projetos que estão em andamento e que pode contribuir com o aumento da oferta de fertilizantes no Brasil.

"O desafio é tirar o plano do papel, mas ele já saiu e começa a ser executado", disse Rocha.

O Plano Nacional de Fertilizantes vinha sendo discutido desde 2021. De acordo com o Ministério da Agricultura, é uma referência para ações de longo prazo, que envolve produtores rurais, cadeias produtivas emergentes, novas tecnologias e uso de outros tipos de insumos, além do tradicional composto NPK.

saiba mais

Reduzir dependência externa de fertilizantes envolve série de obstáculos; ouça

Brasil pode produzir mais fertilizante sem mineração em terras indígenas

 

Segundo o Ministério da Agricultura, atualmente, o Brasil é o maior importador e o quarto maior consumidor global de fertilizantes, respondendo por 8% do consumo global. Dentre as culturas que mais demandam os nutrientes para o solo estão a soja, o milho e a cana-de-açúcar, somando mais de 73% do consumo nacional.

"Não buscamos a autossuficiência", disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. "Entendemos que o mundo manterá seus fluxos comerciais e que as commodities continuarão a circular em ambiente de livre mercado", acrescentou.

Ainda de acordo com o Ministério da Agricultura, o plano inclui medidas de caráter econômico, como aumento de linhas de fomento à produção, incentivo à iniciativa privada para aumento da capacidade de produção e melhorias na logística.

"Nossa demanda é proporcional à grandeza da nossa agricultura, mas teremos nossa dependência externa bastante reduzida", disse Tereza Cristina, que ressaltou o fato de que a fábrica UFN-III, localizada em Três Lagoas (MS), deverá entrar em operação em dois anos. A unidade pertence à Petrobras e, recentemente, foi negociada com uma empresa russa.

Para acompanhar a execução do Plano Nacional de Fertilizantes, o governo anunciou a criação do Conselho Nacional de Fertilizantes, que será responsável por acompanhar a execução das políticas e o cumprimento das metas previstas até 2050.

"Vamos trabalhar a segurança jurídica, lado a lado com o Congresso Nacional. E a governança, com o conselho para acompanhamento dessas metas. É um plano de estado", ressaltou a ministra.
Source: Rural

Leave a Reply