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A produção de peixes de cultivo (tilápia, peixes nativos e outras espécies) no Brasil cresceu 4,7% em 2021, somando 841.005 toneladas, e movimentou R$ 8 bilhões, segundo levantamento da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) divulgado nesta terça-feira (22/2).

Embora seja o maior crescimento entre proteínas animais (lembrando que o consumo de peixe ainda é muito baixo no país, com menos de 5 kg per capita ao ano), o ritmo de alta foi menor que o de 2020, quando houve avanço de 5,93%. Desde 2014, quando a entidade passou a apurar os dados, o crescimento do setor foi de 46%, uma média de 5,6% ao ano.

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Tilápia é a principal espécie criada de peixe no Brasil (Foto: Shutterstock)

 

O presidente-executivo da PeixeBR, Francisco Medeiros, explicou que, além dos efeitos da pandemia da Covid-19 e do aumento de custos da atividade devido à alta dos insumos, houve uma redução da comercialização da proteína no último trimestre do ano passado. Um dos motivos foi o que chamou de "fake news da urina preta". Segundo ele, a situação atingiu, principalmente, o mercado de peixes nativos, liderado pelo tambaqui, no Nordeste, Norte e Centro-Oeste.

Embora pouco estudados, casos da doença, chamada de Síndrome de Haff, foram relatados no Amazonas, Bahia, Ceará e Pará. A doença que deixa a urina escura provoca dores musculares e insuficiência renal após o consumo de peixes, como tambaqui, e crustáceos como a lagosta, lagostim e camarão.

A queda na produção de peixes nativos chegou a 5,9%, fechando o ano em 262.170 toneladas ou 31,2% do total. Foi o único setor com redução. Os volumes produzidos anualmente se concentram nas regiões Norte (143.850 toneladas ou  57% do total), Nordeste (20,5%) e Centro-Oeste (19%).

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Já o cultivo de tilápia segue em plena expansão, teve um aumento de quase 10%, chegando a 534 mil toneladas e já representa 63,5% do total de peixe produzido no Brasil. As outras espécies, que incluem carpas, trutas e o pangasius (ou panga), foram responsáveis por 5,3% do total produzido em 2021, atingindo 44.585 toneladas ou 17% a mais sobre o resultado do ano anterior.

O Paraná permanece como o maior produtor, com 188 mil toneladas, sendo 182 mil só de tilápias, seguido por São Paulo, Rondônia, Santa Catarina e Minas Gerais.

Segundo a PeixeBR, as exportações também tiveram forte crescimento em 2021, com 78%, especialmente no primeiro semestre. “Os levantamentos iniciais deste ano já nos permitem fazer uma previsão de aumento de mais de 100% nas exportações neste semestre”, diz Medeiros.

Desafios

Valdemir Paulino dos Santos, presidente do Conselho de Administração da Peixe-BR e superintendente da Copacol, destacou que o setor tem muitos desafios, entre eles ser mais competitivo em relação às outras proteínas no mercado interno. “O desembolso para o pescado ainda é muito grande. Temos que crescer também nas classes C e D e não ficar restrito ao consumo das classes A e B.”

Para o presidente-executivo Francisco Medeiros, a comercialização do pescado é a única fase da cadeia produtiva que ainda precisa de mais tecnologia. “A piscicultura brasileira tem apenas dez anos, mas é extremamente profissional e uma das mais tecnificadas do mundo em sanidade, ração, genética, equipamentos e processamento na indústria, mas perde na hora da comercialização.”

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Outra questão que preocupa o setor, segundo Medeiros, é o licenciamento ambiental, que passou de competência da União para os Estados em 2011. “A maioria dos produtores é de pequeno porte e não tem regularização ambiental. Por isso, não podem pedir crédito. Falta segurança jurídica. É imperioso que os governos estaduais olhem com muita atenção para esse fator, essencial para o cultivo dos peixes nativos voltar a crescer”, disse o dirigente citando que Rondônia, por exemplo, aprovou no ano passado a lei mais rígida do país, exigindo estudo de impactos ambientais dos pequenos, médios e grandes produtores.

Diferença nas estatíaticas é outra questão que desafia o setor. Como a informalidade atingie a maior parte dos produtores, diz o executivo, os númerdos levantados pela PeixeBR – com seus associados – diferente dos apresentados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – que faz a pesquisa com as prefeituras. “Para se ter uma ideia, só uma empresa do Mato Grosso do Sul tem uma produção maior do que a relatada pelo IBGE para todo o Estado.”

Pelos dados da entidade, o cultivo de peixe envolve mais de 1 milhão de produtores e gera cerca de 1 milhão de empregos diretos e outros 2 milhões indiretos.
Source: Rural

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