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Ao longo dos 560 quilômetros do litoral catarinense estão seis terminais marítimos. Quase na divisa com o Paraná, no litoral norte do Estado, está o Porto Itapoá. Seguindo para o sul, estão São Francisco do Sul, Navegantes, Itajaí, Imbituba e Laguna. Santa Catarina tem um porto para cada 93,3 quilômetros de costa.

Em pouco mais de uma década de operação, o Porto Itapoá tornou-se o quinto maior do Brasil em movimentação de contêineres. É um porto de águas calmas e profundas, o que permite o trânsito dos maiores navios que operam na costa brasileira. Em 2021, deu início a um projeto de captação de recursos no mercado financeiro para ampliar sua capacidade operacional de 1,2 milhão para 1,6 milhão de TEUs, o que será uma das maiores entre os portos de contêineres do país. A área de pátio, que tem 250 mil metros quadrados, passará para 450 milmetros quadrados. No fim do ano passado, o projeto foi concluído, resultando na captação de R$ 750 milhões.

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CONTÊINERES: a capacidade em Itapoá passará de 1,2 milhão para 1,6 milhão de TEUs (Foto: Alex Hekavei)

 

Para o prefeito do município onde está o porto, Marlon Roberto Neuber (PL), uma vantagem do município é estar entre duas das principais cidades da Região Sul: Curitiba (capital do Paraná) e Joinville (maior cidade de Santa Catarina). “Ainda, dentro de Itapoá, nós temos neste momento um projeto da Coamo, cooperativa agroindustrial de Campo Mourão (PR), que vem aí com a proposta de um porto graneleiro bastante expressivo, que vai atender à demanda de exportação de commodities do Brasil de forma geral”, comemora o prefeito. A Coamo vai investir R$ 1 bilhão na construção de seu próprio terminal em Itapoá.

Carne de aves, madeira e derivados e carne suína estão entre os produtos mais exportados pelos portos de Santa Catarina. “Em primeiro lugar está o frango. É o principal produto, em valores e volume, que vai para mais de 160 países. O segundo produto é madeira, principalmente para os Estados Unidos. Em terceiro vem a carne suína, que abastece mais de 60 países. Esses três produtos representam quase 70% da balança comercial do Estado”, explica Enori Barbieri, vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária em Santa Catarina (Faesc).

Com o aumento na demanda mundial por proteína animal, principalmente na Ásia, as exportações brasileiras de carne suína mais que dobraram em dois anos. O volume, que era de 500 mil toneladas, em 2019, saltou para 1,13 milhão de toneladas, em 2021. Santa Catarina exporta cerca de 60% de toda a carne suína que sai do Brasil.

RODOVIA: as cargas partem do oeste catarinense e percorrem 500 quilômetros até os portos de Itajaí e Navegantes (Foto: Alex Hekavei)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Um surto de peste suína africana (PSA), que atingiu a China em agosto de 2018, provocou queda drástica na produção de carne suína por lá. “As epizootias que se alastraram pela Ásia e agora ameaçam o Leste Europeu, especialmente a PSA, provocaram uma demanda sem precedentes por proteín a animal no mercado mundial, beneficiando os países produtores”, diz Celso Cappellaro, diretor industrial da Cooperativa Central Aurora Alimentos (AuroraCoop), sediada em Chapecó, região oeste de Santa Catarina. Em 2019, a empresa otimizou as ações comerciais e direcionou 56,95% de suas exportações para o continente asiático.

Ainda em 2019, o mercado externo exerceu um papel exponencial nos resultados da Aurora Alimentos. As exportações totalizam R$3,27 bilhões em receita líquida, um aumento de 46,8% em relação a 2018. Aves responderam por 62,4% das vendas externas (R$ 2,04 bilhões) e suínos representaram 37,6% (R$ 1,23 bilhão). “O comportamento do mercado externo foi determinante para os resultados alcançados”, lembra Cappellaro.

Se os números da Aurora foram bons em 2019, no ano seguinte eles foram excepcionais, com crescimento de 61,8% em receitas e 23% em volume. “As compras chinesas de proteína animal no mercado mundial catapultaram as vendas da Aurora, potencializadas pela situação cambial. A China, sozinha, ficou com 40% das exportações totais da cooperativa”, explica o diretor industrial. Agora, a Aurora responde por 17,5% das exportações de carnes suínas do Brasil e por 6,6% das exportações de frango.

PORTO ITAPOÁ: as águas calmas e profundas permitem o trânsito de grandes navios (Foto: Alex Hekavei)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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No terminal privado que opera em Navegantes (Portonave), as exportações vêm crescendo ano a ano. Nos três últimos anos, deixaram o terminal mais de 150 mil contêineres reefer, próprios para cargas refrigeradas, como as de proteína animal. Cada contêiner reefer tem capacidade para até 30 toneladas de carga. 

No fim do ano passado, o Grupo TIL (controlado pela MSC) anunciou investimento de US$ 150 milhões na Portonave, o que deve acontecer ainda no primeiro trimestre de 2022. Com as obras, o terminal poderá receber navios maiores e aumentar ainda mais sua capacidade. 

O diretor industrial da Aurora Coop afirma que, se o trecho rodoviário até os portos fosse duplicado, o ganho em produtividade no transporte seria de até 20%. 

"Todos os nossos produtos, que na grande maioria são produzidos no oeste de Santa Catarina, vão pela BR-282 e pela BR-470 para Itajaí ou Navegantes. Por isso a duplicação dessas rodovias é imprescindível"

CELSO CAPPELLARO, diretor industrial da Aurora Coop

Enquanto isso, os empresários catarinenses estão patrocinando, ao custo de R$ 750 mil, o estudo de viabilidade econômica de um trecho ferroviário ligando Chapecó (SC) a Cascavel (PR). No fim de 2021, o projeto foi apresentado em uma reunião entre o Ministério da Infraestrutura e empresários da agroindústria da região de Chapecó. Essa ferrovia seria estratégica para trazer o milho produzido na Região Centro-Oeste, já que a produção catarinense é insuficiente para atender ao consumo nas granjas.

Ele observa que a disponibilidade interna de milho para a produção de aves e suínos é de, no máximo, 2,5 milhões de toneladas por ano. “Mas a demanda é de aproximadamente 7,5 milhões de toneladas por ano. Não temos mais área agricultável mecanizada disponível”, explica o vice-presidente da Faesc.

Outro aspecto é que o ramal ferroviário que ligaria Chapecó a Cascavel iria estimular a exportação da produção catarinense pelo Porto de Paranaguá, no Paraná, que já tem um trecho ferroviário em operação até Cascavel. “Aí as exportações catarinenses sairiam todas pelo Paraná. Então, cada Estado quer puxar a brasa para o seu assado”, avalia Barbieri.

Ele também cita as dificuldades de escoamento da produção de Chapecó e aos portos de Itajaí e Navegantes. A rodovia tem diversos pontos conflituosos, que fazem a viagem ficar extremamente lenta. “São mais de 500 quilômetros de pista simples, que passam por dezenas de cidades e têm, no mínimo, mais de 100 controladores de velocidade e mais de 100 quebra-molas. Isso faz com que a velocidade média não passe de 40 quilômetros por hora.”

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GRÁFICOS

Para o vice-presidente da Faesc, a falta de infraestrutura logística para fazer com que a produção chegue aos portos e que os insumos cheguem ao produtor é o principal entrave para o agro catarinense. “É o que está nos tirando o sono e afetando a competitividade da agroindústria catarinense. Estamos no limite”, conclui ele.

Ari Rabaiolli, presidente da Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina (Fetrancesc), explica que o conjunto de cavalo e carreta semirreboque de 25 toneladas tem um custo fixo em torno de R$ 100 por hora. “Nessa conta entram honorários do motorista, óleo diesel, desgaste de pneus, sistema de freio e outros”, afirma.

Em 2011, o governo federal iniciou o processo para duplicação de 73 quilômetros da BR-470, entre Indaial e Navegantes, onde fica o acesso aos dois principais portos. O projeto também prevê a concessão à iniciativa privada de todo o trecho da rodovia em Santa Catarina. Mas as obras começaram de fato apenas em 2013. E hoje, quase nove anos depois, apenas10 quilômetros foram duplicados.

“Mesmo considerando os 73 quilômetros, ainda é um trecho muito curto diante da extensão total da BR-470 em nosso Estado. A partir de Indaial até o oeste do Estado, sequer há projeto para duplicação dessa rodovia”, lamenta o presidente da Fetrancesc. “Santa Catarina vem arrecadando muito em favor do governo federal e recebendo um percentual muito pequeno em contrapartida para nossa infraestrutura rodoviária”, diz.

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Source: Rural

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