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A virada do calendário-safra da cana-de-açúcar, em primeiro de abril, deve representar um novo momento para a Cocal. A partir do ciclo 2022/2023, a usina do interior paulista deve reforçar a sua atuação no segmento de biogás e biometano, integrando cada vez mais essa fonte de energia não apenas em sua infraestrutura, mas também nos negócios.

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Trator a biometano em teste na Cocal. Usina quer reforçar a participação no mercado do gás (Foto: Divulgação/Cocal)

 

Na safra 2021/2022, as unidades sucroenergéticas da empresa, em Paraguaçu Paulista (SP) e Narandiba (SP), além da Cocal Termelétrica, registraram um lucro de R$ 149,81 bilhões, 6% a mais que na temporada anterior. Os negócios com biogás e biometano, no entanto, não entraram nessa conta.

O plano é integrar o segmento ao balanço. Os investimentos já feitos pela empresa no biogás e no biometano somam R$ 150 milhões na instalação de unidades de biogás e em uma termelétrica de 5 megawatts (MW). Toda essa estrutura ocupa uma área de 20 hectares.

“Visitei projetos na Alemanha e constatei que nossa planta é 24 vezes maior que a média das plantas de lá, onde a tecnologia está bem desenvolvida. Somos hoje a maior unidade de produção de biometano do Brasil", diz André Gustavo Silva, diretor comercial e de novos produtos da Cocal.

A capacidade máxima da produção da Cocal é de 33 mil MWh de energia por ano e 8,9 milhões de m³ de biometano na safra ou 24 mil m³ por. Apesar disso, o total produzido, atualmente, seria insuficiente para abastecer toda a frota da usina, composta por um terço de tratores (283 unidades de 110 a 400 cv), um terço de colhedoras e um terço em caminhões. A intenção é ampliar essa produção a partir de abril, na medida que a tecnologia evolua.

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Atualmente, o biometano só abastece os equipamentos em teste na usina, que são um trator movido a biometano, um trator dual fuel, um caminhão, um veículo Gol e uma motobomba. A Cocal, no entanto, tem um contrato com a GasBrasiliano para oferecer o gás a partir de julho para empresas do interior paulista que tiverem interesse em substituir o combustível fóssil por um combustível verde. A primeira cliente é a indústria de nutrição animal YesSinergy, de Lucélia (SP), que deve consumir 5 mil metros cúbicos diários.

A tecnologia aplicada na estrutura em Narandiba veio da empresa Geo Biogás, do Paraná, e permite a produção do biometano durante todo o ano, mesmo na entressafra, com a estocagem da torta de filtro em silos. A aposta da empresa no segmento vai ao encontro da tendência de expansão no Brasil. De acordo com Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), o país tem cerca de 500 plantas de biogás em diversos níveis tecnológicos e apenas 10 de biometano.

Conforme a entidade, o Brasil tem um potencial de geração de 121 milhões de metros cúbicos por dia, mas isso é pouco aproveitado de maneira eficiente. Na visão da entidade, a agropecuária tem papel fundamental para mudar esse quadro, respondendo por 90% do que se poderia gerar desse tipo de energia no país.

Segundo o diretor de novos produtos da Cocal, se as usinas de açúcar e etanol apenas de São Paulo transformassem seus resíduos em biometano, seria possível substituir 85% do diesel usado no Estado. “O biometano é um caminho sem volta. A pergunta é quando vai acontecer. É a nova onda.”
Source: Rural

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