Skip to main content

A escassez e preços altos de insumos básicos para as lavouras são desafios que os produtores terão de enfrentar nos próximos ciclos agrícolas. Diversos fatores no mercado mundial constroem este cenário, desde questões geopolíticas até climáticas, passando por limitações logísticas e energéticas. Infelizmente, a solução dessa situação complexa não está ao alcance dos agricultores. Caberá aos produtores, em conjunto com seus consultores e agrônomos, tomar as melhores decisões para aproveitar os insumos aos quais tiverem acesso.

LEIA TAMBÉM: Contratos digitais podem ajudar a diminuir inseguranças jurídicas no agro

 

A agricultura de precisão já ajuda, desde o início do século, produtores a usarem insumos de uma forma planejada, conhecendo as variações nas lavouras e decidindo onde e quanto aplicar os diferentes fertilizantes, corretivos e agroquímicos. Ao longo dos últimos anos, o número de agricultores que adota as técnicas de agricultura de precisão cresceu continuamente nas diferentes regiões e culturas agrícolas. Conhecendo as variações do solo e das lavouras, é possível tomar decisões que auxiliem no aumento da produtividade e controle de custos.

Em um cenário de falta de insumos, as ferramentas de agricultura de precisão e o histórico de conhecimento das áreas são fundamentais para amenizar problemas. Estão disponíveis diversas possibilidades de aplicação que permitem tomar decisões difíceis com base em dados.

Inicialmente, aplicações básicas de agricultura de precisão, como o mapeamento detalhado da fertilidade do solo permitem conhecer a real situação de cada talhão. Existe “poupança” de nutrientes construída em ciclos anteriores? Qual o tamanho dessas reservas? Talvez em ciclos de escassez usar parte dessas reservas pode ser uma boa estratégia, desde que executada com base em informações reais da sua existência e tamanho. Seguindo, a já consolidada aplicação de insumos em taxa variável, de acordo com as necessidades de cada parte da lavoura, é outra ferramenta básica. Se em tempos normais não faz sentido aplicar mais do que cada parte da lavoura necessita, em safras de insumos caros ou em falta, menos ainda.

Em relação aos defensivos, existem diversas técnicas que permitem gerar mapas de diagnósticos da incidência dos problemas, sejam pragas, doenças ou plantas daninhas. Podem ser feitas análises georreferenciadas nas lavouras, mapas com uso de drones ou sensores, que permitirão avaliar a extensão de cada problema. Com o diagnóstico detalhado, dependendo da característica de cada problema analisado, é possível fazer aplicações localizadas ou decidir o melhor momento de ação. Já existem também tecnologias que permitem a aplicação de alguns produtos, como herbicidas, apenas onde existe a infestação de plantas daninhas.

saiba mais

Desafio 2050: tecnologia é maior aliada para aumentar produção de carne

 

Para quem já tem histórico de uso de tecnologia, compondo um banco de dados organizado do conhecimento das áreas nas quais produz, o novo cenário permitirá avaliar as alternativas de aplicação de insumos. Com ferramentas que auxiliam no cálculo de insumos para diferentes cenários de decisão agronômica, é possível avaliar o impacto, em necessidade total de insumos, de diferentes opções. Não existe uma “receita” única de sucesso e, algumas vezes, em situações difíceis deve-se escolher entre opções não ideais. Mas, ter de forma organizada, objetiva e numérica as opções é um primeiro passo para enfrentar desafios.

Por exemplo, nas próximas safras, alguns produtores se depararão com dilemas como: garantir uma boa adubação nas áreas mais produtivas para garantir a produtividade ou distribuir uma quantidade mínima de adubos em todas as áreas? Não existe uma resposta única certa. Dependerá, entre outros fatores, da situação real das diferentes áreas, do histórico de produtividade, dos níveis de fertilidade, do tamanho das áreas e da quantidade de fertilizantes disponíveis. Decisões estratégicas, as quais quem investe em tecnologia e diagnóstico poderá tomar com base em números, com maior chance de acerto.

Os diferentes ciclos agrícolas apresentam desafios diferentes aos produtores. Cada vez mais a profissionalização da gestão, com uso de dados numéricos e científicos, apoia decisões que buscam o melhor resultado possível em cada ciclo. Em alguns casos, será possível buscar quebrar recordes de produtividade, em outros aproveitar oportunidades ou encarar desafios. A tecnologia deve estar sempre auxiliando os objetivos do produtor, levando à sustentabilidade da operação agrícola.

*Marcio Albuquerque é vice-presidente da Associação Brasileira de Agricultura de Precisão e Digital (AsBraAP) e CEO da Falker.

** As ideia e opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam, necessariamente, o posicionamento editorial da revista Globo Rural

Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Globo Rural? É só clicar e assinar!​

 
Source: Rural

Leave a Reply