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O dólar deu um salto nesta quinta-feira (24/02), na maior alta percentual diária em mais de cinco meses, com investidores repercutindo a disparada da aversão a risco após a Rússia invadir a Ucrânia, mas a turbulência amenizou no decorrer da tarde, o que permitiu que a moeda norte-americana fechasse a alguma distância das máximas da sessão.

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Notas de dólares (Foto: Reuters//Yuriko Nakao)

 

A relativa melhora ocorreu após o presidente dos EUA, Joe Biden, dizer que o ataque militar da Rússia à Ucrânia está se desenrolando em grande parte como as autoridades dos EUA haviam previsto.

"É o início do choque Rússia-Ucrânia, mas, em termos de reação de preços e funcionamento do mercado, os mercados financeiros têm lidado relativamente bem com o que muitos consideram um 'risco de cauda'", comentou em postagem Mohamed El-Erian, conselheiro na Allianz com passagem pela PIMCO, uma das maiores gestores globais de recursos.

De toda forma, o dólar ainda registrou forte alta. A moeda norte-americana negociada no mercado interbancário subiu 2,03%, a 5,1049 reais na venda. É a maior valorização desde o rali de 2,84% de 8 de setembro do ano passado.

No pico do dia, o dólar disparou 3,23%, a 5,165 reais. Na mínima, ainda subiu 0,62%, para 5,0342 reais. Na véspera, a cotação chegou a descer à casa de 4,99 reais.

Uma medida da percepção de incerteza sobre os rumos da taxa de câmbio teve forte elevação, com a volatilidade implícita nas opções de dólar/real para um mês indo a um pico de 17,21% ao ano, de 15,017% do fechamento anterior, na máxima desde novembro do ano passado, antes de deixar os maiores patamares do dia.

Em outro sinal de maior busca por dólar no Brasil, uma medida da demanda do investidor por opções de compra ("calls") de dólar em relação à procura por opções de venda ("puts"), ambas para um mês, chegou a 2,1, máxima desde 14 de julho passado. No decorrer do dia, a demanda por "calls" perdeu força, o que trouxe a medida de volta a 1,53, ainda assim muito acima de mínimas recentes.

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A forte volatilidade obrigou investidores a rever posições em massa, o que empurrou o volume de contratos negociados no mercado de dólar futuro ao maior número em cinco meses. Movimentações acompanhadas de fortes giros costumam indicar mudanças estruturais de posicionamento, o que poderia significar, na situação atual, maior demanda por dólar nos próximos dias.

A alta do dólar no Brasil espelhou os ganhos da moeda ante todo o complexo de divisas emergentes. Um índice do JPMorgan para esse grupo de ativos caía 1,8% no fim da tarde, maior queda desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020.

Esse índice tem 8,33% de sua composição em rublo russo, que caía 5% nesta tarde, mais uma vez o pior desempenho global e atingindo mínimas recordes, com investidores avaliando novas sanções do Ocidente contra a Rússia.

Forças ucranianas enfrentaram invasores russos em três frentes nesta quinta-feira, depois que Moscou organizou incursões por terra, mar e ar, no maior ataque a um Estado europeu desde a Segunda Guerra Mundial que levou dezenas de milhares de pessoas a fugir de suas casas.

"Este é um ataque premeditado", disse o presidente dos EUA, Joe Biden, a repórteres na Casa Branca, ao revelar novas e severas sanções coordenadas com aliados. "Putin é o agressor. Putin escolheu esta guerra. E agora ele e seu país vão arcar com as consequências", completou o presidente norte-americano.

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Analistas avaliam que o dólar pode se sair vencedor nesse contexto.

"O dólar dos EUA é uma moeda 'porto seguro' que tende a se recuperar durante períodos de maior incerteza geopolítica ou sentimento de 'risco' nos mercados financeiros", disse o UBS em nota.

"Além disso, acreditamos que as expectativas do mercado de seis ou sete aumentos nas taxas de juros norte-americanas provavelmente sustentarão o dólar norte-americano nos próximos meses. Como tal, vemos o dólar como uma posição cambial tática atraente no momento", acrescentou o banco.

O UBS ponderou, contudo, que as commodities, que estão em alta, podem servir como "hedge" (proteção) geopolítico. A alta das matérias-primas tem sido citada como fator preponderante para o bom desempenho dos mercados brasileiros neste começo de ano.

O principal índice das ações brasileiras, com forte peso de empresas de commodities, reduzia as perdas no dia para 0,7%, longe da queda de 2,57% de mais cedo.

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Source: Rural

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